Em um relatório publicado nesta segunda-feira (1) a Gartner (líder mundial em pesquisas de mercado) aponta que o primeiro trimestre deste ano não foi fácil para as fabricantes de smartphones, com uma queda de 20,2% na venda de celulares ao redor do mundo quando comparado com o mesmo período do ano passado.
Segundo o relatório, praticamente todas as grandes empresas do setor viram seus negócios se retraírem, com a Huawei apresentando uma queda de 27,3% nas vendas, enquanto a Samsung viu sua venda de celulares cair 22,7%, a Oppo apresentou uma queda de 19,1% nas vendas e a Apple uma queda de 8,2%, enquanto as outras marcas menores ou com menos espaço no mercado mundial somaram um queda de 24,2% na venda de celulares.
A única exceção nesta queda geral foi a Xiaomi, que viu a venda de celulares crescer 1,4% no primeiro trimestre deste ano quando comparado ao ano passado. Esse saldo positivo foi uma surpresa para os analistas, e aconteceu devido a um aumento da presença internacional da marca em 2019, o que possibilitou que a queda das vendas da Xiaomi em território chinês fosse ofuscada por um aumento no número de smartphones vendidos em outros países.
O que explica a grande queda na venda de celulares
Não é difícil entender porque o mercado de smartphones apresentou uma queda tão grande neste primeiro trimestre, e o principal motivo que abalou não apenas este mercado específico, mas a economia mundial como um todo, tem nome: a pandemia de COVID-19.
No panorama geral, o mercado de smartphones já havia terminado o ano de 2019 em uma espécie de estagnação/início de queda, mas a expectativa era de que a chegada das redes 5G funcionassem como um catalisador para reaquecer as vendas, mas todas essas expectativas acabaram caindo por terra com o surgimento de uma pandemia.
De maneira mais direta, a pandemia afetou a possibilidade das pessoas comprarem um smartphone, já que diversas lojas foram obrigadas a fechar devido a ordens de quarentena e manutenção de distanciamento social, o que fez também com que muitas pessoas perdessem seus empregos. Ao mesmo tempo, este movimento de demissões também causou uma sensação de incerteza econômica mesmo entre aqueles que mantiveram seus salários, o que faz com que menos pessoas tenham interesse em comprar um aparelho novo caso não seja uma questão de necessidade.
Outra forma da pandemia ter influenciado no mercado foi através da ruptura de toda a cadeia de suprimentos. Como a China foi o primeiro país afetado, muitas empresas responsáveis por fabricar os componentes necessários para a montagem de smartphones ficaram inoperantes durante semanas, o que afetou de maneira direta a produção de praticamente todas as fabricantes do mundo.
De acordo com Anne Zimmermann, analista da Gartner, caso a pandemia de COVID-19 não tivesse atingido o mundo em 2020, neste período a Apple estaria comemorando um recorde histórico de vendas de iPhone no primeiro trimestre de um ano – pois todas as projeções apontavam para um aumento crescente das vendas da empresa – e não contabilizando uma queda de quase 10% em suas vendas.
E esta queda no mercado não deverá ser retomada tão cedo: empresas como a Samsung e a LG já avisaram que a economia deverá piorar ainda mais nos próximos meses, e o ex-consultor do FMI, Barry Einchengreen, já afirmou que não compactua do otimismo de quem acredita em uma retomada rápida dos mercados assim que a pandemia chegar ao fim, e que a retomada econômica deverá ser lenta e gradual.
Fonte: TechCrunch
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