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Qual é sua experiência com MegaMan?
Considerado um dos ícones dos videogames, é inegável que diferentemente de seu irmão por parte da Capcom, Ryu, assim como Mario e Sonic, que continuaram vivos e cavaram suas posições na cultura popular mundial, o robô azul virou uma espécie de símbolo muito mais ligado à nostalgia videogamística do que algo que crianças podem entrar em lojas de brinquedo e encherem seus pais querendo uma representação de plástico.
A Capcom não parece enxergar o robozinho muito além disso, também, já que títulos completamente novos do personagem são raros, mas as compilações de jogos clássicos são lançadas em bons intervalos, com a mais recente, MegaMan Battle Network Legacy Collection, reunindo uma subdivisão com jogabilidade bem diferente e que pode ter uma ligação bem específica com a nostalgia.
O Showmetech teve a chance de avaliar a compilação, e você confere nosso review a seguir:
Contextualizando o MegaMan
Antes de falarmos da compilação em si, acho importante contextualizar um pouco Battle Network. Os seis jogos da franquia foram lançados para o Game Boy Advance no começo dos anos 2000, e são frutos óbvios do enorme impacto cultural causado pelo nascimento de Pokémon no fim da década de 1990.
Eles são RPGs portáteis não muito longos, com foco em colecionar chips que dão habilidades especiais para o MegaMan. Além disso, se aproveitam muito do encanto daquela época com a Internet, muito anterior a discussões sobre regulações de redes sociais por conta de potenciais grupos de ódio habitando as plataformas – o mundo inteiro é conectado, a internet é vista como uma transformadora da sociedade que fez o futuro ser mais pacífico e a estética neon com números binários reina aqui.
Em 2002, tudo isso fazia esses jogos serem quase como um festival de percepções e expectativas para um futuro mais crível do que o da série MegaMan principal e seus robôs diversos, mas ao mesmo tempo, enquanto as ficções robóticas continuam interessantes até hoje, essa variação do conceito original acabou se tornando muito mais datada para quem for visitá-la em 2023 – o que, porém, não a torna menos interessante.
Viciantes até a página 2
Para esta review, eu rejoguei os três primeiros títulos da franquia disponibilizados na compilação. A partir do quarto jogo, os sistemas mudam bastante, mas a jogabilidade básica continua a mesma, então tratarei da franquia como um geral.
A apresentação dos jogos remete muito aos RPGs 16-bits clássicos, com a visão um tanto angulada, permitindo que os personagens se movimentem por todas as áreas. A superfície de exploração é dividida sempre em dois planos, o mundo real e a internet, com o mundo real não contando com ação enquanto o reino digital é repleto de vírus, encontros aleatórios e desafios mais variados.
Conforme as sequências do jogo saíram a Capcom começou a implementar um maior conjunto de interações entre os dois planos, com cada vez mais obstáculos do mundo real podendo ser resolvidos através da internet – e vice-versa. Isso cria um curioso fator de exploração que inicialmente é bem agradável, mas com o passar do tempo, especificamente no terceiro jogo, se torna bem exaustivo.
O combate também é estratégico, e talvez seja o grande ponto positivo de toda a franquia. Com a seleção dos chips, MegaMan pode executar diferentes golpes na arena de batalha com 18 quadrados (9 para movimentação do protagonista e 9 para o adversário), e o grande apelo do título é entender a sinergia entre os diferentes golpes para melhorar a eliminação dos inimigos.
O problema é que a fórmula conta com uma questão muito comum a todos os RPGs desta época: a quantidade de encontros aleatórios, que se torna ainda mais agravante pelo fato que MegaMan não ganha experiência nos combates, com eles só servindo como obstáculos constantes sem nenhuma recompensa real além do prazer da luta – mesmo a melhor jogabilidade do mundo sofreria com isso sendo repetido ao longo de seis títulos, então talvez jogar um e tirar um intervalo seja a escolha ideal neste cenário.
A preservação da história vale a pena em todo console?
Como nas outras Legacy Collection de MegaMan, a compilação conta com opções de filtros para melhorar a imagem dos jogos e com grandes galerias de memorabilia e documentos de design dos jogos, o que a torna um instrumento de preservação histórica digital bem interessante.
A questão é que, dessa vez, mais até do que a última compilação (Zero/ZX Legacy Collection), temos uma dor de cabeça um pouco inesperada com o fato que o jogo todo parece gritar suas origens como um título feito para um portátil.
Parece uma questão besta, mas jogando-o no PS5, um estranho desconforto ocorria tanto visualmente quanto com os próprios controles – existia uma desconexão minha com o protagonista que nunca senti ao jogar lá atrás, no GBA – e isso é uma reclamação comum minha também com a franquia Pokémon agora que ela está no Nintendo Switch, por exemplo, com somente a opção portátil fazendo sentido para mim nesse jogo específico.
Podem existir sim alguns fatores psicológicos, talvez nem considerados ou reconhecidos pelos desenvolvedores nessa situação, com uma grande carga de nostalgia minha e de outros jogadores sendo um fator definidor para esse desconforto, mas é curioso até mesmo para avaliarmos nossa relação atual com videogames.
Cerca de uma década atrás, minhas plataformas preferidas e mais confortáveis eram os portáteis. Em pouco menos de seis anos, desde que o Nintendo Switch saiu, eu sinto como se eles tivessem se tornado mais uma opção para momentos específicos, com o grosso de minhas horas de jogabilidade ocorrendo na TV. Será que isso é uma direção consciente da própria indústria, ou é um hábito meu modificado com o tempo? Talvez só o tempo responda, mas acho que só de eu ter pensado em tudo isso o valor dessa compilação de RPGs da Capcom já ganha um valor um pouco maior.
Agora, se ela terá essa mesma significância existencial para você, acho que dependerá muito de contextos, nostalgia e também seu gosto pessoal – mas se me permite a presunção, eu realmente acho que sua jornada nos videogames não está completa sem ao menos experimentar uma vez um destes títulos.
MegaMan Battle Network Legacy Collection está disponível para todas as plataformas atualmente vendidas no mercado.
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (04/05/23)
Explorando a visão do passado quanto ao futuro, MegaMan Battle Network é um registro histórico interessante para 2023
Explorando a visão do passado quanto ao futuro, MegaMan Battle Network é um registro histórico interessante para 2023-
História6/10 Normal
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Jogabilidade10/10 Excelente
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Gráficos7/10 Bom
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Performance9/10 Incrível
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Som e trilha sonora9/10 Incrível
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