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O polêmico bilionário Elon Musk finalmente encontrou alguém para assumir sua cadeira de chefe de operações do Twitter, posição que ele sempre disse ser temporária. Musk deixará o cargo daqui a seis semanas, assim que for ele for assumido por Linda Yaccarino, que deixará de ser a executiva principal por trás da publicidade na NBC Universal.
Muda o cargo, mas o rumo continua o mesmo
Não é novidade que Elon Musk, o bilionário sul-africano fundador da fabricante automotiva Tesla e da SpaceX e, por último, dono atual da plataforma de mídia social Twitter, adora estar sob os holofotes, seja de um modo positivo ou negativo. Agora, a razão de fazer as manchetes é de que está para deixar o cargo de CEO do Twitter após encontrar sua substituta.
O dono da empresa anunciou esta semana que encontrou alguém e que deixará a presidência do Twitter daqui a seis semanas, passando a assumir a posição de chefe de tecnologia e sistema de operações (SysOps), administração de produtos e software da empresa de tecnologia.
Demorou um pouco para ser revelado um nome da tal pessoa que iria esquentar sua tal cadeira, com fortes indícios vindos de Dylan Buyers, redator da Puck News, que ela seria Linda Yaccarino, atual executiva de publicidade da NBC Universal. O New York Times concordou com essa informação, visto que, segundo o jornal, Yaccarino tem estado “intensamente ocupada em treino” para apresentar algo diretamente a publicitários, e que já houveram conversas entre ela e o Twitter com relação à sua subida ao cargo de CEO.
Musk confirmou, agora há pouco, via tuíte, o apontamento de Yaccarino:
O nome de Yaccarino e a incerteza nas empresas de Musk
A boa relação de Yaccarino com Musk não é de hoje. Na ocasião de um anúncio da empresa que está para deixar para trás, em que a NBC Universal anunciou a expansão de parcerias mirando ampliar a cobertura dela dos Jogos Olímpicos de 2023, a futura CEO tuitou diretamente a Musk, sugerindo que ele trouxesse de volta o Periscope, aplicativo de streaming ao vivo para smartphones que foi comprado pelo Twitter em 2015 e eventualmente descontinuado em 2021. Yaccarino também o entrevistou pessoalmente em um evento de marketing digital em Miami em abril, o que deve ter deixado uma impressão positiva dela na cabeça do bilionário.
A quantidade de tempo cada vez maior que Musk passou a dedicar ao Twitter gerou muito burburinho em suas outras big techs, como a SpaceX, The Boring Company, Neuralink, entre outras do crescente leque do empresário. Em específico, na Testa, os investidores vêm insistindo para que Musk deixe o Twitter e passe a prestar mais atenção na empresa, vista a queda vertiginosa do preço de suas ações, de US$314 para os atuais US$101. Essa diminuição enorme no valor da Tesla a forçou a cortar o preço de seus veículos, o que obviamente acaba trazendo uma margem de lucro ainda menor para a fabricante de carros elétricos, no que a Verge chamou de uma guerra entre a Tesla e a competição cada vez maior na área.
Em novembro, Musk já tinha se mostrado inclinado a deixar o posto na rede social para focar na Tesla, dizendo, “espero reduzir seu tempo no Twitter e encontrar alguém para administrá-lo eventualmente” a fim de dedicar mais de sua atenção à problemática montadora.
No Twitter, desde a sua subida ao cargo de CEO, a situação vem sendo de ruim a pior. Com relação à publicidade, de longe a maior fonte de ganhos dela, a presença dele na empresa tem sido um verdadeiro pesadelo. Tanto que muitos dos contratos foram congelados, principalmente os que vêm da Omnicom Media Group, responsável por algumas das maiores marcas do mundo, como a Pepsi Co., McDonald’s e Apple. Tudo por causa da influência negativa de Musk nas políticas do Twitter, tanto pelas suas opiniões polêmicas sobre liberdade de expressão e as catastróficas mudanças no sistema de combate às fake news e de verificação de contas.
Ironicamente, em dezembro, Musk levou ao “público”, muitos dos quais provavelmente bots, contas automatizadas, a decisão de deixar ou não o cargo de CEO do Twitter. A teatralidade por parte dele não passou de uma cortina de fumaça para tentar esconder as então novas mudanças a proibição de links compartilhados para outras mídias sociais, decisão que ele acabou voltando atrás e revertendo após críticas ferrenhas do público. A tal enquete acabou recebendo milhões de respostas, e o tiro acabou saindo pela culatra, com mais de 57% dos 17,5 milhões de votos sugerindo a Musk pular fora do assento de chefe. Um soco e tanto ao seu inflado ego, certamente.
O imbróglio envolvendo o Twitter
Muito antes de Musk finalizar a compra do Twitter no ano passado, rasgando um cheque de 44 bilhões de dólares (!!) pela empresa e ao fazer isso, demitir em massa seus executivos, incluindo o presidente-executivo, diretor financeiro e o chefe de assuntos jurídicos e de políticas, a popular rede social já se encontrava em crise.
