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Você já parou para pensar como é fácil usar a máquina de lavar? É só girar um negócio ali, tocar num botão aqui, colocar o produto acolá e pronto. Em alguns lugares do mundo, ou para algumas culturas, o que poderia ser “mágica” ou uma descoberta surpreendente, é tão corriqueiro na vida de tantas pessoas que ninguém pensa em como o produto é intuitivo.
A mesma coisa serve para smartphones, tablets, computadores e tecnologia de maneira geral. O quão fácil é utilizar um produto e entendê-lo se chama User Experience, UX, ou “Experiência do Usuário”.
Em evento em Campinas para estudantes e profissionais da área de engenharia, na última segunda-feira, a Samsung realizou o seu primeiro seminário “Natural User Experience Training Seminar”, ou NUX para os íntimos.
O Showmetech cobriu com exclusividade o evento, que tratou sobre a importância das empresas investirem nos mercados locais e de transformar a tecnologia em um facilitador na vida das pessoas.
Com a participação do professor Alex Sandro Gomes, da UFPE, e da professora Sarah Pink, da RMIT University, na Austrália, ambos da área de engenharia com foco de pesquisa em design, eles falaram sobre a necessidade dos desenvolvedores de criarem projetos úteis e de fácil entendimento para o público.
“Criatividade, apropriação e contingência”: isso é UX
O professor Alex Sandro Gomes falou sobre as diferenças do método científico de pesquisa e do método de design de entender as coisas e que, por isso, é tão comum que engenheiros e designers batam a cabeça na hora de montar um projeto. Há uma diferença muito grande entre “o que gostaríamos de fazer” e o que “as pessoas realmente querem”.
Se a intenção do usuário é voar, pode-se criar um ultra foguete, mas, às vezes, tudo o que ele quer é uma bicicleta e uma rampa para simular a sensação de voo. Isso é conhecido como The UX Designer Paradox. Portanto, não é o mais completo que é necessariamente melhor, mas sim o que traz o benefício que a pessoa entenda (e precise).
O design, de acordo com o professor, é uma “forma de fazer coisas” e transformá-las em algo útil para os usuários; para as empresas de tecnologia, lidar com essas questões é mais do que relevante e urgente para entender o que os consumidores realmente querem.
E tem mais: nem tudo o que as empresas criam é usado do jeito que “deveria ser usado”.
Drones com lança-chamas, celular como lanterna e mais
“As pessoas não fazem as coisas que gostaríamos com a tecnologia”, diz a professora Sarah Pink, da RMTI University, na Austrália. Com anos de experiência na área e projetos como o Energy & Digital Living e Laundry Lives, a pesquisadora, que viaja o mundo para entender como os usuários utilizam a tecnologia, compartilhou algumas de suas experiências.
Focado em “Design Etnográfico”, Pink falou sobre como as pessoas na Indonésia lavam a roupa e como o consumo de peças de vestuário é diferente para elas (entenda como aqui). Embora o mundo esteja cada vez mais conectado e globalizado, é importante que as empresas entendam que um único produto não dá conta do mundo inteiro e mais: eles nem sempre são usados como as companhias gostariam que fosse.
“Vocês acham que a TV foi feita para que idosos na Inglaterra possam dormir com o aparelho ligado? Ou que a tela do celular seria usada como lanterna depois que apagamos as luzes?” Com questionamentos simples como esses, a professora mostrou para o grupo de universitários e profissionais da área os seus anos de pesquisa sobre “Design Etnográfico” e como a tecnologia surpreende pela maneira que é usada.
Por não sabermos como cada indivíduo vai se relacionar com os produtos, é normal que se veja extremos como um drone com lança-chamas, mesmo que a tecnologia possa ter sido criada para gravar imagens do alto sem a necessidade de um helicóptero, por exemplo.
A Samsung por sua vez, é uma grande investidora em P&D, tanto que em 2015 foi a segunda empresa do mundo que mais destinou recurso pra essa área: mais de US$ 14 bilhões nessa área.
Apostar no mercado local é uma maneira de entender como as pessoas se relacionam com as tecnologias e quais são as suas verdadeiras necessidades. Desde coisas básicas como “enxergamos que os brasileiros preferem telas grandes para smartphones”, a tecnologias e inovações que não são visíveis aos olhos, mas que fazem o uso dos produtos mais intuitivo.
Afinal, conforme ressaltaram os professores, o design não está necessariamente naquilo que se vê, mas, sim, no “invisível” que faz toda a diferença no dia a dia.
O evento foi realizado pela P&D da Samsung América Latina, localizado em Campinas.
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