O jornal japonês Nikkei Asian Review conduziu a desmontagem de um Tesla Model 3. Esta prática é comum entre publicações especializadas em automóveis, e também entre as fabricantes de veículos, que investigam as soluções técnicas que as concorrentes utilizam para a fabricação de seus veículos.
O Model 3 é o produto de entrada da Tesla Motors, fabricante de veículos elétricos que pertence ao bilionário Elon Musk, custa US$ 33.000 nos Estados Unidos, e vem equipado com a última geração da central integrada de controle desenvolvida pela empresa. Chamado de Hardware 3, este computador é a peça central que controla todos os sistemas do veículo, e também é a peça fundamental que coloca a Tesla à frente da concorrência.
O módulo foi lançado no ano passado, está presente em todo o portfólio da marca – Model 3, Model S e Model X – e possui dois chips customizados de Inteligência Artificial. Estes componentes foram desenvolvidos pela Tesla, juntamente com softwares específicos, sem a participação de fornecedores – como ocorre normalmente na indústria automobilística.
Uma plataforma robusta, como essa vista nos veículos Tesla, é a peça fundamental para o processamento da grande massa de dados prevista nos futuros carros autônomos. Especialistas no ramo sugerem que esta tecnologia deverá estar disponível na melhor da hipóteses em 2025, o que coloca a Tesla 5 anos à frente da concorrência.
A tecnologia da Tesla vem sendo aprimorada desde o lançamento do Autopilot, em 2014. Na época, a primeira geração do computador integrado, o Hardware 1, era um sistema de assistência à condução que permitia aos carros seguirem os demais veículos e manterem-se sozinhos em uma faixa de rodagem. A cada dois ou três anos a companhia foi aumentando a capacidade e as funcionalidades do sistema, chegando a um computador capaz de conduzir um veículo completamente autônomo.
Mas por que os grandes fabricantes ficaram para trás? Um engenheiro de uma grande montadora afirmou que não é por falta de recursos. A grande questão para a indústria automotiva reside na sua cadeia de suprimentos, que depende de grandes fornecedores comuns a toda indústria.
Computadores integrados, como este desenvolvido pela Tesla, vão tornar obsoleto o padrão atual de sistemas integrados, compostos por vários computadores especializados fabricados por diversos fornecedores. Como as empresas dependem desses fornecedores, elas estão de mãos atadas e acabam tendo que usar sistemas complexos, que interligam diversos módulos de controle, ao invés de ter um módulo central como nos veículos da Tesla. A mudança desse paradigma pode colocar em risco os fornecedores, e os empregos que eles geram.
Por outro lado, a Tesla mantém um controle rígido sobre o desenvolvimento dos seus componentes – durante a desmontagem do veículo, os componentes não exibiam nome ou logotipo de qualquer fornecedor, apenas da Tesla. Com isto, ela possui maior liberdade para desenvolver e implementar tecnologias mais avançadas.
Com o hardware disponível nos veículos, a Tesla pode melhorar suas funcionalidades através de atualizações do software, como fazemos em nossos telefones celulares. Atualmente os veículos são classificados no Nível 2, ou “parcialmente autônomos“, e Musk já falou diversas vezes que possuem todos os componentes necessários, incluindo computadores e sensores, para se tornarem completamente autônomos.
A Tesla vem trazendo cada vez mais o desenvolvimento dos seus componentes para dentro da companhia, e se essa estratégia mostrar bons frutos, deverá ser seguida pelos grandes fabricantes que ainda estão para trás no mundo dos veículos autônomos.
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