Sindicato dos funcionários do Google é formado nos EUA

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Discriminação, apoio a governos autoritários e invasão de privacidade são algumas das pautas que serão tratadas pelo sindicato dos funcionários do Google

O primeiro sindicato dos funcionários do Google é anunciado pelos trabalhadores da Alphabet. Anunciado segunda-feira (4), a organização tem como objetivo principal defender os direitos trabalhistas de funcionários efetivos e colaboradores terceirizados. O Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet, como é chamado, já conta com o apoio de mais de 200 funcionários. De acordo com informações do The New York Times, a empresa possui atualmente cerca de 220 mil funcionários.

Na manhã desta terça-feira (5), o The New York Times divulgou uma carta assinada pelo sindicato dos funcionários do Google. No documento, publicado pelo jornal americano, os funcionários acusam a empresa de trabalhar apenas visando o lucro, sem se importar com os colaboradores. A carta também evidencia que quase metade dos funcionários do Google são contratados em regime temporário e que não recebem os mesmos salários e benefícios do quadro fixo da empresa.

“Eles também têm maior probabilidade de ser pretos ou pardos – um sistema de emprego segregado que mantém metade da força de trabalho da empresa em funções de segunda classe. Nosso sindicato buscará desfazer essa grave desigualdade.”

Carta assinada pelo sindicato dos funcionários do Google, publicada no The New York Times.

Em um trecho da carta, o sindicato dos funcionários do Google relata um caso de racismo envolvendo a empresa. O documento trouxe à tona a demissão da cientista da computação Timnit Gebru, “uma das principais investigadoras de inteligência artificial e uma das poucas mulheres negras na sua área”. Timnit foi demitida depois de acusar o Google de racismo. A pesquisadora é conhecida por promover debates e tentar conscientizar as pessoas sobre o preconceito racial dentro do setor de tecnologia. Timnit Gebru, inclusive, já fez várias críticas aos sistemas de reconhecimento facial que costumam apresentar falhas ao tentar reconhecer rostos de pessoas negras.

O sindicato dos funcionários do Google também criticou o apoio da Alphabet a “governos repressivos” e o Project Maven que tem como foco usar IA para melhorar os ataques com drones das Forças Armadas americanas.

Quais serão as consequências do sindicato dos funcionários do Google?

Sindicato dos funcionários do google
Sindicato dos funcionários do Google quer que a empresa leve mais a sério as denúncias de má conduta

Os funcionários da Alphabet estavam organizando protestos, passeatas e greves desde 2018. Porém a formação do sindicato pode ter pegado o Google e outras empresas de tecnologia do Vale do Silício de surpresa, já que por lá as organizações sindicais não são comuns. O sindicato dos funcionários do Google pode ser o pontapé inicial para que funcionários de outras Big Techs do Vale do Silício comecem a se organizar. 

Os líderes do Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet informaram que a ideia de criar o sindicato surgiu há cerca de um ano. E que muitos trabalhadores estão com receio de participar do movimento por medo de retaliação. Vale lembrar que, recentemente, o National Labor Relations Board informou que o Google violou leis trabalhistas, após vigiar e demitir dois colaboradores que criticaram a empresa publicamente. Nesse sentido, a proposta do sindicato dos funcionários do Google é criar um canal por onde as demandas dos funcionários sejam ouvidas pela diretoria e contribuir para que situações de perseguição e desrespeito sejam menos frequentes dentro da empresa.

Em comunicado a CNN Business, a diretora de operações de pessoal do Google, Kara Silverstein, informou que a empresa está “sempre trabalhando duro para criar um local de trabalho que dê suporte e recompensa para nossa força de trabalho”. O sindicato dos funcionários do Google ainda não tem poder para negociar contratos trabalhistas, por causa do tamanho da organização, mas promete pressionar a empresa a agir de maneira mais ética e justa com os colaboradores.

Fonte: Financial Times; CNN Business; Istoé Dinheiro; The Washington Post


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