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Em 2014, Astro Teller, coordenador do laboratório de inovação do Google, o Google X, disse em uma palestra que a melhor tecnologia é aquela que se torna “invisível”. Essa invisibilidade é alcançada quando as coisas se tornam mais práticas ao usuário, mas podemos esticar essa definição e dizer que tecnologia invisível é a tecnologia do cotidiano, uma espécie de extensão da nossa vida. De uns anos para cá a conexão wireless, com a popularização dos dispositivos móveis elevou o tão querido Wi-Fi a esse posto.
Porém somente a tecnologia, por si só, não basta, é preciso extrair o máximo de performance dentro das possibilidades. O professor Ikujiro Nonaka, diz que em um mundo onde a única certeza é a incerteza, a única fonte segura de vantagem competitiva é o conhecimento. Essa briga natural no mercado, faz com que tecnologias que estamos familiarizados mude constantemente, e é sempre uma tarefa difícil (mas necessária) se manter inteirado.
Para fortalecer o seu conhecimento em redes Wi-Fi, algo tão presente em nossas vidas, preparamos algumas dicas para um melhor aproveitamento da conexão, segurança e gerenciamento de sua rede doméstica.
Quando devo fazer um upgrade na minha rede?
A nossa primeira dica começa com uma pergunta clássica. Determinar quando é necessário fazer um upgrade na rede é muito importante. O ponto de início é o roteador, ele é o intermediário entre a sua conexão e o dispositivo que receberá o sinal. Escolher um bom roteador é o alicerce da sua rede Wi-Fi.
Além desse controle da rede, a aquisição de um roteador amplo, em questão de recursos, cria mais possibilidades para o uso da rede. Entre esses recursos, o principal é qual a variante do protocolo 802.11 ele trabalha. O mais popular ainda é o 802.11n, que trabalha na faixa de 2,4 GHz. Mas atualmente, considerando a redução de preços, vale a pena adquirir um que seja dual-band. Assim você terá um roteador que lide tanto com o 802.11n quanto o 802.11ac, que passa para a faixa de 5 GHz.
Um roteador desse padrão, chamado AC, garante uma série de vantagens em relação ao N. O principal deles é a redução da interferência e o congestionamento causado por redes próximas à sua.
Rodrigo Paiva, gerente de produtos da D-Link, explica que hoje, bilhões de dispositivos operam na banda de 2,4 GHz e, como resultado, causam muita interferência com dispositivos próximos do tipo ISM. Em um esforço para impedir que isso ocorra, o espectro de 2,4 GHz é dividido em 11 “canais” (bandas pequenas). Em teoria, esses canais fornecem três faixas de frequência, cujos sinais nunca se sobrepõem. Ou, para colocar de outra forma, três dispositivos de 2,4 GHz usando três canais diferentes nunca devem interferir um no outro.
Com roteadores dual-band, que além dos 2,4 GHz operam também em 5 GHz, é possível utilizar a banda de frequência mais alta para aproveitar canais adicionais que são menos propensos a interferências do que em 2.4GHz. E com a vantagem de poder criar mais de uma rede sem fio usando o mesmo roteador. Por exemplo, rede Showmetech no espectro de 2,4 GHz, e outro ponto no espectro de 5 GHz. Isso permite que caso o seu smartphone ainda não tenha suporte ao protocolo 802.11ac você consiga continuar utilizando normalmente a rede, com o ponto de acesso via 2,4 GHz.
Felipe Appel, coordenador de produtos da TP-Link explica que em 2.4 GHz o sinal é capaz de chegar mais longe do que a de 5 GHz. Isso acontece por conta de uma característica básica das ondas, que se dispersam muito mais rápido em frequências mais altas. Então, se a sua maior preocupação for a cobertura, você deve optar pela 2.4GHz.
“Apesar da frequência de 5GHz ter alcance menor do que a de 2.4GHz, ela é capaz de transmitir mais dados por segundo porque é virtualmente livre de interferências. É possível, por exemplo, ter até 20 dispositivos de rede próximos operando na mesma frequência sem que haja perda de sinal ou velocidade de internet.”, completa Appel.
Alguns modelos chegam a ser Tri-Band, e trabalham em três faixas: uma de 2,4 GHz, e outras duas de 5 GHz. Mas nesse caso são produtos altamente específicos, para um público bem seleto.
Outros recursos do roteador para você ficar de olho!
Além da questão da possibilidade de lidar com mais de um protocolo, você também deve observar outros recursos especiais na hora de adquirir um novo roteador:
Multi-User Mimo (MU-MIMO): Essa tecnologia melhora a eficiência da transmissão de vários dispositivos conectados ao mesmo tempo, residências em que múltiplos usuários acessam serviços de streaming, por exemplo, o MU-MIMO é uma forma de o roteador atender a todos de forma universal, já que trabalha dividindo igualmente a entrega de dados aos devices conectados.
Infelizmente essa tecnologia é encontrada apenas em roteadores com preços bem salgados no Brasil, como o Archer AC5400 da TP-link.
QoS (Quality of Service): Caso você já compartilhe ou esteja pensando em compartilhar sua conexão com alguém, escolher um roteador com QoS pode ser uma mão na roda, já que você pode definir, por exemplo, limites de largura de banda, definindo o que é prioridade na rede. Caso você seja um alucinado por jogos online definindo uma banda maior para esse serviço fará com que se uma pessoa abra um vídeo isso não interfira na performance de transmissão do game, como no caso do Ping, que é determinante.
Beamforming: Aplicado em alguns roteadores do padrão 802.11ac, esse recurso deixa o roteador mais condensado. Em vez de manter a linha omnidirecional, o roteador trabalha para enfatizar que o dispositivo conectado receba melhor o sinal. Essa tecnologia já está sendo explorada há algum tempo por muitos fabricantes, até o Google lançou um roteador com beamforming, o OnHub.
