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Streets of Rage 4 chamou bastante atenção quando foi anunciado em agosto de 2018, afinal tratar-se-ia do retorno de uma franquia famosa e que passaria 26 anos para receber um novo título (considerando a data de lançamento do novo jogo), com versões para todas as plataformas da atualidade: PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.
Neste cenário, fãs que já não conseguem esconder a idade vibraram com um vídeo de anúncio que prometia altas doses de nostalgia, além de um visual modernizado. De fato, Streets of Rage 4 acerta em cheio a memória afetiva dos longevos admiradores — e até diverte o público mais novo —, contudo peca pela falta de inovação à jogabilidade.
A franquia Streets of Rage
A série Streets of Rage nasceu nos anos 1990 (com três jogos lançados entre 1991 e 1994) para os videogames da Sega (Mega Drive, Game Gear e Master System) e fazia frente à franquia Final Fight, da Capcom, que fazia sucesso no Super Nintendo.
Streets of Rage se destacou pelos seus visuais, considerados avançados na época, trilha sonora empolgante e jogabilidade divertida. No gênero, o jogador controla um personagem que progride lateralmente esmurrando bandidos. A história seguia um grupo de policiais (personagens controláveis) que decidiram fazer justiça com as próprias mãos e combatiam o sindicato do crime na fictícia cidade de Wood Oak City.
Em 2018, três produtoras — DotEmu, Lizardcube e Guard Crush Games — iniciaram o desenvolvimento de um quarto título para a franquia, e que viria a ser lançado 26 anos após o terceiro game.
Visual e trilha se destacam
O resultado de Streets of Rage 4 é um jogo que remete a praticamente tudo dos seus antecessores, como uma verdadeira homenagem. Felizmente, o game também traz novidades, uma mistura que tem muito potencial para agradar a fãs antigos.
Os visuais de Streets of Rage 4 não são fotorrealísticos ou impressionam por sua complexidade. O estilo artístico adotado para o game enfatiza que personagens e cenários foram desenhados à mão, e resulta em telas agradáveis de se ver.
A iluminação, que ajuda a compor o visual, também se destaca. Durante as fases, o jogador passará por diversas fontes de luz, e todas elas reagem às ações do protagonista de forma dinâmica, com reflexos nas roupas e em poças de água, por exemplo.
A mistura da simplicidade de cenários desenhados à mão com o dinamismo dos efeitos de luz gera uma beleza ímpar a Streets of Rage 4. A escolha artística se mostrou acertada, uma vez que, neste quesito, evolui bem o visual dos títulos anteriores, ao mesmo tempo que não eleva o custo de produção a níveis de grandes marcas da indústria de jogos eletrônicos.
Outro fator que remete aos três primeiros Streets of Rage é a trilha sonora. No quarto título, as músicas possuem toques eletrônicos e animam a ação presente na tela. As faixas criadas para Streets of Rage 4 são bem parecidas com as faixas originais, mas ao mesmo tempo foram modernizadas para soarem bem em 2020.
Tanto no aspecto visual quanto no sonoro, Streets of Rage possui elementos de personalização para os jogadores mais nostálgicos. É possível adicionar filtros para que o jogo rode como se estivesse rodando em uma TV de tubo ou em um Mega Drive. O mesmo para a trilha sonora, que pode tocar como na era 16-bits.
Tecnicamente perfeito
O projeto das desenvolvedoras de Streets of Rage 4 pode não ser do porte de blockbusters, mas nem por isso o trabalho fora realizado com descuido ou desleixo. Em todas as plataformas para as quais o jogo foi lançado (PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PCs com sistema operacional Windows), o desempenho é impecável.
A resolução é constante em 1080p (ou 4K no PlayStation 4 Pro, Xbox One X e computadores compatíveis), e o desempenho, 60 quadros por segundo, sem engasgos. Dado o estilo do jogo, que requer movimentos precisos e pensamento rápido para os combos, tal framerate é muito bem-vindo.
Streets of Rage 4 pode ser jogado por até quatro jogadores (no mesmo console), e em qualquer número não há queda no desempenho. Para jogadores de Nintendo Switch, é possível ainda dividir os Joy-Cons para a jogatina multiplayer.
