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Na geração atual videogames, presenciamos muitas mudanças agradáveis e significativas em franquias já consolidadas, mas também já assistimos a diversos desastres que levaram muitas reputações de jogos famosos pelo ralo. Resident Evil, Super Mario, Zelda e Dragon Ball são exemplos de atualizações que deram errado e precisaram se reinventar. Tentando despertar o ninja interior dentro de cada jogador, Naruto do Boruto: Shinobi Striker tenta ser um ponto fora de uma curva, mas acaba repetindo o erro e se torna a ovelha negra da franquia.
Entradas que mudaram o curso de suas franquias
A série Resident Evil quase viu sua essência de terror ir por água abaixo com Resident Evil 6 e Resident Evil: Operation Raccoon City. Felizmente, a equipe responsável por Resident Evil 7: Biohazard conseguiu trazer de volta muitas das boas características que haviam sido criadas e melhoradas pela trilogia clássica, resultando em uma experiência muito elogiada por fãs e críticos.
Super Mario Odyssey abandonou fases lineares e power-ups para dar lugar a um chapéu animado que permeava por pequenos mundos abertos vivos e bem construídos, dividindo opiniões. The Legend of Zelda: Breath of the Wild arriscou ao entregar um mundo aberto reativo e imenso para ser explorado, em resposta à linearidade de outros títulos da franquia. Até mesmo o cadenciado gênero de luta sentiu as mudanças propostas por Dragon Ball FighterZ, que procurou espelhar-se nos títulos de sucesso da época do PlayStation 2.
Mas e os jogos da série de anime Naruto, como ficam nessa história? Pode-se dizer que aquelas batalhas em arenas abertas, que sempre marcaram presença recorrente na franquia, foram deixadas de lado, para dar lugar a modos de jogo mais coletivos. Mas isso não foi necessariamente uma mudança bem vinda, nem executada da maneira correta.
Explorando novos horizontes
Como já apresentado em traillers da Bandai Namco, e experimentado pelos mais ansiosos durante os testes online abertos ao público, Naruto to Boruto: Shinobi Striker é um jogo que traz modos de jogo focados em equipes, explorando a individualidade de cada classe e função.
Começamos nossa aventura em Shinobi Striker com a criação do nosso próprio ninja, escolhendo o nome, gênero, aparência e até ancestralidade. Apesar de totalmente estético, acho o fator customização é interessante porque promove uma identificação com o visual, personalidade e equipamentos do ninja. Infelizmente, algumas dessas opções no jogo em questão, como detalhes faciais e cortes de cabelo, são pouco variadas e não podem ser desbloqueadas junto com as centenas de itens adquiridos ao longo da jogatina.
Primeiros passos
Durante os primeiros passos como ninja, somos posicionados no hub, um espaço central de onde podemos acessar diversos recursos e modos de jogo. Como forma de treinamento, somos guiados por Konohamaru para nosso primeiro desafio nas VR arenas, espaços gerados virtualmente para batalhas. Estas funcionam tanto como tutoriais quanto como missões cooperativas — que aqui substituem o modo história, presente nos demais jogos da franquia.
Faltou história
Mesmo trazendo alguns eventos que remetem aos arcos narrativos dos mangás e animes da franquia, a falta de uma trama mais consistente — original ou adaptada de outras mídias — é um ponto negativo. Os fãs de longa data do ninja certamente irão notar esse fato e provavelmente encontrarão “furos” nos eventos curtos das VR arenas. Para os iniciantes na franquia, a falta de desenvolvimento dos personagens já conhecidos não acrescentará muito à experiência narrativa.
As missões
De início, as missões em Shinobi Striker parecem fáceis demais, mas a curva de aprendizado é satisfatória: a cada novo desafio nas várias categorias de fases, o jogo introduz novas mecânicas de combate, e diferentes maneiras de abordar o inimigo com estratégias coletivas — já que as batalhas exigem que o jogador tenha uma função mais específica dentro da equipe.
O sistema de classes é uma das principais mudanças do título para o resto da série, permite que o jogador mantenha o foco em diferentes habilidades e equipamentos dentro das categorias ataque, distância, defesa e cura. Como as lutas trazem quatro ninjas por esquadrão, é recomendável que cada jogador escolha uma classe distinta — o jogo, porém, permite que uma mesma classe seja escolhidas por mais de um jogador do mesmo time.
Diferente dos duelos 2v2 recorrentes dos jogos clássicos da franquia, as batalhas 4v4 — sejam elas contra jogadores online ou contra a própria IA do jogo — utilizam muito mais o ambiente e cenários para trazer um gameplay mais dinâmico. A escalada de “paredões” verticais, o uso da kunai adaptada como gancho de movimentação e o salto carregado garantem que a guerra continue até mesmo quando nenhum ninja se encontra em terra firme.
Um dos pontos negativos nas batalhas, porém, é a câmera. Quando travamos a mira, focando em um inimigo específico, somos impedidos de ver com clareza e amplitude tudo que nos cerca, seja o ambiente propriamente dito ou os adversários. Quando destravamos a câmera, acertar golpes se torna uma tarefa ainda mais difícil — pela agilidade e notável inteligência artificial dos inimigos.
