Até quando a segurança avançada de smartphones como o iPhone da Apple deve ser respeitada? Essa dúvida surgiu principalmente na semana passada, quando a empresa israelense Cellebrite esteve envolvida no caso de desbloqueio do iPhone 5c do atirador de San Bernardino para obter dados e informações que poderiam ajudar na investigação.
Segundo Jeremy Nazarian, chefe de marketing da Cellebrite, esse foi um caso de segurança pública. Mas o que isso pode acarretar?
Outra empresa, a Grayshift, também já está envolvida na polêmica, agora que afirmou que teria um mecanismo capaz de desbloquear qualquer iPhone, independente da versão o iOS. Até o momento não sabíamos exatamente como isso era feito, mas algumas fotos e informações acerca do procedimento começaram a ser revelados. E tudo acontece com uma pequena caixa.
Caixa preta
O nome da pequena caixa é GrayKey, e ela é capaz de desbloquear dois iPhones ao mesmo tempo. Através dos cabos frontais, os aparelhos são conectados a caixa e vítimas de um processo de jailbreak para que o software malicioso seja instalado. O processo é rápido, cerca de 2 minutos.
Após a instalação do software, desconecta-se o iPhone da GrayKey e ele então começa o processo para descobrir o código de acesso. A depender da complexidade do código isso pode ser mais demorado, indo de duas horas a até mesmo três dias.
A terceira etapa acontece quando esse código é descoberto, então conecta-se o iPhone novamente na GreyKey e dessa forma é possível fazer o download de todos os arquivos e dados do aparelho para um computador.
Venda perigosa
Um dos grandes problemas relacionados a esse caso é que a Greyshift não faz o desbloqueio de aparelhos enviados a empresa, ao invés disso ela simplesmente vende as caixas para organizações interessadas. Na teoria essas organizações seriam apenas relacionadas ao governo ou agências de inteligência, mas qual é a garantia de que na prática isso não acabe se tornando um pouco mais abrangente?
Existem duas versões da caixa. Uma custando US$15 mil, capaz de desbloquear até 300 iPhones e com a necessidade de uma conexão a internet para tal, e outra custando US$30 mil e que não tem limite de quantos aparelhos podem ser desbloqueados e não precisa de qualquer tipo de conexão com internet. A primeira caixa não pode ser utilizada em outro local a não ser o que foi instalada, a segunda caixa não conta com essa segurança, e esse é o problema
Isso quer dizer que o único sistema de segurança que ela possui é uma autenticação de dois fatores, mas assim como qualquer tipo de segurança digital, ela pode ser hackeada caso necessário. Ou seja, se a caixa cair em mãos “erradas”, pode acabar se tornando um problema.
Essa situação traria, entretanto, um outro ponto de vista. Caso a GreyKey acabe se tornando mais “fácil de ser disponibilizada”, a Apple poderia colocar as mãos na caixa e assim conhecer o sistema por completo para conseguir proteger seus aparelhos contra ele. Essa porém não é uma certeza, não há como saber quanto tempo isso levaria para acontecer ou se realmente seria possível.
Enquanto isso, a empresa também precisa focar nas falhas encontradas no iOS 11, como mostramos aqui.
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