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Lançado há mais de 13 anos, Mass Effect foi um dos hits da BioWare, desenvolvedora que continuaria a produzir RPGs de ficção científica e fantasia desde então. O primeiro game explora viagens no tempo e espaço, te colocando à frente de uma equipe militar em uma luta contra a extinção, onde qualquer escolha feita pelo jogador tem impacto no seu saldo final. Pouco depois, tivemos as aclamadas sequências de 2010 e 2012 – arco que se conclui com um desfecho polêmico.
Mass Effect Legendary Edition chegou neste mês como compilado remasterizado da trilogia, concluída há quase uma década, unindo as expansões dos jogos em um pacote único. É o modelo perfeito para quem quer reviver esta aventura de tiro em terceira pessoa e serve como porta de entrada para o jogador que passou uma “geração inteira” de consoles esperando por um remaster.
De mudanças sutis de visual a viagens rápidas no elevador, pudemos conferir este game e te contamos aqui neste review nossa experiência com Mass Effect Legendary Edition. Lembrando que todas as imagens abaixo foram capturadas por mim, sem edições, no Xbox Series X. A cópia do jogo foi fornecida pela EA para o review.
O que muda em Mass Effect Legendary Edition?
Mass Effect Legendary Edition se resume em: a trilogia, agora em 4K. Do ponto de vista de gráficos, é nítido como há a presença marcada da atmosfera tradicional de games dos anos 2000. Este não é um remake como Resident Evil ou Final Fantasy, mas vemos detalhes sutis de iluminação que tornam tudo mais palpável. O flare cinematográfico funciona “de verdade” e os reflexos da Normandy estão mais realistas. Há certas novidades na decoração de ambientes também, incluindo reposicionamento de objetos e texturas retrabalhadas. Uma salva de palmas merecida para a BioWare.
Curioso que Mass Effect Legendary Edition funciona como um launcher para os jogos. Para cada um dos games temos cerca de 20, 30 e 40 GB, respectivamente. Ao baixar a versão digital de Legendary Edition no Series X, notei a opção de instalar ou desinstalar qualquer um dos três a qualquer hora. Esta seleção no menu, funcionando como se fosse uma própria expansão, foi algo prático e projetado para quem quiser ter liberdade de escolha de qual jogar – e oferece melhor controle sobre o armazenamento do dispositivo instalado.
Tratando-se de um trio que soma mais de 120 horas de duração, pelo fato de eu ter jogado (parcialmente) os games antes desta reedição, na data de publicação deste texto ainda estarei aproveitando a jornada de Mass Effect Legendary Edition em busca de terminar todas as histórias. Neste review o foco são as mudanças de cada jogo e, ao final, temos uma discussão sobre a compilação valer ou não a pena para gamers de primeira viagem. Minhas primeiras impressões (com uma dezena de horas in game) foram divididas entre os três jogos, contadas a seguir.
Mass Effect
A introdução nada convencional mostra o tom maduro que Mass Effect viria a ter, desde os primeiros minutos. Intrigas políticas, extensos diálogos e história nada linear são a fórmula para atiçar a curiosidade de quem se comprometer a mergulhar no primeiro título de Mass Effect Legendary Edition. É chocante como cada personagem tem profundidade/personalidade para convencer o jogador a investigar cada variável de diálogo, às vezes esbarrando com uma nova missão secundária.
No remaster temos uma sutil correção de cores e um melhor balanço, em geral. Animações corporais e expressões faciais não tiveram nenhuma correção, deixando claro que este é um jogo feito há mais de uma década. Em certas cenas temos inclusão de pontos de luz e até reposicionamento do sol para facilitar a visibilidade. O maior diferencial que se aplica também para os outros dois títulos é a rapidez do loading se comparado às duas últimas gerações: a viagem rápida entre localidades é consistente em levar uma média de três segundos.
De cara, vi a mudança de HUD (indicadores de vida, escudo e munição) como ótima melhoria. É indiscutível que o posicionamento e layout estava datado, então Mass Effect Legendary Edition fez bem em ter retrabalhado a distribuição de informações exibidas na tela. Ainda com a melhoria, você depende do cooldown da arma ao invés de precisar se preocupar com munição – prova de que “combate” não era o foco do primeiro game da trilogia.
