REVIEW: Tekken 8 é o melhor jogo de luta dessa geração

2024 celebra os 30 anos desde que a franquia Tekken fez sua estreia nos fliperamas ao redor do mundo, entrando na competição com outros títulos que também lutavam por seu lugar no mercado, como o Virtual Fighter da SEGA. Agora, em seu capítulo mais recente, o jogo de luta busca se reinventar sem, contudo, perder o legado que cativou gerações.

Como foi essa trajetória de evolução? Será que Tekken 8 tem o potencial para rivalizar com outros jogos de luta da mesma categoria, a exemplo de Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1, que são destaques desta geração? Descubra tudo na análise do Showmetech!

História

Tekken é, acima de tudo, um jogo de luta. Assim, você não deve embarcar nessa jornada esperando uma história complexa. Ela existe ali apenas para justificar o motivo pelo qual diversos personagens diferentes e únicos brigam. Entretanto, para quem acompanha a franquia há muito tempo e aprecia sua narrativa, ela oferece um resultado satisfatório.

Antes de começar a jornada do Modo História, o jogo apresenta pequenos resumos que tentam, na medida do possível, atualizar os jogadores sobre toda a mitologia do jogo até o momento. No entanto, para novatos, ela pode parecer um pouco superficial ao tentar resumir 30 anos de franquia em pouco tempo, mas dentro desses limites, ainda consegue cumprir seu papel.

Porém, os acontecimentos subsequentes, nos quais acompanhamos uma cena de Jin Kazama tentando derrotar seu pai numa tentativa de redimir-se de seus pecados passados – sem sucesso – para uma cena em que um exorcista italiano tem uma discussão séria com um panda, podem parecer sem sentido. Contudo, Tekken é assim: uma história que às vezes abraça o ridículo, mas que, ao mesmo tempo, diverte quem a acompanha.

Apesar das várias reviravoltas e outros acontecimentos absurdos, que podem confundir um novato tentando entender o propósito de tudo aquilo que aparece na tela, Tekken 8 ainda traz alguns temas relevantes para os tempos atuais, como saúde mental e a valorização da vida dos personagens. Portanto, mesmo que você esteja no jogo apenas para pressionar diversos botões do controle e enfrentar inimigos, seja online ou offline, vale a pena acompanhar a história e se divertir com suas metáforas e reviravoltas.

Mas as minhas duas dicas, especialmente se você for novato, são as seguintes: primeiro, não leve a história muito a sério. A segunda dica é que, se as lutas estiverem difíceis, dedique um tempo para jogar o Modo Arcade que, além de ser um tributo aos fliperamas, serve também para ensinar sobre os combos e como aproveitar as brechas oferecidas pelos inimigos. É uma ótima forma de obter alguns tutoriais e se situar melhor no jogo de luta.

Jogabilidade

Se história não é o ponto forte dos jogos de luta, a jogabilidade é onde está seu foco e isso, fico feliz em dizer, que Tekken faz muito bem. Não sou nenhum veterano em e nem o maior fã do gênero, mas guardo certo carinho pela franquia, já que foi um dos primeiros jogos que tive contato quando ganhei meu PlayStation 1. Então, no fundo, minha experiência com a jogabilidade não é a de um gamer experiente que sabe todos os combos de um personagem ou coisa semelhante.

Entretanto, apesar disso, achei o game muito receptivo para novatos. Só que antes disso, vale uma breve explicação de como vejo os jogos de luta: eles possuem uma jogabilidade de legado, onde os combos dos personagens não sofrem grandes alterações entre um jogo e outro, apenas pequenos refinamentos que os tornam melhores. Dito isso, para um veterano, naturalmente, se situar nos comandos é mais fácil do que para alguém que está jogando pela primeira vez e se você entra no modo online, perceberá como essa diferença é nítida. Principalmente ao levar uma das maiores surras de sua vida para alguém que joga de King.

Felizmente, o jogo possui alguns comandos simples para os novatos conseguirem assimilar e sentirem que estão tendo um progresso. Apesar de isso não ser o necessário para competir contra os melhores do modo online, onde você ainda precisa decorar e aprender combos mais complexos, ainda é suficiente para que um leigo, por exemplo, sinta-se satisfeito enquanto evolui suas habilidades.

Agora, sobre outros aspectos da jogabilidade, vale destacar que Tekken 8, diferente de seus principais concorrentes nessa geração, como Mortal Kombat e Street Fighter, não é um jogo de luta em 2D, mas sim em 3D. O que isso significa? Há maior possibilidades na movimentação do seu personagem, você não está limitado a andar apenas para frente e atrás, mas tem também uma sensação de profundidade no mapa, já que você é capaz de se mover em outras direções enquanto aplica seus combos. Acho os dois estilos divertidos, cada um com suas propostas e complexidade, mas me diverti muito com o formato de Tekken.

