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As sociedades ao redor do mundo estão envelhecendo rapidamente, especialmente em países desenvolvidos. Apesar de ser um avanço em relação às taxas históricas de mortalidade, o aumento da longevidade tem levado a um número crescente de idosos vivendo sozinhos, resultando em maior solidão nessa faixa etária.
Esse cenário tem chamado a atenção de diversas áreas, incluindo o desenvolvimento tecnológico, que busca soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida dos idosos. Entre essas soluções, destacam-se os cães e gatos robôs de estimação, projetados para oferecer conforto emocional, interação e companhia, ajudando a mitigar os efeitos da solidão e promovendo o bem-estar dos idosos.
A tendência solitária do envelhecimento
A solidão entre idosos é um problema crescente e alarmante em diversas partes do mundo. Segundo o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil cresceu 57,4% entre 2010 e 2022, chegando a 22.169.101 pessoas, ou 10,9% da população. Este é o maior índice de idosos na população brasileira desde 1980.
No Japão, 29% da população já tem 65 anos ou mais, o que coloca o país na linha de frente dessa crise. Nos Estados Unidos, embora os números não sejam tão elevados, a tendência de envelhecimento da população é evidente. Atualmente, existem 62 milhões de americanos com 65 anos ou mais, representando 18% da população total. Projeções do Pew Research indicam que até 2054, esse número deverá aumentar para 84 milhões, ou 23% da população.
O impacto da solidão na saúde dos idosos é profundo e preocupante. O cirurgião-geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, destacou que a solidão está associada a uma redução na expectativa de vida semelhante à causada pelo fumo de 15 cigarros por dia, e até maior do que a associada à obesidade. Além dos efeitos físicos, o isolamento pode acelerar o declínio cognitivo em indivíduos mais velhos, aumentando o risco de doenças como demência e Alzheimer.
A pandemia de COVID-19 exacerbou significativamente o problema dessa epidemia de solidão entre idosos. O isolamento social necessário para conter a disseminação do vírus fez com que muitos idosos se sentissem ainda mais isolados e desconectados do mundo exterior. Vivek Murthy recentemente declarou a solidão como uma epidemia própria, destacando a urgência de se abordar essa questão de maneira abrangente e eficaz.
Diante dessa situação, o desenvolvimento tecnológico tem buscado soluções inovadoras para amenizar a solidão entre os idosos. O desenvolvimento de pets robôs reflete um esforço mais amplo para integrar a tecnologia ao cuidado dos idosos, oferecendo soluções que vão além do acompanhamento médico tradicional. Esses robôs são equipados com sensores e inteligência artificial que permitem reconhecer e responder a interações humanas, tornando-se companheiros leais e constantes. Através de conversas, movimentos e comportamentos realistas, eles podem proporcionar uma sensação de presença e reduzir a sensação de isolamento.
Pets robôs como solução
Os pets robôs estão emergindo como uma solução inovadora para combater a solidão entre adultos mais velhos, oferecendo companhia e conforto emocional de maneira acessível e prática. Inspirado por avanços tecnológicos e necessidades sociais crescentes, programas como o do Office for the Aging (NYSOFA) em Nova York distribuíram mais de 31.500 animais de estimação robóticos desde 2018, proporcionando uma alternativa reconfortante para aqueles que enfrentam o isolamento social. Estes dispositivos, produzidos pela Ageless Innovations sob a marca Joy for All, incluem modelos de gatos, cães e até pássaros, cada um projetado para responder a interações humanas com movimentos realistas e sons reconfortantes.
Fundada em 2015, a Ageless Innovations adaptou sua expertise em entretenimento infantil para criar animais de estimação robóticos que atendem às necessidades específicas dos idosos. O gato robô e o cão robô, lançados inicialmente em 2015 e 2016, respectivamente, logo se tornaram populares devido à sua capacidade de simular a presença de um animal de estimação real sem os desafios de cuidado associados. Recentemente, o “Walker Squawker“, um pássaro robótico, foi introduzido na linha, projetado para incentivar o movimento e a interação física, além de oferecer companhia emocional.
Estudos têm mostrado que a presença de animais de estimação pode reduzir significativamente os sentimentos de solidão entre os idosos. Uma pesquisa destacou que os proprietários de animais de estimação têm 36% menos probabilidade de relatar solidão, mesmo após controlar fatores como idade e status de vida. Para muitos idosos, no entanto, manter um animal de estimação vivo pode ser inviável devido a restrições físicas, financeiras ou de saúde. Os pets robôs preenchem essa lacuna oferecendo uma interação reconfortante e livre de preocupações, contribuindo para melhorar o bem-estar emocional e psicológico de seus usuários.
Um exemplo notável é o Paro, um filhote de foca terapêutica desenvolvido no Japão, que se destacou como um dos primeiros e mais reconhecidos robôs terapêuticos para idosos. Desde sua criação no início dos anos 1990, o Paro ganhou fama global por sua capacidade de estimular respostas emocionais positivas e reduzir o estresse entre os idosos. Sua inclusão em cultura pop, como uma participação especial em “Os Simpsons” em 2011, destacou seu impacto cultural e a aceitação crescente de robôs como companheiros terapêuticos.
À medida que a tecnologia avança e a população global continua a envelhecer, a demanda por soluções inovadoras para o cuidado e a companhia dos idosos só tende a crescer. Os pets robôs representam não apenas uma resposta prática à solidão, mas também uma evolução emocionante na interseção entre tecnologia e bem-estar humano, prometendo um futuro onde a inclusão e o apoio emocional são acessíveis a todos, independentemente da idade ou circunstância.
Conclusão
Os pets robôs emergiram como uma solução significativa para mitigar a solidão e melhorar o bem-estar emocional entre os idosos, especialmente durante períodos desafiadores como a pandemia de COVID-19. Estes dispositivos inovadores não apenas oferecem companhia constante e interação sensorial, mas também têm demonstrado benefícios tangíveis na redução da depressão e solidão entre indivíduos idosos. O estudo recente sobre “O impacto dos animais de estimação robóticos na depressão e na solidão de idosos com demência durante a pandemia de COVID-19” destacou que os participantes envolvidos com pets robôs experimentaram atividades significativas e experiências positivas, mesmo em meio às restrições severas impostas pela pandemia, como o isolamento social e visitas familiares limitadas.
A pesquisa sublinha que, embora a relação entre os pets robôs e idosos possam proporcionar conforto e distração emocional, a interação humana continua sendo crucial para o bem-estar geral dos idosos. Conversas significativas entre os participantes, suas famílias e cuidadores profissionais foram identificadas como componentes essenciais para criar um ambiente terapêutico eficaz. Essa combinação de tecnologia assistiva e cuidado humano não só alivia a solidão, mas também fortalece os laços sociais e emocionais que são fundamentais para a saúde mental e emocional dos idosos.
A solidão entre os idosos é uma crise silenciosa que exige uma resposta multifacetada. A combinação de políticas públicas eficazes, apoio comunitário e inovações tecnológicas, como os pets robôs, pode contribuir para melhorar significativamente a qualidade de vida dos idosos. À medida que a população global continua a envelhecer, é essencial que se busquem soluções que promovam não apenas a longevidade, mas também o bem-estar emocional e social dessa crescente parcela da sociedade.
Veja também:
Fontes: Tehcrunch, Joy for All e Pew Research
Revisado por Noelle Pedroso em 11/07/2024
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