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Desenvolvido pela Qualcomm, o Snapdragon chegou em 2008, ano marcado pelo início de uma nova era na telefonia e a formação da categoria dos smartphones.
Com baixo custo e alta qualidade ele foi logo aderido por gigantes da tecnologia. HTC e Huawei foram as primeiras a apostar na novidade.
Elas estavam certas. Hoje ele é um dos principais chipsets do mercado e está presente nos mais importantes smartphones e tablets, principalmente com Android.
Ao longo dos anos o Snapdragon acompanhou todos os avanços da tecnologia e também possibilitou que essas inovações fossem introduzidas em celulares, transformando-os em verdadeiros computadores de bolso.
Uma história dessas tem que ser contada. Vamos voltar onde tudo começou e descobrir como chegou até aqui.
O começo de tudo
O ano era 1985, a telefonia engatinhava e a tecnologia avançava cautelosamente. Sete profissionais da indústria de tecnologia tinham uma meta ousada: estabelecer no mundo “Comunicações de Qualidade”.
Franklin Antonio, Adelia Coffman, Andrew Cohen, Klein Gilhousen, Irwin Jacobs, Andrew Viterbi e Harvey White usaram a expressão em inglês, Quality Communications, para dar origem ao nome de uma das maiores start-ups da história da indústria: a Qualcomm.
Naquele mesmo ano, a empresa já iniciava seu trabalho com a tecnologia CDMA, na época usada para a segurança das comunicações militares.
Nos próximos anos, o rápido avanço já era notável. A Qualcomm inicia estudos para o uso de satélites para a comunicação e se envolve na empreitada de trazer com sucesso o CDMA para a telefonia.
Em parceria com a PacTel Cellular, decidem fazer uma demonstração da nova tecnologia a 50 dos mais influentes líderes da indústria sem fio.
A equipe teve seis meses para preparar a chamada histórica, apresentada por Dr. Irwin M. Jacobs em San Diego, e teve o reconhecimento marcado pelo gesto de um dos engenheiros, que levou os polegares para cima como aprovação.
Em menos de dois anos daquela data, a empresa já contava com ações na bolsa e continuava apresentando inovações para a telefonia móvel, que agora possibilitava o acesso à internet pelo celular.
A divisão de chipsets é criada em 1995, mesmo ano em que a Qualcomm recebe a colaboração da BC Tel Mobility of British Columbia para selecionar a Northern Telecom (Nortel) para fornecimento de equipamentos de infra-estrutura de rede para as tecnologias CDMA e PCS.
Em outubro, a Hutchison Telephone Co. Ltd., em Hong Kong, lança o primeiro serviço CDMA comercial, seguido pela Coreia do Sul e Peru no ano seguinte, alcançando um milhão de usuários no mundo.
Não demorou para que a indústria adotasse a tecnologia como padrão, que evoluiria para as atuais 3G e 4G e se tornaria um marco na história da internet.
Caminhando para o principal lançamento
Nos anos 2000 a tecnologia crescia com mais velocidade. O GPS agora era integrado ao CDMA e a Qualcomm assumia o compromisso de tornar a experiência do usuário de telefonia cada vez mais “móvel“.
Em 2003, a empresa anuncia sua quarta geração de chipsets, já com a evolução da tecnologia CDMA, a WCDMA. Dois anos depois é chegado um de seus maiores lançamentos: o processador Scorpion.
Com eficiência superior à dos demais processadores, o Scorpion já atingia 1GHz de velocidade de processamento sem aumentar os gastos de energia. Era a melhor opção para integrar os aparelhos aos novos recursos que a tecnologia permitia.
Nasce o Snapdragon
Apesar de ter nome de flor, os motivos de ser chamado dessa forma não são nada delicados. A inspiração vem das palavras que o compõem: snap (algo como estalo) e dragon (dragão). De acordo com a empresa, estas palavras soam como “rápido e feroz”.
Líder no fornecimento de chipsets móveis no mundo, a Qualcomm aproveitou a eficiência do Scorpion para introduzir no mercado, em 2007, os primeiros chipsets Snapdragon: QSD8250 e QSD8650. Suas configurações eram: CPU single-core rodando a 528 MHz e renderização 2D via software.
Ultrapassando todas as antigas limitações, o novo chipset chegou como um SoC, ou System-on-a-chip (sistema em um chip), um circuito integrado que controla e estabelece uma sincroniza entre os componentes do aparelho.
O Snapdragon foi o primeiro a usar o Hexagon, DSP criado pela Qualcomm visando o equilíbrio entre desempenho e eficiência de energia e conferindo agilidade e melhor desempenho nas conexões, ideal para dispositivos móveis.
O primeiro modelo da família S1 foi usado em aparelhos da HTC (nos modelos Tattoo e Wildfire) e Huawei (U8110 e U8500).
Em 2008, a empresa teve seu chipset no primeiro dispositivo com sistema Android, o HTC Dream, ou T-Mobile G1, e fez parte de mais um fato histórico.
Conquistando o mundo
Com investimentos no desenvolvimento de bandas largas móveis, a Qualcomm anunciava em 2009 os primeiros chipsets com solução integrada de 3G do mundo. Se você pode acessar internet do seu celular com conexão rápida em qualquer lugar, agradeça à Qualcomm.
Em seu segundo modelo, ainda da família S1, o Snapdragon já teve melhoria significantes, trazendo uma CPU mais rápida e GPU Adreno, comprado da AMD e rebatizado pela Qualcomm, que decodifica vídeos em alta definição, tem suporte a gráficos 3D e é considerada uma das GPU’s móveis mais rápidas do mundo.
