Starship decola com sucesso, mas explode antes do final do voo

Após o lançamento adiado na segunda (17), a empresa de Elon Musk, SpaceX, realiza o lançamento do Starship, seu maior foguete já construído. A saída da nave, agendada para às 9h28 no estado de Texas (EUA), que corresponde às 10h28 no horário de Brasília, aconteceu instantes depois. Para amenizar os ânimos dos quem estava na expectativa, Musk publicou na rede social que comanda como Chief Executive Officer (CEO), Twitter, que a Starship decola nesta quinta (20) e que “todos os sistemas estão verdes para o lançamento”, para confirmar que tudo estava certo para a decolagem.

Porém, alguns minutos depois, a Starship explodiu antes da conclusão do voo. Confira aqui as informações mais relevantes divulgadas até o momento sobre o lançamento da SpaceX e as repercussões após a explosão da maior foguete do mundo.

O que é o foguete Starship da SpaceX

Maior que a Falcon 9, capaz de carregar (no mínimo) 150 toneladas durante um único voo, 33 motores do tipo Raptor —motor de ciclos de combustão de combustível líquido, em criogenia e com alta capacidade. Essas são algumas características que fazem da Starship serem um foguete sem igual até hoje. Seu tamanho também a diferencia de outros foguetes já construídos: possui a altura de 3 vezes o Cristo Redentor, se considerado junto o com propulsor.

O seu potencial, inclusive, já está sendo observado de perto pela agência espacial dos Estados Unidos, a NASA. Juntas, as duas organizações já querem fazer, pelo menos, mais 100 voos teste. O próprio presidente da SpaceX disse que quer realizar esses outros testes, mas sem nenhuma tripulação.

“[..] Não acho que faremos 100 voos de Starship no próximo ano, mas talvez (em) 2025 faremos 100 voos.”

Gwynne Shotwell

Primeira tentativa frustrada

A decolagem da Starship, prevista para o dia 17 de abril, não veio à cabo devido ao problema no conjunto dos motores do sistema de propulsão. Ele contém 33 motores ao todo, e devem funcionar em sincronia para que tudo ocorra com estabilidade — o que não foi o caso na segunda-feira. No início da semana, Musk afirmou que alguns componentes ficaram danificados por questões de temperatura.

“Uma válvula de pressurização parece estar congelada, portanto, a menos que comece a operar em breve, não haverá lançamento“

Elon Musk, em tuíte da segunda (17).

Outras naves da SpaceX já tiveram falhas anteriores, então o CEO da empresa não se dizia tão esperançoso com o primeiro grande lançamento. Ainda que não houvesse tanta preocupação por parte de Musk, a Federal Aviation Administration (FAA, sigla em inglês para a Administração Federal de Aviação dos EUA), fez vistorias atestar as condições do foguete. A FAA equivale à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil. O órgão dos Estados Unidos aprovou o voo, após a inspeção:

“[…] A FAA determinou que a SpaceX atendeu a todos os requisitos de segurança, meio ambiente, política, carga útil, integração do espaço aéreo e responsabilidade financeira.”

FAA

Veja o segundo lançamento (com vídeo)

O lançamento começou por volta das 10h34 e, após os primeiros instantes do lançamento, o foguete apresentou uma trajetória curva, pegando fogo em um intervalo curto de tempo. A situação surpreendeu não só por atrapalhar o desempenho, mas porque antes a SpaceX havia dito que o teste de hoje tinha como objetivo “informar e melhorar a probabilidade de sucesso” da tecnologia espacial da empresa. Confira abaixo o vídeo da transmissão da decolagem ao vivo de hoje, disponível no canal no YouTube da SpaceX:

O percurso era previsto, inicialmente, para percorrer uma volta completa na Terra até cair próximo do Havaí. Todo esse trajeto deveria ocorrer em torno de 5 horas, mas foi cancelado. A modificação do plano inicial deu lugar a um intervalo de 90 minutos. Ou seja, o foco da decolagem de hoje foi apenas a saída do foguete da base em Brownsville, no estado do Texas, como parte de uma preparação para próximos lançamentos.

Por que este lançamento é considerado um sucesso, mesmo após a explosão?

As informações divulgadas pela SpaceX, por meio da administradora de engenharia da empresa, Kate Tice, dão conta de que a explosão aconteceu em um instante rápido. Ou seja, os motivos por trás da explosão não foram divulgados ao certo, ainda, e ocorreram como parte do teste. O momento aconteceu na hora em que a Starship entrou numa rota de curva.

Por sorte, a nave não era tripulada. Além disso, a explosão do foguete aconteceu exatamente na hora do sistema final do voo automatizado. No Twitter, a SpaceX amenizou a situação, dizendo que a decolagem de hoje “ajudará a melhorar a confiabilidade da Starship”.

Especialistas em lançamento de foguetes avaliam que o sucesso do lançamento, mesmo com a explosão durante o voo, é animador. O motor que estava no foguete lançado hoje tinha um peso muito grande, então sair do chão já é uma grande conquista. Ademais, o valor de custo para a produção e o tempo para produzir um foguete Super Heavy, como na Starship, são impensáveis para um órgão como a NASA. Logo, ainda que haja uma falha como essa, executar um voo como esse já abre caminho para futuros testes mais promissores.

Próximos testes e missões

O plano de Musk como o foguete Starship é dar condições de fazer o transporte de pessoas tanto para a Lua como para Marte, no futuro. O plano do CEO da SpaceX também é colocar satélites da Starlink no espaço, a partir do sucesso da saída do foguete. Seguir com esses planos vai exigir que as tecnologias da Starship tenham bons componentes, principalmente quando o assunto são os propulsores.

A NASA já firmou uma pareceria com a empresa na sua missão Artemis de viagem à Lua, cuja terceira fase está programada para 2025. Em abril de 2021, o órgão assinou um contrato de 2,9 bilhões de dólares e, em seguida, resolveu expandir os planos para um pouso na lua com a tecnologia da SpaceX em 2027. Apesar da explosão de hoje, a SpaceX confirmou que haverão mais lançamentos nos próximos meses, mas não confirmou nenhuma nova data.

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Fonte: NPR | Verge | Telegraph | Ars Technica