No dia 27 de maio, a história da exploração espacial ganhará mais um importante capítulo quando, depois de quase uma década sem efetuar nenhum lançamento de uma nave tripulada dos Estados Unidos, a NASA voltará a enviar humanos para o espaço a partir de solo americano.
Como parte do Commercial Crew Program (Programa de Tripulação Comercial, em tradução livre) da NASA, a SpaceX – empresa do ramo aeroespacial fundada pelo bilionário Elon Musk – irá enviar dois de seus astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento será uma ocasião única não apenas por ser o primeiro envio de uma nave tripulada ao espaço feito de solo americano desde 2011, mas também o primeiro voo da Crew Dragon (a nave desenvolvida pela SpaceX) com astronautas a bordo.
Quem participará da missão serão Robert Behnken – ex-engenheiro de testes de voo da Força Aérea dos Estados Unidos, formado em física e engenharia mecânica pela Universidade de Washington, com mestrado e doutorado em engenharia mecânica pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia e parte do programa de astronautas da NASA desde 2000 – e Douglas Hurley – ex-piloto de testes e de aviões caça em combate dos Fuzileiros Navais dos EUA e graduado pela Escola de Piloto de Testes da Marinha dos EUA, também faz parte do programa de astronautas da NASA desde 2000. Os dois deverão atracar na ISS cerca de 24h depois do lançamento, mas não foi revelado quanto tempo eles ficarão a bordo da estação.
O lançamento será feito por um foguete Falcon 9, também de fabricação pela SpaceX, e irá ocorrer do Complexo de Lançamento 39A, que fica dentro do Centro Espacial John F. Kennedy em Merrit Island, no estado da Flórida. Neste voo Behnken será o comandante de operações conjuntas da missão (responsável por atividades relacionadas ao encontro, atracação e desencaixe da espaçonave à ISS) enquanto Hurley será o comandante da nave, ficando responsável por tudo relacionado ao lançamento e pouso da nave, além das atividades de recuperação do veículo reutilizável.
O lançamento da nave irá ocorrer no dia 27 de maio às 17h32 (horário de Brasília). A NASA ainda não confirmou se irá transmitir o evento ao vivo para o mundo todo através da internet, mas a probabilidade dela não fazer isso é minúscula.
Voo histórico da SpaceX
O lançamento do foguete da SpaceX a partir da Flórida é considerado um voo histórico porque marcará o fim do contrato dos Estados Unidos com a Rússia para o transporte de astronautas à estação orbital.
Com o fim do programa de ônibus espaciais da NASA em 2011, a agência tem recorrido à Roscosmos (a agência espacial russa) para efetuar o transporte de seus astronautas até a ISS. Neste contrato, a NASA paga US$ 90 milhões por cada assento que quer reservar no voo – e, como ela sempre manda ao menos dois de seus astronautas de cada vez, cada viagem custa aos cofres públicos pelo menos US$ 180 milhões.
E foi justamente para baratear esse custo do transporte que, em 2010, a NASA criou o Commercial Crew Program, em que a agência financiou pesquisas da SpaceX e da Boeing no intuito que as empresas desenvolvessem uma forma mais barata de se transportar os astronautas americanos para a ISS.
O voo tripulado da SpaceX será o primeiro oficial (ou seja, que não é um voo de testes) a surgir dessa iniciativa, e custará para os cofres públicos dos EUA apenas US$ 60 milhões pelo lançamento total – ou seja, um terço do que a NASA pagaria para a Roscosmos se precisasse enviar dois astronautas ao espaço.
Isto é possível porque a empresa de Elon Musk trabalha com foguetes que são 80% reutilizáveis, que é o que permite a ela oferecer essas viagens a preços tão baixos. E, como ditam as leis de mercado, este preço tão baixo da companhia obrigou a própria Roscosmos a baixar em 30% o valor que cobra por cada assento, a fim de deixar seus preços mais competitivos e não perder totalmente o mercado de lançamentos para o espaço.
Mas, apesar de o nome de sua empresa estar prestes a entrar na história, quem não está muito contente é o próprio Elon Musk. Respondendo a um tweet em que Eric Berger (editor sênior da editoria de Espaço do Ars Technica) elogia os avanços conseguidos pela SpaceX nos últimos dez anos, Musk se mostra um tanto contrariado pelo fato da empresa que ele fundou em 2002 ter demorado 18 anos para mandar seu primeiro voo tripulado ao espaço, e espera que a companhia acelere o passo de desenvolvimento nos próximos anos.
Não é nenhuma novidade que o principal objetivo de Musk para a SpaceX é iniciar a colonização de Marte, e o plano do bilionário prevê que a empresa consiga enviar o seu primeiro voo tripulado ao planeta vermelho até no máximo 2024. Musk sonha em ver os primeiros assentamentos humanos em Marte ainda em vida, e não é a primeira vez que ele se mostra frustrado com a sua empresa de exploração espacial não conseguir se desenvolver na mesma velocidade que outros de seus projetos, como a Tesla, por exemplo.
Fonte: NASA, The Moscow Times
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