A respeito de combate e gameplay, um padrão dentre os três títulos foi padronizar os comandos individuais de equipe. Aqui temos o que foi explorado nas sequências, com as setas direcionais (esquerda e direita) ordenando o posicionamento de cada membro da party em individual. Outra consistência de jogabilidade foi levar a versão feminina de Shepard do Mass Effect 3 para os dois primeiros. Por você poder importar seu visual do jogo anterior direto no Mass Effect Legendary Edition, a personalização ficará ainda melhor.
Vemos que quando uma desenvolvedora de jogos se propõe a relançar um game anos depois fazendo poucas alterações, muitos problemas podem persistir. Por mais que Mass Effect tivesse tudo a favor de elevá-lo como pioneiro no gênero, glitches e o sistema de cobertura ainda são um enorme inconveniente. Por sinal, também não há limitação de classes para manejar armas. O Mako (veículo) continua com problemas de direção, mas agora você sente melhor o “peso” a cada curva.
Quem tinha vontade de jogar o primeiro e via as falhas de gameplay datado como maior obstáculo, pode (e deve!) comemorar, pois o momento de jogar Mass Effect Legendary Edition pegando toda a história “do zero” é agora. Ele serve como grande incentivo para consagrar o primeiro jogo, deixando-o até acima dos outros dois. Novamente, nada chega aos pés do que um trabalho de remake com novo motor gráfico poderia alcançar, como vimos nos recentes Resident Evil e Final Fantasy, mas tudo serve como convite para você dar uma chance ao primeiro ME.
Mass Effect 2
O segundo game do Mass Effect Legendary Edition mostra como o Mass Effect 2 original “pegou emprestado” tudo o que foi fundamentado no primeiro. Hoje, no futuro, fica óbvio que o trabalho da BioWare foi muito menor no remaster. Em comparativos diretos de gameplay do original, as melhorias ainda existem, agora de forma sutil. Efeitos, texturas e tempo de loading estão mudados, mas dispensam aprofundamento.
A introdução sugere ser contada em formato de história em quadrinhos interativa, da Dark Horse, apresentando as escolhas feitas no primeiro jogo. Isso segue entre ME2 e ME3, por sinal. Boa parte das cutscenes são em tempo real, mas um contraste que temos aqui é quando elas são pré-renderizadas nos gráficos antigos. Sei que o aspecto de remaster obriga estes problemas, porém, o upscaling em 4K chega a falhar nestes momentos.
Por este ser considerado o responsável pela guinada mais carregada de ação na franquia, era de se esperar uma leve mudança nos comandos. Não há nada de tão drástico, mas nota-se como tudo está mais responsivo. Essa fluidez diferenciada é um dos pontos que notamos parcialmente nos outros dois jogos de Mass Effect Legendary Edition. Conversas no elevador, por exemplo, continuam como ponto para distração entre os membros da sua party, mas nesta versão do game há a possibilidade de pular estas seções – o que te faz perder papos engraçados e, em troca, te poupa de esperar pelo loading da nova área.
A grande novidade de puzzles mais criativos do que simples quick time events (ou seja, prompts de botões para apertar na hora certa) aumenta seu interesse pela exploração do universo. Mass Effect 2 apresenta tutoriais e métodos de recompensa de maneira superior ao primeiro, bem como objetivos secundários e colecionáveis. Ao final de cada etapa, você ainda conta com o sumário de missões para recapitular todo o seu progresso.
Um problema que permanece no remaster (e também está no primeiro, mas só percebi em ME2) é a roda de poderes, armas e ordens para sua party. Isso quebra o ritmo de jogo e poderia ser melhor remapeado nos comandos direcionais. Mais uma quebra de ritmo, que só foi arrumada no terceiro game, foi um mapa de rápido acesso. Pausar para selecionar a opção de mapa poderia ser resumido a um simples “segurar” do botão de pause.