Além do roteador, você pode investir em outros componentes para melhorar a recepção do sinal, ou até ampliar essa capacidade. O modo mais prático é adquirindo um repetidor wireless baseados em powerline – ele ficará acoplado numa tomada. Sua instalação e configuração é bem simples e é uma forma prática de tentar matar “pontos cegos” em que o sinal não está chegando.
Fortaleça sua segurança
Segurança atualmente é um tema meio utópico, por mais que continuemos aplicando e seguindo regras para melhorar esse aspecto, agências governamentais e empresas frequentemente bombam na mídia com suas artimanhas para bisbilhotar o usuário. Mas não tem jeito galera, não podemos abandonar nem que seja o pouco de privacidade que nos resta.
Redes wireless com múltiplios dispositivos conectados são um prato cheio para os cibercriminosos, ainda mais com uma leva gigantesca de pessoas que desconhecem parâmetros simples que devem ser aplicados.
Troque imediatamente o usuário e senha padrão do seu roteador
O primeiro deles é: troque o usuário e senha padrão do seu roteador. Botnets são criadas com cada vez mais força devido ao exército de “devices zumbis” que pontos básicos de segurança não são aplicados.
Com a popularização da internet das coisas, e cada vez mais dispositivos conectados à internet cria uma malha que caso o cibercriminoso se infiltre pode causar um belo estrago. Imagine uma residência “inteligente”, com vários aparelhos conectados a um mesmo roteador, que até pode ser bonito e cheio de recursos fabulosos, mas que foi mau configurado no aspecto da segurança. Ao invadir a rede não é só o roteador que fica refém, todos os outros gadgets e, por tabela, você e sua família também ficam!
Esconda o SSID
Nas configurações do roteador é possível “esconder o SSID (service set identifier), que é o nome que você atribui a sua rede. Com isso além da senha o espertinho que está pensando em invadir também terá que conhecer o nome de uma rede não listada de forma padrão. Já tive a oportunidade de conversar com alguns hackers e de forma quase unânime eles dizem que quando veem uma rede em que o nome está do modo padrão de fábrica que basicamente é o nome da marca e do roteador são os primeiros alvos em potencial. Então, caso você não queira ocultar o nome da rede, pelo menos não deixe da forma que veio de fábrica.
Escolha uma boa senha e use no modo WPA2
Ponto essencial para sua rede Wi-Fi: não deixe aberta, isto é, escolha uma senha pra ela. Mas, por favor não siga a onda dos preguiçosos, usando sequências como 1,2,3,4,5,6,7,8, abcdefg, entre outras sequências esdrúxulas. Crie uma senha, no mínimo, consistente.
De acordo com o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, na verdade, uma senha mais comprida acaba sendo mais eficiente que uma com a famosa combinação de letras maiúsculas, minusculas e caracteres especiais. No roteador, ao escolher o padrão de aplicação da senha vá de WPA2.
Utilize um antivírus
Essa é uma regra para segurança digital doméstica de modo geral. Embora muitas pessoas estejam rejeitando os antivírus atualmente, eles ainda são muito eficazes, principalmente com a evolução dos fabricantes que desenvolvem o software pensando em múltiplas camadas de segurança.
O Avast, por exemplo, na sua edição 2017 conta com o recurso “Verificador de Wi-Fi, que escaneia todos os dispositivos conectados e o próprio roteador, para detectar problemas. Essa feature é basicamente uma “consultoria digital” para a sua rede wi-fi. Recurso bem interessante!
Filtre quais endereços MACs podem se conectar à rede
Outra dica importante que pode ser realizada dentro das próprias configurações do roteador é aplicar um filtro de MAC. O Media Access Control é o endereço físico de um componente na rede. Seu smartphone, seu tablet, sua Smart TV, entre outros dispositivos contam com essa espécie de “chassi”, e é possível determinar quais podem acessar a rede.
Uma forma de conhecer o endereço MAC é com o app Advanced IP Scanner. Vamos comentar sobre ele logo abaixo.
Vigilante da rede
Vamos agora para a questão do gerenciamento. Nesse quesito quero indicar dois apps para funções bem específicas e importantes:
O primeiro deles é o Advanced IP Scanner, que escaneia a rede e mostra rapidamente informações sobre os dispositivos que estão conectados. É possível ter acesso ao endereço IP, MAC, entre outros detalhes.
O segundo app é o Wi-Fi Analyzer. Lembra quando comentamos acima sobre a questão da interferência causada pelas redes próximas também estarem operando em 2,4 GHz? Então, uma forma de mudar isso, sem ter que adquirir um roteador baseado em 802.11ac (5 GHz), é trocando o canal da rede Wi-Fi.
Esses canais são determinados pelo espectro, e alguns deles costumam ser muito utilizados, por sua eficiência constatada: 1,6,11. A troca para um canal fora dessa listinha é muito eficaz para regiões em que você está rodeado por outros pontos de acesso.
Essa mudança do canal também pode ser feita nas configurações do seu roteador, com base nos dados que o Wi-Fi Analyzer te fornece. Quanto mais afastado o canal que você escolher estiver das outras redes, melhor!
Vale reforçar que os roteadores baseados em 802.11ac, além de terem menos redes para criar congestionamentos oferece um número maior de canais disponíveis.
Vale a pena conferir este outro artigo em nosso site que trata somente dessa questão da troca do canal de uma rede wireless:
Esperemos que as dicas listadas aqui de alguma forma tenham sido úteis para você. Não perca mais tempo, e corre pra aplicar!
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