A implementação de controles que representam diferentes membros do corpo – dois para chutes e dois para socos – simplifica o acesso a movimentos básicos, enquanto a combinação de botões e direções no analógico ou direcionais desbloqueia combinações mais poderosas. Essa abordagem torna o jogo acessível para quem, como eu, costumava apertar botões aleatoriamente em jogos de luta, mas agora se sente motivado a aprender e executar combos com sucesso.

A habilidade de encadear sequências para combos, através do Special Mode, torna os combos mais fáceis e acessíveis com apenas um botão, ao invés de tentar decorar combos. Isso é particularmente importante para novatos, que podem sentir uma evolução tangível em suas habilidades mesmo sem dominar os movimentos mais complexos necessários no modo online. 

Além disso, vale destacar mecânicas de “Rage” e “Heat” são inovações vitais em Tekken 8. O sistema “Heat“, acionado pelo botão direito do controle, eleva as habilidades do lutador temporariamente, permitindo golpes devastadores e garantindo que ataques regulares causem dano mesmo quando bloqueados. Por outro lado, o sistema “Rage“, aprimorado desde Tekken 6, aumenta o poder dos movimentos quando a saúde está baixa, culminando em um “Rage Art“, um movimento especial espetacular. Essas mecânicas adicionam uma camada emocionante de tática e virada de jogo, especialmente em momentos críticos da luta.

Vale destacar ainda que o jogo foi testado no PlayStation 5, então, durante toda a minha experiência, tive a comodidade de jogar em um controle; pela complexidade e reflexo para pressionar os botões, não me vejo jogando-o no teclado. Então, quem estiver considerando comprar ele para PC, vale a pena considerar adquirir também um joystick caso não tenha, apenas para facilitar sua experiência contra os outros jogadores.

Personagens

Esse ponto não é para falar da história em si dos personagens, mas sim como eles são diferentes e únicos nas mecânicas dos jogos de luta. Tekken 8 brilha na variedade e profundidade de seu elenco, que conta com 32 lutadores. Cada um exibe um detalhamento luxuoso e uma animação bonita, cheios de personalidade e estilo enquanto lutam.

Sendo assim, personagens veteranos como Paul Phoenix e Jin Kazama, juntamente com novatos como Victor e Reina, garantem uma diversidade que evita a sensação de repetitividade. Cada um, seja Nina Williams com seu vestido violeta com franjas ou Jin Kazama, mostrando seu corpo musculoso sem camisa, apresenta um estilo único que vai do realismo marcial a ataques quase mágicos.

Apesar dessa rica seleção de personagens, ainda sinto falta de alguns nomes nostálgicos como Gon e Mokujin de Tekken 3, que foi um dos jogos da franquia que mais tive contato. Então, pra mim, essas ausências são notáveis, mas isso seria reclamar de boca cheia, pois o elenco foi bem selecionado e me diverti com todos.

Tekken Ball

Conforme falo do jogo, dá para perceber que tenho um carinho especial com o terceiro game da franquia e esse novo jogo da Bandai Namco consegue me agradar de diferentes formas, sendo a principal dela o retorno de um dos meus modos favoritos: Tekken Ball. Os personagens vão para a praia mostrar suas habilidades de luta, enquanto golpeiam uma bola que causa danos ao acertar o oponente. É um minigame divertido, que pode servir para distrair a cabeça quando se está estressado do modo online ou apenas quer jogar algo para relaxar.

Apesar de ele parecer estar um pouco diferente de como era no Tekken 3, as mecânicas ainda são divertidas, sendo engraçado ver um urso panda competindo nesse modo contra uma mulher de cabelo rosa, que, na verdade, é uma androide.

Modo Online

Apesar de todas as novidades e aperfeiçoamentos do modo offline, o principal destaque de um jogo de luta hoje em dia, ou de qualquer outro gênero que almeje penetrar no mercado competitivo, reside em suas possibilidades online. Nenhum jogo consegue se manter relevante por muito tempo ou preservar uma base estável de jogadores se estas funções forem fracas ou instáveis. Pela minha experiência, Tekken 8 também oferece resultados mais que satisfatórios nesse modo.

Minha conexão com a internet é boa e, seja jogando via Wi-Fi ou por cabo, minhas partidas online não apresentaram problemas de desempenho – enfrentei outros jogadores online e, na maior parte do tempo, acabei levando uma surra dos mais experientes, com raros momentos de glória para mim. Mesmo com o crossplay entre consoles e computadores ativado, enfrentei pouca instabilidade.

Claro, isso não significa que minha experiência tenha sido completamente livre de problemas. Em algumas ocasiões raras, enfrentei problemas mais sérios, como lentidão nas partidas ou até desconexões de um dos lados. No entanto, considerando que se trata de um jogo conectado à internet e dependente de diversos fatores para um bom desempenho para ambos os jogadores, o resultado é positivo. Já vi muitos lançamentos focados no online que foram bem piores nesse quesito.

Talvez o maior problema das conexões ocorra quando os jogadores decidem criar seu próprio Lobby para jogar com amigos em um grupo fechado. Esse é um grande problema que, embora pontual e passível de correção com atualizações, gera incômodo para aqueles que desejam apenas se divertir com conhecidos.