O bilionário já vinha há meses importunando-os a respeito das políticas da plataforma e do modo com o qual ela vinha tratando a manutenção de informações sobre contas. Isso sem falar em toda a confusão envolvendo fake news e a participação delas no processo eleitoral dos Estados Unidos, chegando até a banir a conta de diversas figuras influentes, como a do ex-presidente e também ricaço propenso a polêmicas, o topetudo Donald Trump.
O cocriador e cofundador do Twitter, Jack Dorsey, deixou a empresa no final de 2021 em meio a diversas controvérsias e investigações do governo dos EUA com relação às políticas de imunidade legal de grandes empresas de tecnologia sob a constituição atual do país. Com o substituto de Dorsey, Parag Agrawal, a situação já complicada da gigante da comunicação, que já estava em espiral descendente, continuou a piorar. Tal crise facilitou a aproximação de Musk e da eventual compra dela por ele.
Além de grande parte do quadro executivo da casa do passarinho azul, uma quantidade enorme de funcionários, programadores em sua maioria, também sofreram a ira do novo dono, perdendo seus empregos por causas nem um pouco justas, como criticá-lo, ou simplesmente mostrar opiniões minimamente contrárias à dele no modo com o qual elementos básicos da programação e da segurança da plataforma deviam ser conduzidos. Tais demissões levaram o Twitter a operar com uma equipe reduzida, o que causou a instabilidade do sistema, sem falar em inúmeros problemas de segurança.
Desde a compra por Musk, o Twitter tem estado em uma situação de caos incontrolável, cada semana (ou até dia, ou pior, hora) trazendo mudanças em funções básicas do site e aplicativo, dentre elas, em especial, o modo com o qual ela lida com contas verificadas e as opções de segurança atreladas não só a elas, mas também a de usuários comuns. Para esses, não há mais como ter verificação em duas etapas, o que, por resultado, as deixa ainda mais vulneráveis a invasões e roubo de identidade.
A gota d’água para muitos dos usuários foi a introdução de um serviço pago à plataforma, o Twitter Blue, que eventualmente substituiu a verificação feita por parte da equipe do Twitter, cujo intuito era garantir a identidade de pessoas de nota, empresas e instituições eram de fato as donas das contas. As regras para o tal selinho passaram por mudanças constantes, até que foi decidido que somente quem estiver pagando poderá mantê-lo – ou não.
Elon Musk diretamente influenciou a decisão por trás de quem ficaria com o selo mesmo sem pagar, dando-o a figuras de nota aparentemente, algumas que após a mudança do sistema de verificação, vieram a público negar que estavam pagando pelo serviço, como o astro do basquete na NBA pelo Los Angeles Lakers, Lebron James, e o mundialmente célebre autor de best sellers, Stephen King.
Pior ainda, ele passou a usar de sua influência para tirar a verificação de publicações como o jornal Wall Street Journal, cujas matérias dificilmente pintam a presença do bilionário sob uma luz positiva. Isso, além de tudo o que veio a ocorrer desde a compra da empresa por ele, vem causando um êxodo em massa de usuários para outras alternativas de rede social sob formato parecido com o do Twitter, como a BlueSky do ex-CEO Jack Dorsey, a Mastodon, e a Koo, a última, especialmente por brasileiros insatisfeitos com a situação atual da azulzinha.
Até a data de publicação desta matéria, os usuários que possuem o selo azul não estão especificados como assinantes do serviço ou meros felizardos da boa vontade de Musk, e algumas publicações continuam sem verificação. Ironicamente, portais como o Google passaram a oferecer um selo semelhante de verificação de usuários empresariais, que já aparece em e-mails enviados por eles, por exemplo.
Conclusão
É difícil dizer que a situação do Twitter melhorará sob a nova administração, visto que Elon Musk permanecerá como dono e CFO dela, ou seja, continua o responsável por toda a área financeira e de desenvolvimento da empresa. Do modo como ele a vem conduzindo até agora, qualquer passo em falso ou algo feito que simplesmente o desagrade, seja pela equipe ou pela própria nova CEO pode significar um abalo ainda mais forte para o já instável Twitter.
Musk já provou que não é alguém com estabilidade emocional suficiente para tocar uma empresa com tanto poder de influência de opinião como o Twitter. Uma mudança de peças num tabuleiro controlado por ele desde a tinta dos quadradinhos não traz nem um pouco de confiança para quem conta com a plataforma não só para se manter em dia com notícias do mundo ou só de amigos e familiares, mas também como ferramenta de trabalho. Só o tempo dirá o que está por vir, mesmo que historicamente não haja muita razão para ser otimista.
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Fontes: New York Times, Wikipedia [1] e [2], The Verge
Revisado por Glauco Vital em 12/5/23.
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