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Os brasileiros foram responsáveis, ao longo dos anos, por iniciar muitas empreitadas. Seja na área tecnológica, mas também em diversos outros setores, temos muitas produções criadas no nosso solo ou no exterior por pessoas que carregam em suas certidões a origem de nascimento (ou de naturalidade) no Brasil. Atento a isso, apresentamos uma lista contendo 12 tecnologias inventadas por brasileiros. Veja e descubra muitas curiosidades!
Abreugrafia
Inventor: Manoel Dias de Abreu (1891-1962)
Ano de criação: 1935
A tuberculose foi uma doença que atingiu gravemente muitas pessoas no início do século XX, causando epidemias em grandes cidades, como no Rio de Janeiro, por exemplo, nos anos 1920. Visando obter novas respostas e, posteriormente, na tentativa de controlar essa situação, o médico nascido em São Paulo, Manoel Dias de Abreu, após estudos na Europa, desenvolveu um novo método de realização de radiografias do pulmão que revolucionaria o diagnóstico e o tratamento da tuberculose.
A Abreugrafia — palavra composta em homenagem ao sobrenome de Abreu, mas também conhecida por Roentgenfluorografia (Alemanha), Fotorradioscopia (Espanha), Radiofotografia (França), Fotofluorografia (França e Suécia), Schermografia (Itália) e Microrradiografia (Portugal) — ajudou a identificar precocemente o diagnóstico da tuberculose. Esta tecnologia brasileira, desenvolvida em 1935, foi uma sofisticação dos métodos fotográficos, cujo resultado é obtido utilizando uma câmera fotográfica portátil com um filme comum.
Sendo assim, o método se tornava mais barato e rápido, além de ser pensado para uso em larga escala. Por conta desta invenção, Abreu foi indicado ao Prêmio Nobel por diversas vezes, apesar de nunca o vencer.
Avião
Inventor: Alberto Santos Dumont (1873-1932)
Ano de criação: 1906
Existe a contestação sobre quem, de fato, inventou o avião, com muitos dando o posto aos irmãos Orville e Willbur Wright, que fizeram, em 1903, com que o aparelho Flyer I alçasse voo. Contudo, o experimento dos irmãos necessitava de um meio externo para que saísse do chão; mais especificamente um tipo de catapulta que disparava o veículo através de trilhos.
Em 1906, fazendo uma revolução no ramo da aviação, Alberto Santos Dumont fez decolar, usando um motor à combustão e sem a ajuda de propulsores, o seu famoso 14-Bis — também chamado Oiseau de Proie (Ave de Rapina, traduzido do francês) —, que, com seus aproximados 260 kg, percorreu um voo de cerca de 220 metros em uma exibição pública no campo de Bagatelle, região central de Paris, França.
O seu pioneirismo o fez ser conhecido por toda a Europa como o inventor do avião, fazendo-o ganhar o Prêmio Archdeacon e o Prêmio do Aeroclube da França, além de ter contribuído no desenvolvimento de dirigíveis. Por considerar a invenção um bem mundial, Dumont nunca a patenteou.
Balão movido a ar quente (Aeróstato)
Inventor: Pe. Bartolomeu de Gusmão (1685-1724)
Ano de criação: 1709
Considerada a primeira invenção feita por um brasileiro, o Balão movido a ar quente foi criado pelo padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão. Nascido em Santos na época do Brasil Colonial, ele foi também um dos impulsionadores do transporte aéreo. Após observar o princípio de que o ar quente no interior de um objeto é mais leve que o presente no exterior, ele teve a ideia de tentar levitar um veículo. Muitas tentativas foram feitas até que o Padre pudesse apresentar a ideia, em agosto de 1709, à Corte do Rei Dom João V de Portugal.
Cinco experimentos que envolviam balões de tamanhos variados e uma chama de fogo acesa embaixo foram demonstrados nesta oportunidade, levitando-os a até quatro metros de altura e constatado por grandes personalidades da época, com o Rei e o futuro Papa Inocêncio XIII. Contudo, de imediato a tecnologia brasileira, chamada de “Passarola”, não foi levada adiante, tanto pelo questionamento de sua utilidade, quanto pela impossibilidade de controlá-la. Com o passar dos anos, a ideia original foi reformulada e tornou-se o que conhecemos hoje.
Câmbio automático por fluído hidráulico
Inventor: José Braz Araripe (1899-1972) e Fernando Lehly Lemos (?)
Ano de criação: 1932
Outra invenção brasileira é a do câmbio automático, também conhecida como transmissão automática, responsável por mudar a marcha de um automóvel sem a necessidade de uso do pedal de embreagem, de acordo com a velocidade e inclinação da pista.
Os engenheiros José Braz Araripe (tio de Paulo Coelho) e Fernando Lehly Lemos criaram o protótipo e o projeto do sistema de troca de marchas por fluído hidráulico em 1932. Logo depois, venderam-no por 10 mil dólares à General Motors (GM), que, por fim, lançou o primeiro carro hidramático (Hydra-matic drive), o Oldsmobile, anos depois nos Estados Unidos.