Em geral, este e os outros jogos de Mass Effect Legendary Edition possuem melhor integração de acesso às DLCs. No ME2 encontrei um personagem recrutável nos primeiros minutos de jogo – um mero acaso em explorações de Citadel. Armas, por outro lado, estão espalhadas pelas lojas. Um último ponto de destaque para personalização digna de RPGs é a opção de importar trajes do Mass Effect 3, algo só possível neste combo-remaster.
Mass Effect 3
Dentre os três títulos inclusos no Mass Effect Legendary Edition, Mass Effect 3 é o único que eu conferi na íntegra, por completo, antes desta reedição. Um dos poucos jogos de Xbox 360 que tenho ainda guardado, na mesma pilha de outros pós-febre do Kinect. Comandos de voz eram novidade e, pensando que um RPG com escolhas tão vasto como Mass Effect 3 permitia essa tecnologia, sinto um pouco do efeito nostálgico que muitos terão com Legendary Edition.
Aqui temos mais evoluções dos outros dois. A guia de objetivos em espaço tridimensional, por exemplo, tornou-se uma normal nos RPGs lançados à época. Contudo, jogando os três ME em sequência, fica mais palpável que essa mudança demorou a acontecer na trilogia. Por isso, somado ao mapa colorido e com melhor explicação sobre pontos de interesse, a navegação neste game supera seus antecessores. Pensando que movimentação é um elemento essencial do gênero, tudo melhora neste título.
Por não haver mais elementos de multiplayer, sua pontuação de Galactic Readiness será baseada no progresso nos dois primeiros games. Este ponto acabou sendo a maior pulga atrás da orelha para quem jogou ME3 e soube que Legendary Edition eliminaria por completo o sistema multijogador. Pois bem, suas decisões nos antecessores afetará o resultado do terceiro. Isso implica também que você terá mais dificuldade de chegar a uma boa conclusão caso decida ignorá-los e começar direto pelo ME3.
Sugiro fortemente que eles sejam jogados na sequência, até porque há a importação de personagem para deixar o arco do protagonista mais aceitável. Para quem se pergunta sobre a conclusão polêmica de Mass Effect 3, que obrigava uma expansão para o “verdadeiro” final, em Mass Effect Legendary Edition temos a versão completa, sem custo adicional.
Mass Effect Legendary Edition vale a pena?
É inegável que a jogabilidade do primeiro Mass Effect não envelheceu muito bem. Exceto pela construção de um universo denso e personagens cativantes, somente fãs que estão dispostos a deixar engasgos mecânicos de lado puderam jogar novamente o original sem o maior problema. Para quem viveu a geração do Xbox 360/PS3, propostas desse tipo não eram comuns. Duas gerações depois, Mass Effect Legendary Edition reintroduz a trilogia clássica como ótima roupagem para quem queria um motivo a mais para jogar Mass Effect.
A remasterização está fiel e, com isso, temos seus pontos fortes e fracos. Muito foi consertado e muito ainda te relembra que é um jogo lançado há mais de 13 anos, por conta da jogabilidade truncada. Dentre os três, o primeiro jogo foi o mais polido em Legendary Edition, o que condiz com o que a BioWare afirmou ao longo de sua extensa divulgação deste pacote. ME2 e ME3 tiveram sutis mudanças, de fato. Porém, o primeiro jogo segue como motivo principal para você que pensa em adquirir a Legendary Edition.
Mass Effect Legendary Edition está disponível para Xbox One (otimizado para Series X/S), PlayStation 4 e PC (Origin e Steam) por cerca de R$300. A matemática mais óbvia resulta em um saldo positivo: pagar R$100 por jogo, acumulando mais de 120 horas no total, é algo raro de se encontrar no atual cenário da indústria. Se você é fã ou perdeu o “trem da hype” (e quer entender o que há de tão interessante em Mass Effect), não pense duas vezes e adquira-o já. Se você quiser reviver única e exclusivamente o primeiro game, vale a pena esperar por uma promoção.
E aí, gostou das mudanças de Mass Effect Legendary Edition? Qual dos três você mais quer jogar? Conte para a gente nos comentários abaixo! Não deixe de conferir Halcyon 6 também caso goste de jogos de estratégia espacial.
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