Ninjas para todos os gostos
Ao finalizar os tutoriais nas arenas de realidade virtual, podemos começar a nos aventurar em outros modos de jogo. A cidade ninja, que funciona como um espaço social online onde é possível acessar os modos de jogo disponíveis, possui arquitetura um tanto similar às construções do anime, e traz uma calma trilha sonora de fundo para os amantes de música oriental.
Alguns dos famosos personagens da série também aparecem por aqui, como Tenten — responsável pela loja de itens e por transformar pergaminhos coletados por nosso ninja em diversos equipamentos —, Sakura Haruno — que administra a estalagem, onde podemos escolher nossos equipamentos e personalizar nosso ninja — e Sasuke Uchiha — que nos fornece informações sobre nossos mentores e os ninjutsus aprendidos. Outros aparecem temporariamente, fornecendo desafios nas VR arenas.
Mentores sem carisma
Falando em mentores, cruzamos o caminho de diversos outros personagens conhecidos da série — alguns até controláveis. Esses ninjas icônicos nos auxiliam em missões específicas, no entanto abusam da repetição e falta de carisma. Além do mais, a quantidade de ninjustus aprendida não permite builds muito complexas e variadas.
Ao adentramos a casa do Hokage, local onde podemos participar de torneios do mundo ninja e em batalhas online 4v4, há quatro modalidades de jogo disponíveis: batalha por bandeiras, batalha de bases, batalha de combate e batalha de barreira.
A batalha de combate é a mais tradicional e simples de todas: oito eliminações de qualquer equipe garantem a vitória ao adversário. A batalha de bases requer que uma das equipes conquiste áreas adversárias por um tempo. Já a batalha por bandeiras consiste basicamente em capturar bandeiras no território rival e trazê-las até sua base em segurança, sem que seu ninja seja atingido durante o percurso.
As batalhas de barreira são, certamente, um destaque quando comparadas aos outros modos. Nesse modo de jogo, a equipe ofensiva deve se preocupar em dominar pilares de contenção a fim de liberar um “chefão” inimigo poderoso — contra o qual devem lutar. A equipe defensiva deve proteger os pilares e conta com o colossal aliado a seu favor.
Os deslizes de Shinobi Striker
Apesar de ter uma premissa focada no online, parece que o estúdio Soleil teve alguns problemas com os servidores de Shinobi Striker. Durante a versão beta do jogo, muitos usuários reportaram instabilidade e quedas de conexão frequentes, o que afastou alguns interessados e levou a um lançamento mais “morno”. (https://fiberclean.com)
Mas o maior problema da versão final certamente foi relacionado às telas de carregamento. Tive a infeliz experiência de perceber que a tela de carregamento “congelava” constantemente, me forçando muitas vezes a reiniciar o software. Não foi uma ou duas vezes, mas dezenas. Sinceramente, pensei em abandonar o jogo após tentar acessar meu perfil ninja a partir do lobby e ser surpreendido novamente com o infame travamento.
Felizmente, alguns dias após minha primeira experiência com o jogo, Shinobi Striker recebeu uma atualização (versão 1.04) que corrigia esse tipo de problema. Tarde demais? Não para mim, que joguei por mais um longo período para realizar a análise, mas de fato o infortúnio dos bugs causou polêmica em fóruns da internet, com usuários reportando devolução e ressarcimento do valor pago.
A localização, mesmo em inglês, é inferior ao idioma original do jogo (japonês). Para aqueles que optam preferencialmente pelo português, há legendas para os diálogos originais, mas a opção deve ser ativada pelo menu do PS4, mudando o idioma do console.
Os combos de golpes comuns e especiais (ninjutsus), tão característicos da série pelas particularidades de cada ninja, se tornaram muito menos variados com a presença de um ninja personalizável no lugar dos tradicionais shinobis. Além disso, executar tais movimentações e desferir golpes nos inimigos pode ser difícil com alguns inimigos do próprio jogo impedindo que seu personagem se levante após sofrer um ataque e ser levado ao chão.
Sendo um ninja em 2018
Apesar de sua bela apresentação visual, que optou por um estilo de arte cartunesco mais arredondado no contorno dos personagens, Naruto to Boruto: Shinobi Striker é um dos títulos mais diferentes da franquia em seu aspecto principal: jogabilidade. Sua proposta mescla mecânicas de luta tradicionais e estratégias mais voltadas para um estilo MOBA (arena de batalha multiplayer online), e isso pode não agradar a todos.
Talvez uma nova entrada no futuro faça jus aos bons e velhos contos dos ninjas, que foram eternizados por falas engraçadas e batalhas épicas. Enquanto isso, você decide se vai querer se tornar um ninja mais descompromissado ainda em 2018.
Cópia digital gentilmente cedida pela Bandai Namco do Brasil. O jogo foi analisado em um PS4 Pro.
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