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Os estúdios Universal e a rede de cinemas AMC firmaram um acordo que reduz a janela de exibição entre cinemas e plataformas digitais on demand (sob demanda) para apenas 17 dias. Até então, essa janela ficava entre 70 e 90 dias.
Essa janela de exibição é o tempo mínimo que um filme precisa ser exibido nos cinemas antes de ser disponibilizado em plataformas digitais, como iTunes, Netflix e Amazon Prime Video.
E não é exagero considerar que esse acordo entre a Universal e a AMC, que é a maior rede de cinemas dos EUA, abre precedentes para que outros estúdios grandes (Disney, Warner, Sony e Paramount) adotem iniciativas semelhantes.
“A associação com a AMC é impulsionada por nosso desejo mútuo de assegurar um futuro próspero para o ecossistema de distribuição de filmes e satisfazer a demanda dos consumidores.”
Donna Langley, diretora da Universal Filmed Entertainment Group.
Como esse acordo vai funcionar
Esse acordo entre as empresas é considerado histórico e pode ter um grande impacto no cenário da distribuição de filmes, tanto nos cinemas quanto nas plataformas digitais on demand, e até em mídias físicas e canais pagos.
Os detalhes financeiros não foram divulgados. O que se sabe é que a AMC vai receber parte dos ganhos com os vídeos on demand e que essa redução da janela de exibição não foi tão brusca quanto poderia ter sido.
É que vai funcionar assim: os lançamentos da Universal vão precisar ser exibidos por pelo menos três finais de semana, depois as versões digitais dos filmes estarão disponíveis para serem alugados ou comprados na plataforma on demand da AMC por US$20.
Segundo o diretor-executivo da AMC, Adam Aron, os primeiros três finais de semana após o lançamento de um filme é quando normalmente é gerada a maior parte da receita de bilheteria.
“A AMC abraça com entusiasmo este novo modelo de indústria, tanto porque estamos participando da totalidade da economia da nova estrutura, quanto porque o vídeo premium ‘à la carte’ cria o potencial agregado de aumentar a rentabilidade dos estúdios cinematográficos.”
Diretor-executivo da AMC, Adam Aron.
Normalmente, os títulos saem na faixa de US$3 a US$6 em outras plataformas desse tipo. Só que para os filmes serem disponibilizados a esse preço, ainda vai valer a janela antiga de exibição de 90 dias.
Apesar do acordo já ter sido firmado, é improvável que a Universal aplique essa nova janela de exibição para sequências de grandes franquias como Velozes e Furiosos e Jurassic Park, cujos rendimentos das bilheterias mundo afora chegam na casa dos bilhões de dólares.
Na prática, esse acordo garante aos estúdios Universal uma flexibilidade maior para trabalhar os lançamentos de títulos mais modestos. No caso desses, o público vai poder escolher onde querem assistí-los: na sala do cinema ou na sala de casa. E sem precisar esperar três meses para isso.
Ainda não se sabe, também, se esse novo modelo entre a Universal e a AMC vai ser expandido para outras regiões onde a rede de cinemas opera, como a Europa e o Oriente Médio.
Universal e AMC: uma relação complicada
O acordo entre os estúdios e a rede de cinemas surpreende, também, porque coloca um ponto final nas complicações da relação entre ambas nos últimos meses.
É que em abril, a Universal lançou “Trolls 2” direto nas plataformas digitais on demand. Essa decisão dos estúdios foi motivada pelo fato dos cinemas estarem fechados, por conta da pandemia do novo coronavírus.
A estimativa é que a Universal tenha arrecadado US$100 milhões com a sequência da animação. Esse resultado fez com que os estúdios considerassem adotar este novo modelo de lançar títulos nos cinemas e nas plataformas digitais simultaneamente.
Na época, o diretor-executivo da AMC considerou tudo isso como “inaceitável” e a rede chegou a ameaçar não exibir mais os filmes da Universal caso a tal janela de três meses não fosse respeitada.
As redes de cinema alegam que essa janela de exibição garante a sobrevivência deste modelo de negócios. Um período mais curto faria com que as pessoas sempre escolhessem assistir os filmes em casa, dizem.
Por conta da pandemia, grande parte dos cinemas do mundo todo seguem fechados. E ainda não se sabe como será a retomada das exibições dos lançamentos nas telonas.
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