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A linha iPad vive, em 2020, o seu melhor momento em anos, impulsionada pelo aumento da procura por dispositivos que facilitem o trabalho e aprendizado remotos, além do entretenimento e comunicação, nesses tempos de isolamento social. No Brasil, contudo, o mercado de tablets encolhe desde 2015, sem sinais de recuperação. É nesse cenário desafiador que a Apple lança no país o iPad Air 4ª geração (iPad Air 2020), um modelo que se propõe a trazer vantagens oferecidas pelo iPad Pro a um público um pouco mais amplo.
Design e Tela
O hardware do iPad Air de 4ª geração foi fortemente influenciado pela linha Pro, mas com acabamento mais amigável graças às cores em que é oferecido: verde, azul e rosa, além dos sóbrios cinza e prateado. A Apple substituiu as laterais arredondadas, o botão Home e o conector Lightning da 3ª geração do Air por laterais lisas, uma borda reduzida em torno do display e a entrada USB-C, características do iPad Pro.
O peso de 458 gramas torna o iPad Air 4ª geração o mais leve entre os tablets “grandes” da Apple, ou seja, quando não se leva em conta o iPad Mini (de 7 polegadas e 300g). O Air é um aparelho confortável de segurar e, apesar das bordas mais finas em torno da tela, dificilmente registra toques acidentais.
A tela liquid retina de 10,9 polegadas do aparelho é retroiluminada por LED com tecnologia IPS, essa que é responsável pela taxa de atualização alta. Embora a reprodução de cores seja excelente, ela não atinge os níveis de preto que aparelhos com displays OLED entregam.
A tela também é totalmente laminada e suporta a 2ª geração da Apple Pencil (vendida separadamente), o que torna o iPad Air 4ª geração uma opção mais atraente para ilustradores profissionais e amadores. Porém, uma característica do display que ficou restrita à linha Pro — e que é valorizada por designers — é a taxa de atualização até 120 hertz (Hz). No Air 4ª geração ela segue sendo de apenas 60Hz.
O conector USB-C pode ser usado tanto para o carregamento da bateria quanto para transferência de dados e a conexão de acessórios, como câmeras, SSDs e até um monitor externo 4K. E, ao contrário dos iPhone 12 e Apple Watches vendidos em 2020, o iPad Air 4ª geração continua trazendo um adaptador de energia USB-C de 20W na caixa, não apenas o cabo.
Ainda na parte externa do tablet ficam os dois alto-falantes (competentes, mas não impressionantes) e os pins magnéticos Smart Connector, usados para conectar o iPad a acessórios como o Smart Keyboard e o Magic Keyboard, ambos da Apple. O aparelho não conta com entrada para fones de ouvido.
Câmeras
Por fim, as câmeras: o iPad Air 4ª geração possui uma única câmera traseira de 12 megapixels (MP) e uma câmera frontal de 7 MP.
A câmera traseira é um tanto protuberante, exigindo o uso de um case para nivelar o aparelho quando posto sobre uma mesa, por exemplo. A qualidade das fotos e vídeos é aceitável, mas não chega ao nível do que a Apple entrega nos iPhones mais recentes, principalmente na quantidade de detalhes e nível de ruído. Ela também não suporta recursos como os modos Retrato e Noite.
Já a câmera frontal de 7 MP cumpre bem o papel em videochamadas, superando facilmente as webcams de muitos laptops. O único ponto negativo é o posicionamento da lente no topo do tablet, pois, ao usar o iPad na horizontal, o rosto do usuário fica descentralizado e em um ângulo pouco lisonjeiro.
Touch ID
A principal novidade no hardware do iPad Air é mudança de posição do sensor de impressões digitais Touch ID. Desde o lançamento da tecnologia no iPhone 5S em 2013, o Touch ID é embutido no botão Home na parte frontal do aparelho. No iPad Air 4ª geração, o botão foi removido para ampliar o espaço da tela, mas ao invés de incluir a tecnologia Face ID — como fez no iPad Pro — a Apple integrou o sensor ao botão superior, usado tradicionalmente para ligar, desligar e bloquear o aparelho.
A tecnologia possivelmente tornaria o aparelho mais caro, portanto a solução encontrada pela Apple para equilibrar o custo do tablet com as vantagens de se ter uma tela maior e bordas menores é sensata. Dito isso, se você está acostumado com o Touch ID tradicional ou com o Face ID, a adaptação ao novo posicionamento do sensor não é tão simples.
Uma das características mais valiosas do iPad é poder utilizá-lo em qualquer posição, mas isso também significa que você nunca sabe imediatamente em que lado está o botão superior quando precisa acioná-lo. Um indicador na tela auxilia na descoberta, mas não é tão óbvio quanto ter um botão logo à sua frente, ou mesmo o Face ID, que dispensa qualquer ação por parte do usuário para ativá-lo.
O processo de desbloqueio padrão também é um tanto burocrático: toque na tela ou aperte o botão superior para acordar o aparelho, ponha o dedo sobre o botão superior para autenticar via Touch ID e, por fim, deslize a tela de bloqueio pra cima para chegar à tela inicial. Você pode eliminar o último passo habilitando uma configuração de acessibilidade chamada “Mantenha o Dedo para Abrir”.
Performance
O iPad Air 4ª geração conta com o chip A14 Bionic, desenvolvido pela própria Apple, e que também equipa os novos iPhone 12. O chip possui processador de 6 núcleos (4 de alta eficiência, 2 de alto desempenho), GPU de 4 núcleos e a última versão da Neural Engine, o mecanismo de inteligência artificial da empresa usado para aprendizado da máquina.
