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Já conversou com uma amigo, por exemplo, sobre o novo tênis que você estava querendo comprar? E, quando foi checar suas redes, os anúncios eram exatamente sobre esse tênis? Tudo poderia ser apenas uma grande coincidência. Ou, talvez, quem sabe, parece-loucura-mas-não-vamos-ignorar-essa-possibilidade, seu celular estava te ouvindo mesmo no seu bolso.
Ou quando, por exemplo, você estava planejando uma viagem? Já conversei com um professor sobre uma viagem de ônibus para Belo Horizonte e, de repente, todos os anúncios que apareciam para mim eram de companhias de ônibus que faziam viagem de São Paulo para Minas Gerais. Teve até vez que mencionei certa amiga em uma conversa, falando que precisava retomar o contato. Quando checo meu feed de notícias no Facebook, encontro o perfil dela como sugestão de amizade.
O personagem Kenny, de Black Mirror, que foi espionado através de sua webcam
Essa ideia é uma daquelas teorias da conspiração que nos coloca em frente ao computador às 4 da manhã para aprendermos tudo sobre essa coisa intrigante, mas que não mencionamos com ninguém em voz alta. Isso porque, bem, podem achar que é loucura e que isso é paranoia. Mas será que meu celular estar ouvindo o que falo com as pessoas ao meu redor é tão loucura assim? Ou estou apenas sendo paranoica?
Bom, de acordo com a Vice estadunidense, isso não é coincidência. Muito menos é uma paranoia de quem já é formado em 4 temporadas de Black Mirror.
Meu celular está me ouvindo?
A Vice entrevistou o Dr. Peter Hannay, consultor sênior em cibersegurança da Asterisk e professor e pesquisador da universidade Edith Cowan University, para saber se seu smartphone realmente está te escutando, mesmo estando bloqueado dentro do seu bolso. E a resposta rápida é: sim. Mas não de um jeito tão Black Mirror quanto parece.
Para seu celular prestar atenção e, de fato, gravar sua voz, é necessário uma espécie de gatilho, como “Hey Siri” ou “Okay Google“. O conceito é que, sem qualquer um desses gatilhos, não há gravação, apenas algumas métricas sendo enviadas a sua agência telefônica.
O que, de fato, não parece nem um pouco perigoso. Mas quando olhamos para aplicativos como o Facebook, ninguém sabe qual é o gatilho para que ele comece a te gravar. Na verdade, o gatilho do Facebook para fazer gravações suas, poderia ser mais de milhares de palavras ou frases diferentes.
Em entrevista à Vice, o Dr. Hannay disse que “de tempo em tempo, pedaços de áudio são captados pelos servidores de aplicativos, mas não há nenhum entendimento oficial de quais são os gatilhos. Seja a hora, o local em que você está ou até o uso de certas funções, os aplicativos estão definitivamente usando a autorização que eles tem de usar o microfone do seu celular e captando áudio às vezes. Todas essas funções internas dos aplicativos enviam esses dados criptografados, então é muito difícil de ver qual é o gatilho exato.”
Hannay ainda continua dizendo que: “Eu, pessoalmente, presumo que outras empresas também estão fazendo isso. Não existe razão pela qual eles não estejam fazendo isso. Se você olhar pelo lado do marketing, faz mais sentido ainda. O acordo de condições de uso que assinamos sem nem ler permite que eles tenham acesso ao microfone, então a lei permite isso. Então, sim, eu presumo que outras empresas estão usando esse recurso, mas não há como ter certeza.“
Mas não é só coincidência?
Pensando nisso, o repórter da Vice, Sam Nichols, fez um teste. Duas vezes por dia durante cinco dias, ele tentou falar várias frases que seriam, teoricamente, gatilhos. Entre elas: “Estou pensando em voltar pra faculdade” e “eu preciso de umas camisetas baratas para trabalhar“.
Sam, então, passou a monitorar cautelosamente os anúncios que apareciam em seu Facebook para notar qualquer mudança. As mudanças, relata ele, vieram de um dia pro outro. Seus anúncios passaram a oferecer cursos que começavam no meio do ano e camisetas por preços bem baixos.
Sua conversa com um amigo sobre como ele estava quase sem franquia de internet fez com que promoções de 20GB de internet adicional aparecessem no Facebook. Embora fosse o que ele precisasse e ainda um bom negócio, é chocante pensar que, de fato, seu celular está te ouvindo.
E devemos nos preocupar?
E, mesmo com isso podendo ser usado contra nós, o Dr. Hannay acha que não há motivos para pessoas que não sejam jornalistas, advogados ou qualquer um com papel importante que envolva informações secretas, se preocupem. Isso porque oacesso aos seus dados só vai para anunciantes.
Se você é uma pessoa normal, conversando com seus amigos sobre uma viagem para outro país, é a mesma coisa como se os anunciantes pudessem dar uma olhada no seu histórico de navegação, o que já é divulgado quando você não usa uma guia anônima.
“Não é ideal, mas eu não acho que isso seja uma ameaça imediata a maioria das pessoas“, o pesquisador conclui. Mas e vocês, leitores? O que acham disso tudo? Se sentem vigiados demais? Ou acham cômodo as coisas que vocês procuram chegarem “magicamente” até vocês? Não deixem de nos dizer nos comentários!
Fonte: Vice
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