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O segmento das TVs continua a evoluir significativamente, e as TVs 8K estão entre o que temos de mais avançado ultimamente em termos de resolução. No entanto, estes televisores estão sendo alvos de regulações pesadas da União Europeia. Isso porque, a partir de 1º de março de 2023, todos os aparelhos de televisão vendidos nos países do bloco ecoinômico deverão cumprir as normas estabelecidas no novo Índice de Eficiência Energético (EEI), que determina o consumo máximo de energia pelos dispositivos.
O grande problema é que, se olharmos para o mercado atual, nenhuma TV de resolução 8K e apenas algumas 4K conseguem cumprir os índices indicados pela nova norma. Dessa forma, elas devem deixar de serem vendidas em 27 países do continente, afetando ainda todo o mercado internacional. Além de telas 8K, serão afetadas ainda telas 4K com tecnologias OLED, microLED, QLED, QNED e QD-LED, e a LCD LED com local dimming.
A nova escala de energia da UE
A nova categoria energética para consumo de energia por displays eletrônicos (TVs, monitores ou qualquer dispositivo com tela) foi apresentado por membros da União Europeia em março do ano passado. A novidade chamou muito a atenção por implementar um regime de tolerância quase zero aos fabricantes.
Para se ter uma ideia, o índice máximo para displays com resolução até Full HD (na prática, 1.980 x 1.080 ou 2.138.400 pixels) não poderia ultrapassar um índice máximo de 0,90, enquanto modelos até 4K estavam limitados a um valor de 1,10. Na época, a metodologia e os critérios levados em consideração pelos legisladores que determinaram os limites atuais não foram revelados.
Anteriormente a nova determinação, TVs e outros displays com resoluções superiores a 2160p não estavam sujeitas às restrições de consumo impostas pelo novo EEI. No entanto, a partir de 2023, as coisas serão diferentes. A partir de 1º de março de 2023, nenhuma tela até Full HD vendida no Velho Mundo poderá ultrapassar um EEI máximo de 0,75, enquanto as acima desta resolução ficarão limitadas a 0,90, sem exceções desta vez.
A mudança nas diretrizes energéticas faz parte do que a Comissão Europeia está chamando de “ferramenta de emergência de eletricidade”, criada para lidar com a crise energética no continente. Entre outros fatores, a situação foi causada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, iniciada em fevereiro. O país russo, responsável por fornecer 40% do gás usado na Europa, cortou todo o abastecimento após o bloco europeu decidir apoiar o país ucraniano. Com isso, os preços do combustível subiram ainda mais, chegando a um aumento de 50% no ano.
O plano de economia de energia abrange outros aspectos em diversos países do continente. Na França, por exemplo, a Torre Eiffel está tendo sua iluminação desligada 1h15 antes do horário convencional, enquanto a avenida Champs-Élysées terá suas luzes apagadas três horas antes a partir de 15 de outubro. A ideia é economizar o máximo de energia possível, sem comprometer a vida dos cidadãos que ali vivem.
Mudança pode impactar mercado internacional
Segundo a 8K Association, uma organização da qual fazem parte empresas como a Samsung, Philips, Panasonic e Google, entre outras, a TVs 8K não “encaixam” no novo limite permitido pela escala de energia. Isso porque a resolução em televisões 8K é 4 vezes superior à das televisões 4K UHD e 16 vezes superior à das televisões Full HD. Uma resolução mais alta significa que há mais píxeis que compõem a tela, necessitando ‘puxar’ mais energia, consequentemente.
Alguns modelos atuais superam em 300% o máximo estabelecido pela nova norma. Isso significa que as fabricantes teriam que criar tecnologias novas e reformular toda a produção, o que certamente não pode ser feito a curto prazo. Indo além, mesmo que a mudança repentina pudesse ser realizada, não é viável, sob o ponto de vista financeiro, criar uma linha exclusiva para a UE e outra para o restante do mundo.
Sendo assim, estas mudanças irão afetar o mercado global, já que as empresas precisarão pensar em futuras gerações mais econômicas, o que será até benéfico do ponto de vista do consumo e sustentabilidade. Por outro lado, os planos para incentivar uma mais rápida adoção do 8K deverão ser freados, tanto do lado do hardware, com uma menor oferta até o consumo das telas se adequar às regras europeias, quanto do lado dos produtores de conteúdo.
Possíveis soluções
Até o momento, as fabricantes ainda não se pronunciaram sobre qual linha estratégica devem seguir a partir do ano que vem. Uma das possíveis soluções já levantadas por especialistas da área de tecnologia é a criação de uma espécie de “modo de imagem UE”, que seria definido por padrão nas TVs comercializadas na região. A solução, no entanto, é alvo de muitas críticas, sobretudo porque os europeus comprariam uma TV 8k ‘capada’, sem poder usufruir da qualidade de imagem.
Outra possibilidade é implementar um recurso semelhante ao “Tem alguém assistindo?”, da Netflix. A função, proposta pelo site especializado Digital Trends, solicitaria que os usuários clicassem em um botão no controle remoto a cada hora. Caso não realizassem a ação, o aparelho seria desligado. No entanto, ainda há dúvidas se tal recurso conseguiria ajudar de forma signifiticativa.
Sendo assim, só resta aguardar e acompanhar o que deve ser feito pelas fabricantes para se enquadrarem na nova determinação da União Europeia. Especialistas acreditam que é muito pouco provável que os legisladores voltem atrás e alterem as novas regras. A decisão, contudo, poderia ser adiada, a fim de dar mais tempo para a tomada de decisões.
Veja também:
A União Europeia tem trabalhado e causado um pouco de dor de cabeça nas companhias que por lá investem. Em outubro, foi anunciado que motores de combustão serão banidos até 2035. Entenda mais sobre o assunto.
Fonte: The Next Web.
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