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Ferramentas de IA começaram a ficar famosas no final de 2022 e não há como negar que este é um dos assuntos que já dominam e ainda irão dominar todos os meses de 2023. A tendência da vez é que Cuff It, grande sucesso de Beyoncé, foi cantada por Rihanna por meio de uma inteligência artificial que se baseia no estilo que a diva da Barbados para criar uma versão nunca ouvida pela internet.
Entretanto, todo o sucesso da indústria de música gerada por IA está fazendo com que discussões envolvendo direitos autorais e até mesmo o uso da ChatGPT aconteçam no universo fonográfico. Entenda todos os lados agora mesmo.
Cuff It cantada por Rihanna?
Rihanna voltou à indústria da música de uma forma bem singela: quase 07 anos após o lançamento do álbum ANTI, a diva de Barbados lançou duas músicas que serviram de trilha sonora para Pantera Negra: Wakanda para Sempre.
Mesmo com este retorno, que na verdade, não foi considerado um retorno nem mesmo pelos fãs, ainda não há indícios de que Rihanna volte a lançar músicas pop e/ou um novo álbum de estúdio, ou também retorne aos palcos, já que está passando por sua segunda gestação. Ela chegou a fazer uma apresentação durante o intervalo do Super Bowl de 2023 e aproveitou sua primeira apresentação para fazer justamente o anúncio de que seria mãe pela segunda vez. Assista:
E em meio ao deserto de lançamentos, fãs que entendem de inteligência artificial usaram seus talentos para que uma “nova música” de Rihanna fosse criada. A escolhida foi Cuff It e, por meio de ensinamentos para a IA, foi possível colocar a voz da dona de hits na música de Beyoncé. Confira o resultado abaixo:
Nem Rihanna, nem Beyoncé se pronunciaram sobre a nova versão de um dos hits de 2023, mas especialistas já começaram a sinalizar que isso é um problema iminente.
Os problemas para os artistas e envolvidos
Você deve estar se perguntando o porquê de todo um debate estar acontecendo sobre o assunto, mas a resposta é bem simples. Quem teve a ideia de lançar e desenvolver a música gerada por IA precisa deixar bem claro quais foram as ferramentas utilizadas em todo o processo.
Além disso, é importante lembrar que toda música tem compositores, produtores e mais profissionais envolvidos. Ao utilizar a base e letra de Cuff It e colocar a voz de Rihanna é necessário não apenas creditar Beyoncé, mas também ter a permissão da cantora e pagá-la por isso.
Como se trata de uma criação registrada e que precisa gerar lucro para todos que participaram do processo de composição e produção, quem criar músicas sem a autorização dos envolvidos pode ter que prestar contas com a justiça por problemas de direitos autorais.
Pensando de uma forma reversa, imagine-se na situação de um pequeno músico que faz todo o trabalho de composição e produção de uma música própria, e, após isso, um fã acaba usando uma inteligência para colocar a voz de um artista famoso em seu trabalho? A depender do tipo de postagem feita na internet, muitas pessoas podem acreditar que na verdade, a “nova” música pertence ao artista famoso e todo o crédito acabar indo para uma pessoa que nem mesmo sabia de tudo isso.
Ferramentas digitais para a criação de músicas
Quem foi mais além no uso destas ferramentas já consegue ter acesso a um novo material usando a forma de criação de um autor conhecido, mas com um assunto completamente aleatório.
Por exemplo, é possível pedir que o ChatGPT crie um poema sobre o TikTok com base na forma de escrita de Fernando Pessoa. E isso também chegou ao mundo da música: David Guetta se envolveu em uma “polêmica” ao usar sites de deepfakes para criar um rap com Eminem sobre festas rave. O resultado pode ser conferido abaixo:
A música não será lançada comercialmente, mas coloca o debate de se a forma de escrita e trabalho prático de um artista pode ser considerado motivo de processo de direitos autorais. O famoso DJ conta que achou os sites na internet e resolveu fazer um teste.
Descobri esses sites sobre IA que, basicamente, escrevem letras no estilo de qualquer artista. Então, digitei ‘escreva um verso no estilo do Eminem sobre uma rave’ e depois fui em outro site que recria vozes e coloquei o texto.
David Guetta sobre uso de IAs para criar verso de Eminem
UMG alertou serviços de streaming sobre uso de IA
Recursos como o ChatGPT podem sim ser utilizados para o bem e como uma forma de automatizar e acelerar muitos processos, mas também é importante lembrar que o trabalho de outras pessoas deve ser respeitado da mesma forma. E, obviamente, grandes empresas do mundo da música estão de olho em todos os avanços.
A Universal Music Group enviou um comunicado para as plataformas de música Spotify e Apple Music para que não deem espaço para músicas criadas com o apoio de ferramentas de inteligência artificial. A gravadora, que é a casa de artistas como Taylor Swift, The Weeknd, Ariana Grande e mais, tem receio de que seus contratados (e ela também) estejam perdendo dinheiro e principalmente possam sofrer os danos negativos por uma produção ou composição que não estão diretamente envolvidos.
Ficamos cientes de que certos sistemas de IA podem ter sido treinados em conteúdo protegido por direitos autorais sem obter os consentimentos necessários ou pagar compensação aos detentores dos direitos que possuem ou produzem o conteúdo. Não hesitaremos em tomar medidas para proteger nossos direitos e os de nossos artistas.
UMG sobre uso de ferramentas para criar uma música gerada por IA
Uma das ferramentas que mais preocupa o UMG e mais empresas do mercado fonográfico é o MusicLM do Google. A IA já possui mais de 280 mil horas de músicas como base e pode, após a digitação de um comando, criar uma música sem a necessidade de cantores, produtores e demais profissionais. Veja um exemplo:
O Google evitou lançar a ferramenta após pesquisadores alegarem “risco de possível apropriação indevida de conteúdo criativo”, por mais que isso tenha sido encontrado em apenas 1% de tudo o que foi gerado pela IA. De todas as formas, estamos apenas no começo de um grande debate sobre o uso de IA no mundo da música e ainda haverão muitos usos e proibições.
Em março de 2023, mais de 40 organizações do mundo da música, incluindo a Recording Academy (organizadora do Grammy), lançaram a Human Artistry Campaign (que pode ser traduzida como Campanha de Arte Humana) para “garantir que as tecnologias de inteligência artificial sejam desenvolvidas e usadas de forma a apoiar a cultura e a arte humana – e não formas que as substituam ou corroam”.
O que você acha de todo o assunto? Diga pra gente nos comentários!
Liam Gallagher aprova álbum do Oasis feito por inteligência artificial (AI
Com informações: Variety l Vogue Música l EDM Sauce l Human Artistry Campaing
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