Gráficos e Som

Não há muito a acrescentar sobre a parte gráfica do jogo: Tekken 8 destaca-se em todos os sentidos possíveis. As lutas e as cutscenes do modo história estão impressionantes, principalmente no PlayStation 5, onde ele foi jogado para esse review. Tanto em termos de qualidade geral quanto na direção de arte, que, comparada ao seu antecessor, evidencia uma evolução significativa em todos os aspectos. Assim, é notável que os personagens exibam mais personalidade, seja em suas movimentações fluidas ou nas expressões durante as lutas.

Outro detalhe que torna Tekken ainda mais divertido e atraente é a complexidade e as inúmeras possibilidades de personalizar seus personagens como desejar. Jogando online, observei alguns cosplays interessantes, mas é ao pesquisar online o potencial da ferramenta que se percebe sua verdadeira capacidade.

Por exemplo, Jin Kazama, protagonista do oitavo jogo, já foi recriado como Leon Kennedy de Resident Evil ou até David Martinez, personagem famoso da animação ambientada no universo de Cyberpunk, Edgerunners. Claro, estas são algumas das caracterizações mais sérias, mas a ferramenta de customização também permite brincadeiras dos fãs, como transformar Paul Phoenix em Bob Esponja Calça Quadrada. Basta ser um pouco criativo com as possibilidades para aproveitar ao máximo!

O mais impressionante é que, em uma geração de consoles que prometeu suportar jogos a 60 FPS com bom desempenho, mas que muitas vezes não atinge esse objetivo, Tekken 8 desempenha esse papel com maestria. Obviamente, há jogos atuais mais bonitos e realistas do que o título de luta da Bandai Namco, mas poucos alcançam sua qualidade geral e otimização. Dessa forma, ele se destaca não apenas entre os mais belos de seu gênero, mas também entre os lançamentos até o momento.

Naturalmente, os elogios não se restringem apenas aos aspectos gráficos de Tekken 8, pois a Bandai Namco também realizou um excelente trabalho na composição da trilha sonora do jogo. As músicas estão envolventes e, mesmo que alguma não seja do seu agrado, ainda é possível personalizar quais melodias serão tocadas durante o jogo, tendo acesso a diferentes sons produzidos ao longo dos 30 anos da franquia.

Requisitos de Hardware

Caso você opte em jogar no computador, aqui estão os requisitos mínimos e recomendados para que ele funcione em sua máquina:

Componente	Mínimos	Recomendados
Sistema Operacional	Windows 10 64-Bit	Windows 10 64-Bit
Processador	Intel Core i5-6600K/AMD Ryzen 5 1600	Intel Core i7-7700K/AMD Ryzen 5 2600
Memória	8 GB de RAM	16 GB de RAM
Placa de Vídeo	Nvidia GeForce GTX 1050Ti/AMD Radeon R9 380X	Nvidia GeForce RTX 2070/AMD Radeon RX 5700 XT
DirectX	Versão 12	Versão 12
Rede	Conexão de internet banda larga	Conexão de internet banda larga
Armazenamento	100 GB de espaço disponível	100 GB de espaço disponível

Preço e disponibilidade

Já disponível no mercado, Tekken 8 pode ser adquirido a partir de R$ 269,90 na Steam, para quem deseja jogar no computador. Para PlayStation 5, o valor inicial é de R$349,90 na PlayStation Store e, por fim, fãs do Xbox podem também adquirir por R$349,90 na Microsoft Store.

Vale a pena jogar Tekken 8?

Num gênero nichado, onde cada pessoa tem seu estilo preferido de jogo de luta, é difícil afirmar que um se destaca como o “definitivo”. No entanto, se fosse necessário escolher, Tekken 8 poderia receber esse título durante a atual geração de consoles. O jogo é uma evolução natural de sua fórmula, que vem sendo aprimorada ao longo desses 30 anos, e não há outro Fighting Game 3D que supere o que foi apresentado aqui. Combates fluidos e uma jogabilidade acolhedora para novatos e leigos são seus principais destaques. Somando-se a isso a qualidade do modo online e uma história que cumpre seu papel, a Bandai Namco nos apresenta um dos melhores produtos da empresa.

De forma geral, mesmo com todas as inovações e correções de problemas anteriores da franquia, a desenvolvedora ainda consegue manter a essência da série de forma bastante consistente. Tekken 3 pode ter estabelecido muitos pilares para o gênero de jogos de luta 3D quando lançado em 1997, mantendo-se como o melhor por muitos anos, mas o oitavo jogo da franquia consegue ser superior e mais completo em diferentes aspectos, assumindo a nova posição no trono. Portanto, seja você um novato em busca do jogo de luta ideal para aprimorar suas habilidades com um personagem, ou um veterano que ainda lembra dos combos, Tekken 8 é a escolha perfeita.

Também vale destacar que estamos vivendo anos dourados para os fãs de jogos de luta em geral. Com tantos títulos excelentes no mercado, há conteúdo de sobra para que os jogadores se divirtam por muitos anos.

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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim