Índice
Anunciado este ano durante Nintendo Direct de junho, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é o novo jogo de uma das maiores franquias dos videogames e encerra de forma primorosa uma ótima geração para a série no Nintendo Switch. A primeira aventura protagonizada pela princesa Zelda em um jogo principal (desconsiderando Zelda: The Wand of Gamelon, lançado para o Philips CD-i) é mais do que uma nova aventura nos moldes clássicos; é a culminação do desenvolvimento da série nos últimos anos.
O jogo traz o melhor de games como A Link Between Worlds e Link’s Awakening e adiciona camadas de complexidade e liberdade em seu gameplay e design, provenientes dos recentes Breath of the Wild e Tears of the Kingdom. Veja a seguir a nossa review de The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom.
História
Echoes of Wisdom começa de uma maneira diferente dos outros jogos da série. A cena inicial do jogo é a aparente última missão de Link em uma aventura para derrotar Ganon, o vilão icônico da franquia, que está aterrorizando Hyrule mais uma vez. Sob o controle do jogador, utilizamos um Link com gameplay similar ao visto em Link’s Awakening para vencer o vilão. Entretanto, as coisas saem do roteiro quando um poder misterioso começa a criar fendas dimensionais, fazendo diversas pessoas desaparecerem, incluindo o próprio Link após sua batalha com Ganon.
Zelda escapa e busca proteção em sua casa, o castelo de Hyrule. Logo, as coisas começam a fugir do controle quando fendas começam a aparecer também pelo castelo, fazendo o próprio rei, pai de Zelda, desaparecer no processo. Além disso, essa força misteriosa cria uma cópia maligna do próprio rei, obstruindo as ações de Zelda para que ela seja presa e executada.
Para combater esse mal, Zelda une forças com Tri, que tem como objetivo manter o controle dessas fendas misteriosas que surgem pelo reino. Tri entrega um cajado mágico a Zelda, que a possibilita criar reproduções de objetos, criaturas e itens. As aventuras do jogo começam no momento em que Zelda é enviada por Impa, sua fiel protetora, para visitar regiões diferentes do mapa e fechar as fendas, salvando as pessoas e seu próprio pai.
Durante o jogo, conhecemos diversos personagens cujas vidas foram afetadas por essas fendas. O jogo brilha na construção dessas pequenas histórias e seus personagens, sejam em missões secundárias ou nas principais.
Desde a princesa dos Gerudo, que precisa provar ser capaz de liderar seu povo, até um monstro das neves simpático que está em busca de seu irmão, ou até mesmo tribos do povo Zora que se encontram em um momento de rivalidade e precisam unir forças para salvar a região, o jogo desempenha muito bem seu papel de povoar Hyrule e fazer o jogador se importar com aqueles que precisam ser salvos.
Diferente de diversos jogos da série, esse novo Zelda esconde seu verdadeiro vilão por boa parte da história. Na maior parte da nossa aventura, a narrativa consiste na protagonista indo atrás de regiões para fechar as fendas e salvar pessoas, incluindo o herói lendário Link. Uma coisa que Echoes of Wisdom faz muito bem é mostrar o impacto de Link na vida das pessoas, pois sua aventura já ocorreu antes do início do jogo, e o misterioso herói encapuzado com roupas verdes, mencionado por muitos personagens, já fez sua contribuição pelo mundo.
Dessa forma, a princesa de Hyrule agora tem a oportunidade de mostrar seu valor, invertendo os papéis e salvando Link e o reino.
Jogabilidade e gráficos
A seguir, analisaremos mais a fundo como é jogar Echoes of Wisdom, sua estrutura de missões e templos (ou dungeons), a implementação das mecânicas dos ecos, o novo combate com a princesa Zelda e o desempenho do game no Nintendo Switch.
Estrutura do jogo
The Legend of Zelda é uma série que durante décadas possuía uma estrutura de jogo muito bem definida. A série pré-Breath of the Wild consistia em sua grande maioria por seguir um padrão bastante característico que combinava exploração, resolução de puzzles e progressão narrativa. A exploração do mapa era orientada por uma história central que guiava o protagonista, Link, para locais de interesse específicos. Esses locais, geralmente templos ou áreas importantes, eram importantes para o progresso da narrativa e para a coleta de itens essenciais que permitiriam a Link salvar a região e enfrentar o vilão principal.
A exploração no mundo por suas vezes era linear, embora desse ao jogador uma certa liberdade para desvendar segredos escondidos e coletar itens opcionais. Ao longo dos anos, jogos foram dando cada vez mais liberdade para o jogador, ao ponto de que em A Link Between Worlds no Nintendo 3DS permitir que o jogador faça quaisquer templos em qualquer ordem.
A história principal costumava indicar com clareza os próximos passos de Link, apontando onde ele deveria ir para prosseguir na jornada. Muitas vezes, o progresso era bloqueado por barreiras naturais ou obstáculos que só podiam ser superados com itens adquiridos mais à frente, como bombas para destruir rochas ou um arco para ativar alavancas distantes.
Em Echoes of Wisdom, essa estrutura retorna. Diferente de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, que optaram por uma proposta de mundo aberto e exploração “não-guiada”, esse novo título volta um pouco para suas origens. No entanto, permite a exploração completa daquele mundo, sendo uma mistura da estrutura clássica, mas sem ser tão limitante como em Twilight Princess ou Skyward Sword.
Uma crítica que pode ser feita em relação à exploração do mundo em Echoes of Wisdom é a decepcionante falta de praticidade ao utilizar o cavalo durante o jogo. Uma mecânica destacada nos vídeos promocionais antes do lançamento, a montaria foi pouco utilizada por mim durante a aventura, pois era limitante no sentido de não permitir lutar adequadamente. Além disso, o cavalo se torna dispensável ao considerarmos a estrutura densa do mundo; você pode acabar passando direto por locais e itens escondidos. Para longas viagens, a viagem rápida se mostra uma opção mais prática.
No caso dos templos, eles sempre foram o centro da experiência da franquia, tanto em termos de design quanto de desafios. Cada dungeon introduzia um novo item, como o clássico gancho, botas magnéticas ou bombas, que se tornava o foco central para a resolução dos puzzles e o combate contra inimigos dentro daquele ambiente. O design desses templos girava em torno do uso criativo e progressivo dessas novas ferramentas, exigindo que o jogador aprendesse a utilizá-las em combinações cada vez mais complexas para desbloquear novas áreas ou derrotar chefes.
Já em Echoes of Wisdom, essas dungeons estão de volta, porém sem o foco no uso desses itens para a resolução de desafios e combate. Com a introdução dos ecos, o jogo passou a dar muito mais liberdade ao jogador para solucionar cada momento utilizando sua própria criatividade e ferramentas.
A mecânica dos ecos
Falando nos ecos, essa foi a principal adição do jogo e é considerada a grande novidade do game. Quando pensamos nos The Legend of Zelda pré-Breath of the Wild, pensamos em um jogo que possui resoluções únicas de quebra-cabeça e um combate previsível de atacar com uma espada, defender com escudo e utilizar flechas. No caso de Echoes of Wisdom, há uma subversão dessas ideias com a introdução dos ecos.
Ao derrotar um inimigo ou encontrar um item novo pelo mapa (alguns itens específicos apenas), Zelda pode utilizar seu cajado para criar uma cópia daquele objeto. Dessa forma, é possível criar cópias de uma cama para formar uma escada que permitirá que a protagonista suba em um local aparentemente inalcancável. Da mesma forma, para alcançar esse local, também é possível empilhar blocos feitos de água para que a protagonista suba nadando, como se fosse um elevador.
Não existe uma única solução; existem várias, e cada jogador encontrará maneiras diferentes de superar os desafios. Esse sentimento é constante em Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, e é o que vemos ser reproduzido novamente em um jogo com a estrutura de Zelda 2D em Echoes of Wisdom.
Quando você menos espera, toda essa linha de raciocínio se espalha pelo resto do jogo. Andar pelo mundo, subir em um local alto, superar os desafios em uma caverna, resolver os quebra-cabeças de um templo e até mesmo enfrentar os inimigos, tudo isso conta com uma camada de criatividade por parte do jogador para solucionar da maneira que a imaginação permitir.
Mas nem tudo são flores no uso dos ecos! Imagine que você tem uma caixa de ferramentas com diversas chaves, alicates, fitas e parafusos de tamanhos variados, todos dispostos juntos sem organização. Esse é o sentimento ao utilizar a principal mecânica do jogo.
Talvez uma das maiores críticas que Echoes of Wisdom possa receber esteja justamente na praticidade do uso de sua mecânica principal. Com um número vasto de ecos disponível em seu catálogo conforme se avança pelo jogo, torna-se uma tarefa maçante e repetitiva pressionar o D-Pad do controle do Nintendo Switch para a direita e ficar procurando qual eco será utilizado. Um aprimoramento dessa mecânica poderia consistir em uma maior personalização do uso dos ecos pelo jogador. Uma forma de acesso rápido aos ecos poderia ser implementada para mitigar o problema gerado a partir da escolha desse design.
Combate
No combate, o jogo traz um novo respiro para a série através da implementação dos ecos nas batalhas. Zelda é uma personagem que não utiliza espada e armas como Link nos jogos anteriores. Em vez disso, a resolução da maior parte das lutas é feita através do uso de inimigos que você já derrotou anteriormente. Enfrentar um Lynel parece complicado? Invoque outros inimigos tão fortes quanto e apenas assista a uma rinha de monstros.
