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Apesar de ter falecido há pouco mais de um mês, Akira Toriyama continua vivo em suas muitas criações. Dragon Ball é tranquilamente a mais conhecida e amada de todas, de onde o prolífico criador tirou a grande maioria de sua produção em vida, ainda hoje uma franquia em atividade, tanto nos mangás e animes quanto nos games.
Dentre seus trabalhos fora das aventuras de Son Goku e companhia está Sand Land, uma irreverente saga que nos leva a um mundo transformado em deserto, explorado por ninguém mais ninguém menos que o filho do próprio diabo, que junto de Zao, um humano com passado misterioso e seu amigo, o monstro Thief, tentam trazer a água de volta para as bocas das pessoas.
A produção conta com um novo anime, que estreou mês passado no serviço de assinatura Star+ e um videogame produzido pela ILCA e distribuído pela Namco Bandai, e é este o tema deste review. Será que vale a pena jogar? Você vai saber logo a seguir…
Bem-vindo à Sand Land, onde a sede é a sua companheira!
Baseado no mangá lançado em 2000, Sand Land conta com uma premissa bem contemporânea: em um futuro não muito distante, a terra virou um deserto depois de contínuas guerras entre facções e a ganância do ser humano. Restam poucos vilarejos que sofrem para conseguir a preciosa água tão necessária para a vida. Em contrapartida, demônios passaram a viver nesse imenso deserto, dentre eles o próprio diabo.
Certo dia, o xerife de uma das paradas resolve tomar providência e descobrir, enfim, onde é que fica uma lendária fonte de água, que segundo rumores, fica no extremo sul da chamada Sand Land. Para isso, ele recruta a ajuda de Beelzebub, o filho do capeta, um garotinho extremamente poderoso, mas um tanto imaturo, bem como Goku em Dragon Ball.
Essa aventura os leva a ficar frente a frente com o exército do rei, um gordinho sem noção que controla todo o comércio de H2O do planeta, o que garante muita da ação, pancadaria e piadas pelos quais Toriyama é bem conhecido. O jogo, por sua vez, conta com doses homeopáticas de todos esses fatores, resultando em uma experiência bastante divertida, porém simples quando comparada com outros lançamentos parecidos.
Dá para entender essa simplicidade, afinal o público-alvo da Namco Bandai com esse jogo são os fãs da animação e do mangá, e da mesma maneira que ela trouxe toda a história de Dragon Ball Z para um jogo de mundo aberto com Dragon Ball Z: Kakarot, Sand Land também conta com um vasto mapa explorável, diversas missões e um ritmo um tanto mais dinâmico para a trama.
Podemos dizer que ele é um amálgama de alguns estilos de jogo os quais a própria Namco Bandai já teve muito sucesso, especialmente com o incrível Armored Core 6: Fires of Rubicon, jogaço que eu tive o prazer de resenhar no ano passado, e a pancadaria dos Narutos da vida. Enquanto que no céu da customização de mechas que Rubicon é você tem total controle do tipo de veículo que levará ao combate, em Sand Land as coisas são mais diretas, e quando se fala de golpes, a lista de artimanhas do diabinho rosa não chega nem ao dedão de Kakashi.
Mesmo assim, o pouco de complexidade que o jogo traz já é suficiente para tornar toda a aventura algo que vale a pena acompanhar e fazer de tudo um pouco. Isso é especialmente verdade para o combate dentro do tanque e dos outros meios de transporte que você vai descobrindo aos poucos. Cada um tem partes que podem ser trocadas para torná-lo mais poderoso e ainda mais útil, e é bem legal o modo como todo veículo tem sua utilidade fora das lutas também, como o caso do saltador, que te leva às alturas inacessíveis a pé e da moto, com a qual é possível atravessar vastos campos de areia movediça.
Quanto às lutas no muque, Sand Land traz uma gama pequena de golpes que Beelzebub pode usar, e alguns poucos a mais para destravar gastando pontos ganhos ao subir de nível. Não espere ter um Tekken ou Street Fighter, porque você não irá encontrar nada disso aqui: há somente uma variação rápida, forte e especial de ataque. Mas mesmo sem muita complicação, é divertido cair na porrada, ainda mais porque o personagem é tão carismático e cheio de bordões.
Mas nem tudo são flores no deserto do jogo. As missões secundárias tendem a ser um pouco repetitivas e mesmo as que avançam a história são bastante lineares, com um raro caso de variedade aqui e acolá, como uma ou outra fase de furtividade. Outra parte do jogo em que ele perde um pouco de força são as lutas contra chefes. Em esmagadora maioria, elas se resumem a travar a mira nele e desviar dos ataques rodeando, para depois descer a lenha. A rara exceção à fórmula acaba sendo uma luta contra um inimigo minúsculo que se move que nem pernilongo, o que acaba sendo uma chatice.
