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O Tidal foi criado por uma empresa pública sueca chamada Aspiro, mas só ganhou atenção quando Jay-Z anunciou sua compra. O serviço é uma alternativa aos já consolidados players como Spotify e traz como diferencial o apoio de diversos artistas, além da alta qualidade de transmissão. Testei o Tidal nas últimas semanas e deixo aqui as minhas impressões.
FLAC
Para transmitir as músicas em alta qualidade, o Tidal utiliza o formato FLAC, bem conhecido pelos audiófilos como a melhor opção em relação ao MP3. A sigla FLAC, em tradução livre, significa Codec de Áudio Livre Sem Perdas. Sua proposta é comprimir um arquivo sem perder nenhum dado. Na prática, quer dizer que os arquivos de áudio neste formato possuem praticamente a mesma qualidade do original feito pela gravadora, mas em um tamanho consideravelmente menor.
O MP3 consegue comprimir ainda mais os arquivos, mas acaba deixando dados pelo caminho. Formatos como o OGG, utilizados pelo Spotify, conseguem fazer a compressão perdendo dados que podem ser considerados “imperceptíveis”.
Isso acaba refletindo no tamanho do arquivo final. Uma faixa de um CD convencional pode chegar a ter 70MB, enquanto o FLAC alcança 30MB e o MP3 em 320kbps chega a 5MB. Para o Tidal, isso significa downloads mais demorados, mas entraremos nesses detalhes depois.
Catálogo e Navegação
O Tidal afirma que possui 30 milhões de músicas em seu catálogo. Além disso, 75 mil vídeos estão disponíveis na plataforma. É um número interessante e cobre a maior parte dos artistas consagrados, mas para aqueles que acompanham o cenário menos popular, pode encontrar alguns buracos.
O acervo nacional se mostrou bem completo. Pude encontrar a obra de Chico Buarque, Caetano Veloso, Rita Lee, Gal Costa e até de daqueles não tão conhecidos, como Baia, Castello Branco, Móveis Coloniais de Acajú e Apanhador Só. No entanto, algumas grandes decepções: encontrei apenas um álbum da banda 5 a Seco e apenas um EP do rapper Criolo.
O catálogo do Tidal pode ser bem completo para muitos. Mas pode deixar outros na mão.
Existem duas áreas destinadas a descobertas de novos artistas. O Tidal Rising e o Tidal Discover. Através dessas seções, é possível ver quais artistas tem ganhado público rapidamente e quais foram encontrados pela curadoria do app, respectivamente. Fiz descobertas interessantes por lá.
Existe a seção “Novidades” onde eles exibem os lançamentos mais recentes e as “Playlists” que são criadas pelo time do Tidal. Playlists que são um ponto forte do Spotify, mas o serviço do Jay-Z mostrou ter uma curadoria bem interessante com listas para todos os gostos. Ainda falta um pouco para alcançar a diversidade do concorrente, mas certamente é questão de tempo.
Você pode marcar playlists, músicas, álbuns e artistas como favoritos, basta clicar sobre a estrela que aparece ao lado deles. Tudo isso fica reunido na seção “Minhas Músicas”. No começo, fiquei um pouco confuso com o sistema, que separa as coisas. Explico: se você marca um álbum como favorito, as músicas e o artista não vão automaticamente; é preciso favoritá-los separadamente.
Assim como outros serviços, o Tidal oferece uma opção de rádio. Se você quiser ouvir artistas ou músicas semelhantes, basta ativar a opção. É uma ótima maneira de descobrir novas músicas.
Social
O Tidal não é um aplicativo muito sociável. Ele permite que você se conecte ao Facebook e Twitter para compartilhar as músicas com seus amigos, além da conexão com o Last.fm, que faz o scrobble das faixas automaticamente. Você pode copiar o link específico de um álbum, playlist ou faixa, para enviar para alguém. E é só isso.
Ao contrário do Spotify, não há opções para seguir seus amigos e navegar pelas playlists criadas por eles. O serviço também não te notifica de novos lançamentos dos seus artistas preferidos; no concorrente, basta “Seguir” o músico para receber updates.
Em compensação, todos os artistas possuem uma aba chamada “Social”, onde é possível acompanhar as últimas postagens nas redes sociais.
Aplicativos
Os aplicativos de streaming tem um esqueleto bem parecido e não foi diferente com o Tidal, porém não dá para negar que a escolha da cor predominante lembra o líder do mercado. No lançamento, o Spotify inclusive provocou o novo concorrente apontando essas semelhanças.
O Tidal possui um player para web otimizado para o Chrome, os outros navegadores não suportam a qualidade máxima de streaming. Há aplicativos para PC, Mac, Android e iOS. Se você for usuário do Windows Phone, não conte com o serviço. Ele também é compatível com uma série de plataformas, você pode conferir a lista completa nesse link.
Em todas as plataformas, o aplicativo se mostrou quase competente. Li relatos de crash constante nos apps mobiles, apesar do problema ainda acontecer, está menos frequente. Ainda é preciso polir algumas coisas, no app para desktops, por exemplo, mesmo com o idioma selecionado para o português, ele exibe uma série de elementos em espanhol e outros em inglês.
Performance
Fazer a transmissão de áudio em alta qualidade significa consumir mais dados. Para os celulares com menos espaço, será um problema aproveitar a qualidade máxima das músicas. O serviço também oferece opção de arquivos comprimidos para solucionar as eventuais faltas de espaço. O download das faixas pode levar um bom tempo e isso se aplica também ao “buffering” online.
Não é difícil colocar uma música para tocar e ter que esperar uns bons segundos até que ela finalmente comece. O problema é mais recorrente na primeira faixa de um álbum e quando você está pulando músicas em sequência. Houve ocasiões, mesmo em conexão banda larga, que músicas travaram no meio da execução.
Preço
O serviço ainda não foi disponibilizado no Brasil, mas já temos ideias dos preços e eles não são absurdos. Ao contrário do Spotify, não há nenhum plano gratuito, no entanto, será possível testá-lo por 30 dias sem custo. As mensalidades serão de R$ 14,90 para o plano premium, que oferece qualidade de áudio igual a dos concorrentes, e R$ 29,80 para o plano HiFi, que garante o som lossless, de alta qualidade.
Recentemente foram adicionados os planos familiares, que dão 50% de desconto para cada conta extra.
Em ambos os planos os vídeos e a curadoria de conteúdo estão disponíveis.
Vale a pena?
O Tidal tem um público alvo muito específico: pessoas apaixonadas por música, que são dispostas a gastar dinheiro com fones de ouvidos e equipamentos profissionais. É possível identificar a diferença de qualidade nas músicas mesmo com fones convencionais, daqueles que vem junto com o smartphone, mas não chega ao ponto de fazer valer a pena pagar quase R$ 30 por mês. Os 75 mil vídeos vendidos como um diferencial não faz os olhos brilharem, já que o YouTube está logo ali.
O plano de quase R$ 15 não deve atrair tanto, é o mesmo valor da mensalidade do Spotify, queconta com um catálogo mais extenso e aplicativos mais otimizados, tanto nos desktops quanto nos smartphones.
Ainda assim, recomendo o período de testes de 30 dias. Experimentar a qualidade premium do áudio é uma experiência legal e pode ser a desculpa perfeita para você começar a investir na sua paixão por música.
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