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A Netflix anunciou que, no segundo semestre desse ano, passará a exibir uma série de animação brasileira com o título Super Drags. No desenho, três homens se transformam em heroínas drag queen durante a noite. O conteúdo do desenho, entretanto, acabou gerando uma reação negativa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que deseja o cancelamento da série antes mesmo que ela vá ao ar.
Sobre a animação
A série chega como a primeira animação original da Netflix que foi produzida aqui no Brasil para a plataforma. Na trama central, temos 3 personagens principais que, durante o dia, são Patrick, Donny e Ramon, simples trabalhadores de uma loja de departamento. Porém, durante a noite, eles se transformam nas personagens Lemon Chiffon, Safira Cian e Scarlet Carmesin, três drag queens heroínas. Sua missão principal é reunir a comunidade LGBT e espalhar purpurina pelo mundo.
É possível perceber pela sinopse que a série será voltada para o conteúdo mais cômico e nela vão estar presentes várias gírias e expressões do universo LGBT, incluindo uma referência a um famoso meme que envolve a Pablo Vittar com a frase “Prepare-se, essas SUPER DRAGS vão longe demais”.
Entenda a polêmica
Super Drags foi anunciada no Netflix no final de maio, e já de cara o serviço de streaming anunciou que era uma produção voltada para o público adulto e não infantil. Mas isso não impediu que a Sociedade Brasileira de Pediatria entrasse no assunto para tentar impedir a exibição do desenho. De acordo com a SBP, não se pode “utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto”.
A reação da Sociedade foi dada após a publicação de um teaser trailer de apenas 27 segundos e a Combo Estudio, responsável pela animação, afirmou que só vai se pronunciar a respeito das críticas depois que a série já estiver no ar.
Resposta da Netflix
Já o serviço de streaming já se pronunciou sobre o caso. Segundo a Netflix, a série não estará disponível na plataforma Kids e que terá classificação indicativa, mesmo que ainda não saiba exatamente qual será, visto que ela ainda está em produção.
A empresa lembra ainda que existem duas formas para controlar o acesso de crianças a sua plataforma. A primeira é através do controle dos pais, que bloqueia com uma senha qualquer conteúdo que tenha classificação indicativa superior a idade do filho. E a segunda é o controle individual para títulos, onde os pais podem bloquear o acesso dos filhos para um título em específico caso deseje.
Por isso a plataforma sempre foi segura para o uso de crianças, segundo o porta voz da Netlfix. O produtor executivo da série, Marcelo Pereira, já havia divulgado um comunicado ressaltando a importância de conteúdo que estimulava a representatividade LGBT em plataformas de streaming e produções originais, já que elas alcançam muitas pessoa.
“Estamos muito felizes por começar essa parceria com a Netflix. Quando Nostradamus disse que o mundo seria salvo por super heroínas drag queens, ninguém acreditou, só a gente (…). Graças à Netflix podemos levar a animação brasileira e principalmente a representatividade LGBTQ para os 190 países que têm acesso ao serviço. E também já podemos (…) sonhar com um mundo onde os gays podem arrebentar os bandidos, e não o contrário. Obrigado, Netflix, por nos fazer acreditar” (Marcelo Pereira, produtor executivo da série).
Julgamento da SBP
A Sociedade, ainda assim, julga que a exibição do conteúdo por ser prejudicial na formação de crianças e adolescentes. Segundo Liubiana Arantes de Araújo, neurocientista e presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP, ao se colocar drag queens no papeis de heroínas, as crianças poderão ver isso como um modelo de comportamento. Ela afirma ainda que isso é preocupante porque não é possível banalizar o efeito de um desenho na mente das crianças. E que, mesmo sendo voltado para adultos, o fato de ser uma animação já aguça a curiosidade dos mais novos.
Na nota emitida pela Sociedade Brasileira de Pediatria, eles reiteram “seu compromisso com a liberdade de expressão e com a diversidade, mas apela à plataforma que cancele esse lançamento, como expressão de compromisso do desenvolvimento de futuras gerações.”
Válido ou inválido?
Mesmo com o apelo e com a nota emitida pela SBP, é provável que o título ainda seja emitido pela plataforma, diante da sua resposta. Ainda assim, ele abre espaço para uma discussão a respeito da resposta negativa. Super Drags não seria a primeira animação exibida pela plataforma que não é voltada para o público infantil, mas seria a primeira brasileira e onde a comunidade LGBT teria destaque principal.
Embora possa parecer legítima aos que concordam com a posição da Sociedade Brasileira de Pediatria, o mais provável é que ela acabe não se justificando. Isso porque além das opções de proteção parental já dadas pela Netflix para impedir o acesso de crianças a produção, o Termo de Uso da plataforma já deixa bem claro que seus usuários precisam ser maiores de 18 anos ou que tenham a supervisão de um adulto para usufruir o conteúdo do serviço.
Confira abaixo o teaser trailer de Super Drags, lançado na época do anúncio da série:
Fonte: oGlobo
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