O traço e humor de Toriyama transformados em jogo
Outros aspectos de Sand Land compensam essa falta de profundidade em termos de jogabilidade. Seus gráficos são absolutamente lindos, unindo polígonos com o estilo de desenho característico do Toriyama de maneira belíssima, lembrando muito o tratamento dado ao clássico Dragon Quest VIII de PlayStation 2. Quem acompanha o anime também vai adorar saber que os atores de voz do desenho estão presentes no jogo e muitas das músicas também marcam presença aqui.
A história do material original, tanto mangá quanto anime, tem um ritmo mais rápido neste lançamento, unindo acontecimentos e trocando a ordem de aparições de maneira que quem sabe tudo sobre a trama vai ser surpreendido com algumas coisas acontecendo fora de ordem no decorrer desta aventura. Não chega a ser nada assustador de diferente, mas para alguém que já leu a revistinha e assistiu à adaptação animada, foi bem legal de ver.
Algo que me incomodou, no entanto, foi a repetição de falas entre os personagens no decorrer do jogo. Quando se está explorando e sem muita ação rolando, os protagonistas tendem a trocar ideia, desenvolvendo suas personalidades e revelando um pouco do seu pano de fundo, mas por alguma razão essas conversas acabam acontecendo mais de uma vez, às vezes até em sequência, o que tende a encher um pouco a paciência.
Por outro lado, Sand Land capricha nas cenas animadas e transições, mantendo o ritmo de jogo bem dinâmico e até frenético, sempre jogando algum elemento novo no meio do caminho para tornar a jornada dos heróis mais caótica, do mesmo jeito que foi feito em Kakarot. Essa parte é algo que não posso reclamar do jogo, já que em nenhum momento me senti entediado, mesmo com toda a repetição de falas e até de conteúdo. A entrega de novidades é feita de uma maneira gostosa e mesmo que simples, eu curti bastante modificar minhas armas e apetrechos tecnológicos.
Preço e disponibilidade
Sand Land estará disponível a partir do dia 26 na maioria das plataformas de videogame atuais, com exceção do Nintendo Switch. Via Steam, é possível fazer a pré-compra do jogo em duas versões distintas: por R$242,50, você leva a padrão, e por 40 mangos a mais, garante a “de luxo”, que traz alguns itens a mais para te dar uma vantagem no começo da aventura.
Já no PlayStation e Xbox, o jogo é um pouco mais salgado. Por R$299,99, você fica com as versões padrão de PS4 e PS5 (no caso do Xbox, de One e Series S|X) juntas em uma única compra, e ao gastar R$349,99, pega as regalias da versão premium.
Mas e aí, Sand Land vale a pena?
Para quem é adorador das obras de Akira Toriyama, Sand Land é uma excelente pedida. O jogo trata com muito carinho a criação do saudoso mangaka trazendo jogabilidade rápida e fácil de aprender e um pouquinho de profundidade que irá agradar aos mais experientes sem deixar a criançada na mão.
O jogo é belíssimo e casa muito bem com o estilo visual adotado pelo anime, que faz pouco tempo estreou no serviço de streaming pago. Para quem busca se aprofundar dessa história não tão conhecida pincelada pelo Kamisama de Dragon Ball vai encontrar um mundo bastante engraçado e irreverente para explorar nesse jogo.
Mesmo com sua simplicidade e tendência a repetição, Sand Land consegue, com sucesso, adaptar para o videogame as nuances do anime e do mangá, mesmo não chegando ao nível de complexidade de outros jogos da produtora. Ele é uma excelente pedida para jogadores mais novos e com expectativa moderada, até um acalorado veterano terá o que curtir neste lançamento da Namco Bandai.
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Sand Land
Sand Land-
Gráficos90/100 IncrívelO jogo adapta de maneira fiel o estilo visual do anime e traz toda a personalidade repleta de piadas visuais muito bem ao videogame.
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Som60/100 NormalOs atores de voz do anime reprisam seus papéis no game, mas a repetição excessiva de algumas falas vão encher um pouco a sua paciência.
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Jogabilidade70/100 BomSand Land é um jogo com alguns sistemas diferentes, todos tratados de maneira simples, mas que funcionam bem. Não venha esperando nada complexo e você irá se divertir.
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Diversão70/100 BomHá um certo grau de repetição nas missões tanto principais quanto secundárias que pode não agradar tanto, mas a dinâmica da história e o mapa aberto repleto de segredos até que compensam esse problema.
Prós
- O jogo adapta muito bem o estilo visual do anime;
- Mesmo simples, o combate em veículos é legal;
Contras
- Há bastante repetição nas missões;
- Aqueles em busca de muito conteúdo irão se decepcionar;
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