Jogar com múltiplos jogadores é o ponto alto de Streets of Rage 4. Com seu nível de dificuldade elevado, para se dar bem é necessário que os jogadores dominem as técnicas de combos. Em multiplayer, a quantidade de inimigos nas fases não é alterada, e é possível que cada personagem controlável aproveite o combo de outro personagem para aumentar o dano causado aos inimigos. É divertido quando a tela está cheia de inimigos e os números dos combos não param de aumentar.
No entanto, cabe uma crítica: mesmo sendo possível jogar toda a campanha com qualquer número suportado de jogadores, o jogo não permite a adição ou remoção de personagens a qualquer momento, obrigando o reinício (e consequente recarregamento) da fase.
De forma a se adequar aos novos tempos, Streets of Rage 4 permite que a campanha seja jogada online. Apesar de também rodar sem engasgos (considerando que não haja problemas de conexão com qualquer um dos participantes), apenas duas pessoas podem jogar online simultaneamente, o que é uma pena.
A barreira da nostalgia
A história de Streets of Rage 4 se passa dez anos após os acontecimentos de Streets of Rage 3. Assim como nos jogos anteriores, não há um enredo profundo ou ramificações complexas, apenas uma desculpa para sair por aí descendo a porrada em personagens controlados pelo computador (os chamados NPCs).
Tal fato não é um ponto negativo, pelo contrário. A proposta de Streets of Rage 4 é ser um jogo simples e direto ao ponto, e isso ele faz muito bem. Contudo, a nostalgia, outro dos elementos a que o jogo se agarra, acaba por servir como um limitante ao que poderia ser uma continuação da franquia.
No desenrolar da história, passando por aparições de personagens (inimigos ou não) até a jogabilidade, Streets of Rage 4 remete a jogos antigos da franquia. Apesar de haver refinamento em alguns pontos, como os visuais e a boa qualidade das animações, o game não vai além e mantém a mesma estrutura de jogabilidade de antigamente.
Streets of Rage 4 é um jogo com elevado nível de dificuldade, e várias passagens certamente terão que ser jogadas múltiplas vezes para se lograr êxito. O problema é que o gênero, por padrão, é repetitivo, e as desenvolvedoras optaram por manter uma movimentação travada (lenta) e punitiva aos menos habilidosos.
Mesmo fãs de longa data, que têm vários motivos para apreciar esta obra, sofrem com a curta duração do jogo, que pode ser terminado em menos de quatro horas de jogatina — metade disso se se tratar de um jogador habilidoso.
Bom, com um gostinho de quero mais
Streets of Rage 4 seria um jogo consideravelmente mais interessante se, além de pegar emprestado elementos do passado, tivesse tornado sua jogabilidade mais dinâmica, com movimentações mais rápidas, por exemplo.
Trata-se de um bom jogo, com um excelente refinamento técnico, com potencial para agradar aos fãs saudosos e alegrar jogadores mais novos. Por outro lado, foi estruturado apenas para o primeiro grupo, e ainda assim entretém por menos de meia dúzia de horas — a menos que o jogador não se importe em ficar jogando várias vezes os mesmos níveis para tentar superar suas pontuações.
O jogo pode ser encontrado para PC na loja Steam, para Nintendo Switch na Nintendo eShop, para PlayStation 4 na PlayStation Store, e para Xbox One na Microsoft Store.
Requisitos da versão de PC
Mínimos
- Sistema Operacional: Windows 7
- Processador: Intel Core 2 Duo E8400 | AMD Phenom II X4 965
- Memória: 4 GB de RAM
- Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTS 250 | AMD Radeon HD 6670
- Armazenamento: 8 GB de espaço disponível
Recomendados
- Sistema Operacional: Windows 7 ou mais recente
- Processador: Intel i5+
- Memória: 8 GB de RAM
- Placa de vídeo: NVIDIA GTX 960 | AMD Radeon HD 5750 or better
- Armazenamento: 10 GB de espaço disponível
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