REVIEW: Redfall é um jogo medíocre e decepcionante

É difícil imaginar que um jogo no qual vampiros sanguinários tomam conta de uma cidade poderia ser tão decepcionante, mas é exatamente isso que aconteceu com o novo lançamento da Arkane Studios. Mas o que faz com que Redfall seja um jogo tão medíocre? Confira em nossa análise:

A história de Redfall começa bem, mas…

A história de Redfall tinha potencial de ser interessante, mas foi executada de forma errada. Em uma cidade no interior de Massachusetts – EUA, um grupo de bilionários encontra uma forma de estender suas vidas através do sangue especial de uma garota doente. Usando uma empresa farmacêutica como fachada, cinco pessoas financiam a realização de experimentos nos cidadãos da cidade, que se transformaram em criaturas sedentas por sangue (sim, vampiros).

Vendo que seu experimento deu certo, estes bilionários decidiram usar o sangue especial em seus próprios corpos. Assim, eles se transformaram nos Deuses Vampíricos, criaturas gigantescas e grotescas com poder absoluto. Usando seus poderes, eles dominam a cidade de Redfall, criando um cerco para impedir que qualquer pessoa pudesse entrar, ou fugir, do local.

Em uma tentativa desesperada para escapar, você embarca no último navio disponível no porto da cidade. Infelizmente, os Deuses Vampíricos não podiam permitir que ninguém escapasse, então planejaram um ataque coordenado na sua embarcação. O mar foi repartido no meio, criando uma parede gigantesca ao redor da cidade, e todos a bordo morreram… exceto você.

Após escolher o seu personagem, você acorda ao lado de vampiros se alimentando dos mortos da embarcação. Ao lado deles estava Sol Negro, uma vampira poderosa que tenta se alimentar do seu corpo, mas é impedida pela luz do Sol que atravessava as janelas do navio. Ela te deixa escapar, mas não demora para que você se encontre cercado por cultistas e vampiros.

Você escapa para uma estação de bombeiros, transformada numa base de operações por sobreviventes que planejam uma resistência armada. Com isso, você inicia a sua cruzada contra os vampiros, mas é aí que tudo começa a piorar.

Os primeiros 30 minutos de Redfall são bons, mas mostram um jogo totalmente diferente do que foi lançado. Após você chegar no corpo de bombeiros, o jogo começa a contar a história por meio de missões repetitivas, anotações perdidas no mundo e cutscenes estáticas, que são tão divertidas quanto assistir apresentações no PowerPoint.

Sim, o jogo não tem nenhum tipo de cutscene animada. Todas as sequências do jogo são feitas de duas formas: imagens 2D estáticas com uma narração de fundo, ou o modelo dos personagens parados em um plano azul-escuro com o personagem principal narrando o que está acontecendo. É impossível você se manter interessado na história do jogo quando parece que você está vendo alguma apresentação escolar, e isso se mantém até a última cena.

Estilo e arte

O visual e a arte de Redfall, apesar de apresentar boas telas em alguns momentos, podem ser bem genéricos quando comparamos com os outros títulos da Arkane Studios. Mais uma vez, o estúdio decidiu priorizar um estilo artístico menos realista, que já funcionou muito bem no passado, mas poderia ter sido melhor com o novo jogo.

Os cenários de Redfall são belos, mas se repetem constantemente por se tratar de uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos. Você vai ver o mesmo estilo arquitetônico e as mesmas árvores espalhadas em diversos locais do mapa, sem trazer muita distinção entre as diferentes regiões no jogo.

Pelo menos, os personagens principais são bem distintos uns dos outros, com o design de cada um refletindo na personalidade apresentada durante a jogatina. Eles comentam tudo que está acontecendo no jogo, até mesmo durante o combate, e eu achei isso uma adição bem legal. O mesmo não pode ser dito sobre os personagens secundários, que são figuras caricatas de estereótipos americanos presentes em outras mídias e não fazem nada de importante no jogo inteiro.

Ciclo vicioso e repetitivo

Redfall tem 24 missões principais, e eu queria poder dizer que todas são diferentes umas das outras, mas seria uma grande mentira…

Você só pode selecionar uma missão por vez, e só podem ser escolhidas dentro da base de operações, ou seja, é necessário retornar ao corpo de bombeiros ou ao clube marítimo no segundo mapa toda vez que você quiser começar uma nova missão. Elas, em sua grande maioria, se resumem em ir até ponto X, achar item Y, e devolver no local Z, e isso se repete até o final do jogo.

Mas não termina por aí! No mapa, é possível encontrar abrigos escondidos que fornecem missões secundárias. Porém, estas missões não são tão secundárias, já que o jogo força em três momentos diferentes para que você as faça se quiser avançar na história.

Estas missões são extremamente entediantes e se repetem mais de uma vez, e só estão lá para estender de forma artificial o tempo total de jogo, que seria facilmente reduzido se você não precisasse perder tempo caçando estes abrigos escondidos pelo mapa.

