Em Sharp Objects, Amy Adams assume uma personagem alcoólatra, incapaz de negar um entorpecente e que ainda cultiva o hábito de escrever o próprio corpo com “objetos cortantes“, daí o nome da minissérie em oito capítulos exibida pela HBO até o último domingo, 2 de setembro. Veja o trailer:
Sharp Objects era aguardado com bastaste ansiedade por se tratar da adaptação do livro escrito por Gillian Flynn, autora de Garota Exemplar – que, por sua, vez, deu origem a um excelente filme dirigido por David Fincher em 2014. De acordo com o site The Hollywood Reporter, a minissérie foi alvo de “leilão” e quase foi parar nas mãos da Amazon, Showtime ou até mesmo do Netflix – o fato de uma continuação ser improvável pesou contra no caso deste último concorrente. Contava também o fato de Sharp Objects ter como diretor Jean-Marc Vallée, um dos responsáveis por Big Little Lies, série de 2017 também calcada em personagens femininas disfuncionais (segunda temporada prevista para 2019).
Retorno ao lar
Em Sharp Objects, a repórter Camille Preaker (Amy Adams) é convencida pelo chefe (Miguel Sandoval) a voltar a sua cidade natal para investigar (jornalisticamente) o assassinato brutal de duas meninas na faixa dos 15 anos – justamente a idade de Amma, a meia irmã da protagonista que mora com a mãe, Adora (Patricia Clarkson), e com o pai em uma mansão afastada da cidade de apenas dois mil habitantes.
Os primeiros episódios parecem indicar que Camille deixou a cidade por conta de seus problemas com drogas e com seus relacionamentos – familiares ou não. Logo se vê, porém, que na verdade ela é que conseguiu escapar daquele ambiente melancólico e parado no tempo. Entre os passatempos dos mais velhos, está o cuidar e falar mal da vida alheia. Entre os mais novos, beber e se drogar nas ruas e em festas particulares. Assim, nota-se até mesmo inveja pelo fato a protagonista ter ser mudado para a cidade grande (St. Louis, no Estado do Missouri). Para a meia irmã e as amigas, Camille é quase uma heroína.
Boneca da casa
Amma parece um personagem sem importância no começo da série, mas é ela que melhor reproduz o cotidiano de uma adolescente em Wind Gap, também no Missouri. Longe dos olhos da mãe, adota trajes ousados, palavreado chulo, bebida e drogas – mesmo durante o dia. Em casa, ela é a infantil filha de Adora. Usa vestidos recatados e tem como passatempo brincar com a casa de bonecas que é uma réplica da mansão da família – graças à criação e abate de porcos, entre outros negócios, os Crellin são os mais abastados da região, com direito a quartos com pisos de marfim e tudo mais.
Dado que Camille se tornou uma ovelha negra da família – por conta dos seus hábitos e de ter abandonado a cidade -, Amma acaba sendo um contraponto para a mãe, Adora. Mais do que isso: é quase como uma substituta para a filha mais nova. A irmã de Camille morreu ainda na pré-adolescência em virtude de uma doença não muito bem esclarecida. Tal acontecimento é reproduzido por meio de flashbacks ao longo de toda a série e nos quais e jornalista é representada pela atriz Sophia Lillis.
Melhor que Amy Adams
Adora quer que nada mude em sua mansão e o simples retorno da filha mais velha ameaça este desejo. Lamenta o passado de Camille e torce para que ela volte logo para St.Louis. A brilhante atuação da veterana Patricia Clarkson é daqueles de provocar sentimentos negativos no espectador. Consegue expressar do que ela escapou ao sair da cidade – e Amma ainda não. Ah, Adora também é contra o trabalho que a repórter está fazendo na cidade pois não quer ficar remoendo os macabros assassinatos das adolescentes, principalmente para fora de Wind Gap. Para tanto, conta com a preguiça do delegado Bill Vickery (Matt Craven).
Camille, por outro lado, encontra na investigação paralela do detetive Richard Willis uma aliada. De certa forma, é o personagem de Chris Messina que desvenda a personalidade da jornalista, dos próprios habitantes de Wind Gap e também da família Crellin – talvez até mais do que os próprios assassinatos.
One assistir Sharp Objects
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