Essa mecânica tem seus lados positivos e negativos. Por um lado, é um respiro para a série, proporcionando uma nova forma de resolver embates, valorizando a criatividade do jogador e adicionando uma camada de estratégia ao jogo, já que há um limite de ecos que podem ser criados simultaneamente. Por outro lado, isso trivializa parte do combate e pode torná-lo cansativo em certos momentos.
O jogo cria uma nova forma de batalha, mas mantém a quantidade de inimigos de outros jogos da série, o que pode ser visto como um erro de design por alguns, já que enfrentar inimigos neste jogo não é tão rápido e simples quanto em Link’s Awakening. Por exemplo, enfrentar um morcego de fogo voando sobre sua cabeça pode exigir a invocação de outros inimigos voadores para alcançá-lo ou monstros que atiram projéteis que o acertem no ar. No entanto, a inteligência artificial desses ecos não é tão precisa quanto a do jogador, e muitas vezes você se verá esperando pacientemente que um inimigo atinja o outro para prosseguir na aventura.
Por outro lado, o jogo reconhece essas possíveis dificuldades e oferece uma solução fácil para o problema. Zelda é capaz de assumir a forma de Link por tempo limitado, utilizando uma barra de energia. Ou seja, em vários momentos de batalha, o jogador se transformará em Link, enfrentando uma corrida contra o tempo para resolver aquele encontro o mais rápido possível.
Quanto à dificuldade, o jogo não oferece tantos desafios quanto outros títulos da franquia. Com as diversas ferramentas disponíveis, é sempre possível explorar as fraquezas dos monstros para superar batalhas. Até mesmo para recuperar a vida de Zelda, é possível invocar uma cama; ao deitar, a protagonista recuperará corações até estar totalmente saudável. Esse gameplay um pouco mais casual pode ser atrativo para muitos jogadores que buscam uma experiência mais focada na exploração e na história.
No caso das batalhas contra chefes, o jogo acerta em cheio, pois exige que o jogador utilize uma mistura de suas habilidades como espírito de Link e os ecos coletados para superar os desafios. O jogo presta homenagem a diversos títulos da série com o retorno de alguns inimigos clássicos ao final dos templos.
Assim, o combate do jogo é muito bom quando funciona, mas pode se tornar maçante para alguns jogadores. O uso do espírito de Link é visivelmente uma correção que a produção do jogo precisou fazer para contornar muitas dificuldades no design dos combates. No geral, é um acerto que tem espaço para melhorias nos próximos jogos.
Desempenho e localização
Em desempenho e gráficos, o jogo utiliza a mesma engine de Link’s Awakening e é esteticamente muito agradável. Os personagens têm muita personalidade, cenários são interessantes e até mesmo inimigos demonstram essa característica em seus visuais.
No caso do desempenho, me deparei com quedas de quadros por segundo, principalmente em áreas do mapa com uma quantidade maior de objetos, personagens e construções. Entretanto, na maior parte do jogo, essas quedas de frames são leves e não comprometem a experiência.
Um dos aspectos mais elogiáveis deste novo Zelda é sua localização. O jogo foi lançado no Brasil com tradução completa para o português brasileiro, (desde que o sistema do console esteja configurado para o idioma) e é um dos melhores trabalhos de localização que já vi em um videogame.
Preço e Disponibilidade
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom pode ser adquirido em mídia física pela Amazon ou Mercado Livre, por R$ 350,00 ou você pode comprar a cópia digital através da Nuuvem, por R$ 300,00. O jogo é exclusivo para família de consoles Switch com Nintendo Switch, Nintendo Switch OLED e Nintendo Switch Lite.
Conclusão
Em suma, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom é um ótimo jogo e um caminho novo que a série Zelda começa a trilhar após o sucesso do remake de Link’s Awakening. Podemos esperar que nos próximos anos teremos mais jogos nesse estilo clássico em paralelo aos grandes jogos de mundo aberto como Breath of the Wild e Tears of the Kingdom.
O jogo sofre com alguns problemas e poderia ter certas melhorias em próximas iterações com essas mecânicas, caso se repitam, mas, no geral a balança pesa muitíssimo para as qualidades positivas do jogo. Echoes of Wisdom é mais um acerto da Nintendo e encerra com chave de ouro a geração do Nintendo Switch para a franquia, tornando o console talvez a melhor plataforma para o fã de The Legend of Zelda.
E você, curtiu The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom? Conte para gente nos comentários!
Veja mais:
Revisado por Gabriel Princesval em 07/10/2024
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
The Legend of Zelda: Echoes of WisdomPrós
- Ótimo design de dungeons
- Mundo e NPCs incríveis
- Recompensa a criatividade dos jogadores
Contras
- Leves quedas de FPS
- Combate pode se tornar repetitivo
- Menu de uso de ecos poderia ser melhor
Descubra mais sobre Showmetech
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.