Cartão telefônico indutivo
Inventor: Nélson Guilherme Bardini (1935)
Ano de criação: 1978
O cartão telefônico, conhecido pelos mais velhos em tempos de orelhões e de ligações a cobrar, foi muito útil por tornar mais simples a realização de chamadas telefônicas fora de casa através do uso de um cartão. Ela viria a substituir as antigas moedas e fichas eletrônicas que eram usadas para o mesmo fim.
A invenção do Cartão Telefônico do tipo indutivo é fruto do brasileiro Nelson Guilherme Bardini, que contou com a ajuda financeira de Dalson Artacho para torná-la possível. Feito de PVC e contendo um circuito elétrico ligado a superfícies metálicas, o Cartão Telefônico indutivo armazena os créditos para que sejam utilizados nas ligações telefônicas realizadas em orelhões.
Apesar de ter se espalhado pelo mundo pouco após a sua criação, em 1978, o Cartão Telefônico indutivo só foi implementado no Brasil em 1992 (duas décadas após o lançamento dos primeiros orelhões nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, no início de 1972). Este fato se deu por conta da Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento), evento que dialogou sobre o crescimento sustentável, o equilíbrio ecológico e um modelo de desenvolvimento econômico menos consumista.
Cinema 3D
Inventor: Sebastião Comparato (?)
Ano de criação: 1934
O ítalo-brasileiro Sebastião Comparato foi o responsável por criar o que seria a base para impulsionar o desenvolvimento do cinema em 3D. Seu projeto consistia em um equipamento que poderia ser adaptado a projetores comuns ou a uma tela especial. Funcionava assim: com uma imagem projetada sendo refletida por um espelho, dava-se a sensação de que a figura gerada estava sendo criada em um espaço vazio.
Após apresentar dois modelos de projetores em 3D no Rio de Janeiro em 1934, o cientista brasileiro — que também estudou medicina em São Paulo — chegou a receber diversos convites para aprimorar seu invento fora do país. Contudo, após recusá-las, com o tempo, as suas criações acabaram caindo no esquecimento.
Coração artificial
Inventor: Aron de Andrade (1974)
Ano de criação: 2000
Uma das maiores invenções da medicina moderna, o primeiro coração artificial foi elaborado no ano de 2000 pelo engenheiro mecânico de São Paulo Aron de Andrade, membro do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP).
A invenção brasileira consistia em um aparelho movido por um motor elétrico ligado ao coração natural e que dava um maior tempo de vida aos pacientes (principalmente àqueles mais sensíveis às medicações) até que estes pudessem receber um transplante do órgão.
Kinect
Inventor: Alex Kipman (1979)
Ano de criação: 2010
As câmeras dos videogames deram um salto quando do surgimento do Kinect: aparelho da Microsoft para o seu videogame de mesa, o XBOX 360, que interpreta os movimentos do usuário através de uma câmera ligada ao console. O projeto inicial — de autoria do engenheiro curitibano Alex Kipman — surgiu ainda no laboratório de incubação da empresa e ganhou o nome de Project Natal, em homenagem à capital do estado do Rio Grande do Norte.
O mundo pôde conhecer o aparelho Kinect durante a apresentação da Microsoft na E3 2010, que mostrava sua aplicação real através de usuários testando os games do jogo Kinect Adventures. A ideia de Kipman surgiu quando ele ainda era Diretor de projetos de incubação na Microsoft. Em meio a pensamentos e reflexões sobre o uso dependente de botões e controles em sistemas de videogames, veio a ideia de criar um sistema que unisse homem e máquina em comandos gestuais para sua interpretação, sem a necessidade de apertar botões.
Mesmo tendo sido descontinuada a sua produção no início de 2018, o Kinect revolucionou o mercado e daria vida às futuras tecnologias de FaceID em smartphones e até hoje pode ser considerada uma das grandes invenções brasileiras de todos os tempos.
Painel eletrônico de futebol
Inventor: Carlos Eduardo Lamboglia (?)
Ano de criação: 1996
Usado pela primeira vez na Copa do Mundo da França (1998), o Painel eletrônico de futebol — aquelas placas luminosas tão utilizadas pelas equipes de arbitragem nos jogos —, foi fruto da invenção de um brasileiro: o cearense Carlos Eduardo Lamboglia. Lamboglia patenteou a sua criação em 1997, um ano depois de tê-la criado — e um ano antes de ser utilizada pela primeira vez — tornando-se, assim, uma das tecnologias mais usadas nos jogos de futebol televisionados.
A ideia da criação de um Painel eletrônico de substituição surgiu quando Lamboglia percebeu a dificuldade dos árbitros em lidarem com as antigas placas de madeira nas partidas de futebol. Na época, o seu trabalho desenvolvendo uma placa luminosa de publicidade logo seria substituído por uma voltada ao auxílio dos árbitros. Lamboglia decidiu levar sua criação à Federação Cearense de Futebol (FCF), que, inicialmente, recusou, mas, logo depois, aceitou-a como uma doação.