Os tipos de inimigos disponíveis no jogo também se repetem constantemente. Em apenas duas horas de jogo, você já vai ter encontrado todas as ameaças que Redfall pode oferecer, e isto fica chato muito rápido. Além dos cultistas que atiram em você com armas de fogo, você irá lutar contra as mesmas cinco ou seis espécies diferentes de vampiros, e a única variação disponível é um escudo giratório que aparece ocasionalmente.

O combate não fede e nem cheira

Se você já jogou outros games de tiro em primeira pessoa com foco no mundo aberto, então você já pode ter uma ideia do que Redfall oferece. O combate não tem nada demais, mas isso não é exatamente um ponto negativo para a jogabilidade.

Você pode escolher entre quatro personagens, e cada um tem uma lista de poderes especiais para serem usados no combate. Subir de nível oferece pontos de habilidades que podem ser usados para melhorar o personagem, e também desbloquear habilidades passivas ativadas automaticamente durante a jogatina.

O arsenal consiste em poder carregar até três armas diferentes, mas a variedade é bem mediana. Você pode encontrar pistolas, escopetas, rifles e snipers, além de armas diferenciadas como uma lançadora de Raios UV, uma “Lança-Estacas” que mata vampiros com um só tiro, e sinalizadores que clareiam o local e incendeia os inimigos ao redor.

Durante o combate, você vai estar em constante movimento enquanto tenta eliminar inimigos “bullet sponge”, ou seja, com barras de vida gigantescas que adoram absorver o dano cometido. Por isso, o jogo tem um sistema de raridade nas armas, comum em outros looter shooter, no qual a arma recebe atributos especiais dependendo do nível e da cor.

Como eu disse, não tem nada de especial no combate de Redfall, mas isso não é necessariamente ruim. Na verdade, eu diria que o combate é a melhor coisa do jogo, já que era o único momento no qual eu realmente conseguia me divertir, isto é, até que os bugs começassem…

Bugs, crashes e desempenho

Redfall tem muitos bugs, alguns deles que podem até quebrar a jogatina atual. Durante o combate, era comum ver inimigos presos embaixo do chão, inimigos imortais ou até mesmo invisíveis. Além disso, durante a exploração, eu fui obrigado a reiniciar o jogo três vezes por conta de um bug específico que me impedia progredir com a história, e eu me via começando a mesma missão do zero.

O jogo também se fechava sozinho em diversos pontos aleatórios, incluindo momentos nos quais não tinha nada de caótico acontecendo na tela. O pior de tudo é que o jogo não me fornecia nenhum tipo de mensagem de erro ou relatório, então eu fiquei impossibilitado de saber se o problema estava na minha máquina ou no jogo, mas acho que já sabemos a resposta desta pergunta.

E é claro, não posso deixar de falar sobre o desempenho vergonhoso de Redfall no meu computador. Eu tenho uma máquina relativamente boa, com uma RTX 3070 e um i7 de 12ª geração, e consigo jogar qualquer tipo de jogo sem nenhum problema. Mas, aparentemente, Redfall decidiu que “30 FPS” estava de bom tamanho. Além disso, era normal ter quedas que chegavam até a casa dos 20 frames, principalmente em batalhas mais caóticas no centro da cidade.

Estamos vivendo em uma era onde muitos jogos de PC estão sendo lançados com problemas no desempenho, e o novo lançamento do Xbox Game Pass não foi diferente. Redfall não oferece nada na sua qualidade gráfica que justifique o desempenho tão porco, e a única resposta plausível para isto é que os desenvolvedores não tiveram tempo o suficiente para terminar a otimização. Ora, o jogo foi lançado com uma taxa fixa de 30 FPS no poderoso Xbox Series X, então é óbvio que o problema está na raiz.

Especificações técnicas

Mínimo	Recomendado
Sistema Operacional: Windows 10 64-bit	Sistema Operacional: Windows 10 64-bit
Processador: Intel Core i5-8400 @ 2.80GHz ou AMD Ryzen 5 1600	Processador: Intel Core i7-9700K @ 3.60GHz ou AMD Ryzen 7 2700X
Memória: 16 GB de RAM	Memória: 16 GB de RAM
Placa de vídeo: AMD RX 580 / NV GTX 1070 / 6 GB VRAM	Placa de vídeo: AMD 5700 / NVIDIA RTX 2080 / Intel ARC / 8 GB VRAM
DirectX: Versão 12	DirectX: Versão 12
Armazenamento: 100 GB	Armazenamento: 100 GB

Conclusão

Redfall é o pior jogo da Arkane Studios, e é um golpe para o catálogo do Xbox Game Pass. É difícil de aceitar que um estúdio que criou um dos meus jogos favoritos (Dishonored) conseguiu criar algo tão medíocre e sem alma, mas que podia ter tido potencial se tivessem mudado a direção de algumas coisas existentes no núcleo do jogo.

Bugs, problemas no desempenho e uma história rasa fazem parte dos principais problemas do jogo, e facilmente se destacam quando tentamos ver a parte positiva de Redfall. Eu não sei o que esperar do futuro da Arkane, mas eu espero que usem Redfall como aprendizado para seguir em frente e evitar os mesmos erros.

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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (08/05/23)