A mudança foi suficiente para conquistar os gigantes da indústria como LG, Samsung, Sony Ericsson, BlackBerry, Motorola, além do resistente HTC HD2 e de toda a linha Windows Phone 7.
Em 2010, o lançamento do Snapdragon S2, o primeiro chipset dual-core do mundo, só fez aumentar a abrangência do mercado.
A grande maioria dos smartphones passaram a ter o chipset da Qualcomm como coração do aparelho. Lumia 900, da Nokia e Titan, da HTC com Windows Phone, Xperia Arc e uma grande variedade de modelos da Sony Ericsson, somando-se a produtos da LG, HTC e Samsung.
Navegando na onda da crescente procura por smartphones, a empresa vê a sua conexão 3G superar o número de 1 bilhão de usuários em abril de 2010 e parte para o seu novo modelo de Snapdragon.
Atendendo a uma demanda do público, que queria o poder de um PC para carregar no bolso, surge em 2011 o S3, a linha com 2.5GHz de velocidade e alcança o número astronômico de 500 milhões de unidades produzidas.
HTC e Sony Ericsson mantinham-se firmes na parceria enquanto outros lançamentos de peso completavam o leque de aparelhos com o chipset. Entre os dispositivos que o aderiram estavam nada menos que o destaque da Samsung para aquele ano, a linha Galaxy S II, e o TouchPad da HP, que ainda usava o eficiente webOS, sistema comprado da Palm.
Chegar ao topo não foi suficiente
Com o Snapdragon S4, a Qualcomm alcançou a liderança no mercado móvel, uma grande variedade de modelos das principais marcas se destacavam usando o chipset.
Desde as linhas Windows Phone 8, HTC One V/S/X e Sony (não mais chamada de Sony Ericsson) até os clássicos RAZR, da Motorola e Nexus 4, da parceria de LG e Google, estavam entre eles.
Aumentava também a quantidade de tablets a usarem o novo chipset e, na linha comercial, o HTC J Butterfly.
A nova linha se dividia em quatro níveis, 200, 400, 600 e 800, para atender à variedade de dispositivos que se espalhavam pelo mercado.
A empresa não se contentou com as conquistas de até então e, em 2014 foi pioneira em diversas inovações: primeiro smartphone comercial a ter chipset com 3G/LTE integrado, primeiro mofem comercial a alcançar velocidade de 450Mbps, primeiro dual-SIM LTE comercial do mundo, incorporou seu Snapdragon 400 nos primeiros smartwatches com Android, da LG e Samsung, primeira solução automotiva de entretenimento com Snapdragon integrado.
O ano de 2015 foi marcado pelo anúncio do Snapdragon 820, primeiro a suportar mofem LTE-A Cat 12, de 600Mbps de velocidade, e pela marca de mais de 750 modelos de aparelhos mobile a usarem seus chipsets, marcas superadas já no ano seguinte. Abaixo você pode ver uma lista com todas as linhas de processadores Snapdragon já lançados pela Qualcomm e os principais aparelhos:
- 2013: Chipsets Snapdragon 200, 400, 600, 800 (Motorola Moto E 2ª geração, Alcatel OneTouch Pop Icon, ASUS Zenwatch 2, Samsung Ger S2, LG G Pad 7.0, Galaxy Tab S,Galaxy S4, HTC One, Amazon Fire TV, Xperia Z1, Nokia Lumia 930);
- 2014: Chipsets Snapdragon 208, 210, 410, 602A, 610, 615, 801, 805, 808, 810 (Huawei Honor 4A, Microsoft Lumia 550, Xiaomi Redmi 2, Samsung Galaxy A3 e A5, Motorola Moto E e Moto G, Sony Xperia M4 Aqua, ASUS Zenfone Selfie, Motorola Moto X 2ª geração, BlackBerry Priv, LG G10, LG G4, Samsung Galaxy Note Edge e Note 4, Microsoft Lumia 950 XL, ZTE Axon Pro, Huawei Nexus 6P);
- 2015: Chipsets Snapdragon 212, 412, 415, 616, 617, 820 (Lenovo Yoga Tab 3, Alcatel OneTouch Pop Up, Xiaomi Redmi 3, HTC One A9, ASUS Zenfone 3 Deluxe, Samsung Galaxy S7 e S7 Edge);
- 2016: Chipsets Snapdragon 425, 430, 435, 625, 626, 650(618), 652(620), 653, 821 (Xiaomi MiMax, Xiaomi Redmi Note 3 Pro, Sony Xperia X, Motorola Moto M);
- 2017: Chipsets Snapdragon 205, 427, 450, 630, 636, 660, 835 (Google Pixel 2 e 2 XL, Nokia P1, Xiaomi Mi 6, Xiaomi Mi Mix 2).
10 anos de Snapdragon
Com impressionante performance os novos modelos se superam rapidamente. Em 2017 a empresa anuncia a integração de grandes novidades como realidade aumentada, recarga super-rápida e o 5G.
É neste ano que a empresa anuncia a primeira plataforma a ser desenvolvida utilizando o processo FinFET de 10 nanômetros, produzida pela Samsung. O Snapdragon 835, com tamanho menor que o de uma moeda de um cent de dólar americano, deixando espaço para outros componentes.
Esse processo confere ao processador um desempenho até 27% maior, podendo ter consumo de energia até 40% menor em comparação com o processo anterior, de 14 nanômetros.
Hoje aqueles sete amigos da Califórnia com uma ideia podem se orgulhar por alcançarem seu objetivo: a Comunicação de Qualidade é uma realidade. Com prêmios nas áreas de tecnologia, inovação e sustentabilidade, a história da Qualcomm e do Snapdragon se confunde com a da tecnologia no mundo.
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