Transmissão de voz humana sem fio (Radiotransmissão)
Inventor: Pe. Roberto Landell de Moura (1861-1928)
Ano de criação: 1893
Mesmo tendo a criação do rádio sido atribuída a outro inventor, foi o padre gaúcho Roberto Landell de Moura o responsável pela primeira transmissão de voz humana sem fio (rádio emissão), que aconteceu através de experimentos no início dos anos 1890. Anteriormente, o Padre Roberto Landell havia estudado com os Jesuítas de São Leopoldo/RS, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, no Colégio Pio Americano e na Universidade Gregoriana (em Roma).
O uso de ondas eletromagnéticas e modulação de som foi realizado publicamente pela primeira vez pelo Padre Landell na cidade de São Paulo, percorrendo uma distância de 8 km de extensão, que ia da Avenida Paulista até o bairro de Santana, no Colégio das Irmãs de São José (atual Colégio Santana). No mesmo ano, o padre expôs suas invenções: o Caleofono, o Teleauxiofono, o Anematófono, o Teletiton e o Edífon como invencões brasileiras.
Landell de Moura patenteou a sua invenção no Brasil e, logo depois, seguiu para os Estados Unidos, com o intuito de ter sucesso em sua empreitada. Lá, foi reconhecido pelo The Patent Office at Washington, em 1904, nas invenções de transmissor de ondas, telefone sem fio e telégrafo sem fio.
Por fim, ao voltar ao Brasil, o Landell acabou abandonando a sua invenção brasileira por não contar com a ajuda e investimento do governo, tampouco do público, para continuar.
Urna eletrônica
Inventor: Carlos Prudêncio (1943)
Ano de criação: 1988
Em 1988, na cidade de Brusque, Santa Catarina, o então juiz eleitoral do estado Carlos Prudêncio criou, junto a seu irmão — um empresário no ramo da informática —, o primeiro terminal eletrônico para votação.
A criação da urna eletrônica surgiu através da necessidade de se evitar a intervenção humana, bem como para eliminar a lentidão e possíveis fraudes, que era uma preocupação na época, conforme Prudêncio relata em entrevista. Logo após a sua criação, a Urna Eletrônica foi usada em caráter experimental na cidade, mas só foi utilizada de maneira oficial em 1995. No ano seguinte, ela se espalhou para outros municípios — ainda como testes — para ser melhorada e utilizada em todo o território nacional no ano de 2000.
Stereobelt (Reprodutor de áudio portátil)
Inventor: Andreas Pavel (1945)
Ano de criação: 1978
Nascido na Alemanha em 1945 e naturalizado no Brasil aos seis anos de idade, Andreas Pavel foi o responsável por inventar um aparelho conhecido como Stereobelt. Entre os anos de 1976 e 1978, o teuto-brasileiro criaria o gadget de som portátil precursor do Walkman, marcando o seu nome na história.
A ideia de reproduzir sons de forma remota e para ser ouvido através de fones de ouvido veio de Pavel, que tinha o sonho de levar a acústica perfeita que possuía em sua casa para qualquer lugar que fosse. Sendo assim, ele registrou a patente do Stereobelt — uma tecnologia brasileira portátil capaz de reproduzir fitas K7 — em 5 de outubro de 1978.
A seguir, o cientista brasileiro Andreas Pavel mostrou o seu experimento a empresas como Sony e Brionvega, tendo a primeira recusado a oferta de Pavel para depois lançar, sem sua autorização, um aparelho muito similar ao seu invento, chamado Walkman. Além disso, o aparelho da Sony ainda eliminaria as chances de lançamento do Stereobelt pela empresa italiana Briovenga por conta da competitividade.
Após passar 23 anos lutando contra a Sony na justiça pelos royalties e reconhecimento de sua invenção, o inventor brasileiro Andreas Pavel ganhou a causa e foi recompensado através de um acordo com a empresa e, como diz ser relatado, de alguns milhões de dólares.
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Fontes: Consumidor moderno, Terra, Jandaia, Galileu 1 | 2, UOL (Tilt) 1 | 2, Meu Positivo, Museu WEG, NovaBrasil FM, BBC, Facebook, Acervo de Chu Ming Silveira – orelhao.arq.br, Politize!, Wikipedia, Apostas Esportivas, Oi Futuro, TSE, NSC Total, Brusque Memória, Revista Galileu, Aventuras na História, Reparação Automotiva, Rádio Web UFPR, Superinteressante, ZALTRÃO, Claudia Josiani dos Santos – Sarmento.eng.br, Quero Bolsa, Colab, ND Mais, Genealogia Pernambucana
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (12/06/23)
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Faltou o inventor Nélio José Nicolai, inventor do primeiro identificador de chamadas (BINA).
Ficou de falar do brasileiro que inventou o identificador de chamada telefônica bina hoje está em todos os celulares do mundo ,morreu pobre por não conseguir tirar a patente