O que essas especificações significam no cotidiano? Que o iPad Air é rápido, bem rápido. Em alguns cenários, por ter um chip mais recente, supera até mesmo a performance da linha iPad Pro e diversos PCs com processadores Intel.
A abertura de aplicativos é quase instantânea e a troca entre eles é super fluída. Uma das atividades onde a performance me pareceu mais significativa foi usar o navegador Safari. Em muitos aparelhos, clicar em um link para uma abrir uma página da web significa esperar alguns segundos até que o conteúdo seja carregado. No Air, a maioria das páginas finaliza o carregamento antes mesmo da animação terminar. É um ganho que pode parecer pequeno, mas que melhora muito a experiência.
iPadOS
O iPad Air vem pré-instalado com o iPadOS 14, lançado oficialmente no último mês de setembro. Ao contrário do que ocorreu esse ano com o iOS 14 e os iPhones, contudo, a nova versão do iPadOS não traz novidades tão impactantes na experiência de uso do tablet.
Entre os recursos que são compartilhados com o iPhone estão as interfaces compactas para Siri e chamadas de áudio/vídeo, proteções de privacidade adicionais no sistema operacional e no Safari, e os novos widgets.
Uma diferença entre os widgets do iPad e do iPhone é que, no tablet, eles continuam restritos a uma coluna na primeira página da tela inicial, enquanto no iPhone o usuário é livre para posicioná-los onde quiser. Acredito que esse comportamento seja ajustado no iPadOS 15, mas, até lá, se os widgets são algo que você considera útil, sugiro habilitar uma opção para torná-los sempre visíveis, do contrário será preciso deslizar para a esquerda para exibi-los.
O sistema de multitarefa do iPadOS é totalmente manipulado por gestos, sem muitas indicações visuais, por isso a curva de aprendizado é um tanto alta. Ao pegar o jeito, porém, a capacidade de usar dois ou até três apps lado a lado prova-se bastante útil.
E por falar em gestos, a versão expandida do teclado virtual do iPadOS não suporta o recurso Deslizar para Digitar (swipe), algo que me fez muita falta. Apesar disso, há um jeitinho: ao fazer o gesto de pinça sobre o teclado, ele encolhe para o tamanho de um iPhone (a Apple o chama de teclado flutuante), o que habilita a digitação ao deslizar.
Bateria
A bateria do iPad Air 4ª geração durou em torno de dois dias com uso moderado (muita navegação na internet, Twitter, vários podcasts e alguns games casuais), resultado que é esperado para um tablet.
Nos testes com vídeos por streaming, o consumo variou bastante. Com o brilho da tela em 50%, um episódio de 47 minutos da série The Crown diminui 11% o nível da bateria. Já com o brilho em 10%, um episódio de 55 minutos reduziu apenas 1% da bateria.
Uma limitação um tanto inexplicável do iPadOS é que o sistema não possui um modo de economia de bateria, como os iPhones, portanto cabe ao usuário gerenciar o consumo, reduzindo o brilho da tela, desligando o GPS, Wi-Fi ou Bluetooth e desabilitando o funcionamento de aplicativos em segundo plano, por exemplo.
Apesar disso, a menos que você pretenda usar o iPad como dispositivo principal por longos períodos ininterruptos, e não esteja disposto a reduzir a iluminação do display, o tablet da Apple é capaz de aguentar dias longe da tomada.
Conclusão
Embora seja posicionado entre o iPad básico e o profissional, o iPad Air 4ª geração está, na verdade, muito mais próximo do topo da linha em seu design, performance e recursos, mas também no preço. Custando a partir de R$ 6.999 (64 GB), o Air não é um aparelho fácil de recomendar, por mais positiva que seja a experiência.
Se o tablet será usado apenas para consumo doméstico — séries, games, internet — o tradicional iPad (8ª geração), que custa a partir de R$ 3.999 (32 GB), pode ser uma alternativa mais interessante. Ele possui essencialmente as mesmas funcionalidades do Air, porém não oferece tanta performance e tem um visual datado.
Agora, se você pretende incorporar um iPad à sua rotina profissional e valoriza recursos como o suporte de 2ª geração da Apple Pencil, entrada USB-C e um chip de última geração, o iPad Air 4ª geração torna-se a melhor opção da linha, considerando que o iPad Pro não oferece vantagens tão relevantes em relação ao Air e custa a partir R$ 9.999 (11 polegadas / 128 GB).
Existem cenários profissionais específicos que demandam, por exemplo, o sistema de câmeras do Pro, mas, no geral, o iPad Air oferece o melhor custo benefício na faixa de preço acima dos 7 mil reais.
Especificações Técnicas: iPad Air 4ª geração (iPad Air 2020)
Dimensões (A x L x P) | 247,6mm x 178,5mm x 6,1 |
Peso | 468 gramas (Wi-Fi), 460 gramas (Wi-Fi + Cellular) |
Armazenamento | 64 GB, 256 GB |
Cores | Prateado, Cinza Espacial, Ouro Rosa, Verde e Azul-céu |
Tela | Tela Multi-Touch de 10,9 polegadas (na diagonal) retroiluminada por LED, com tecnologia IPS |
Resolução | Resolução de 2360 x 1640 pixels a 264 ppp |
Brilho | 500 nits |
Chip | A14 Bionic com arquitetura de 64 bits Neural Engine |
Câmera traseira | Câmera grande-angular de 12 MP Abertura ƒ/1.8 Gravação de vídeo 4K a 24 qps, 30 qps ou 60 qps |
Câmera frontal | Fotos de 7 MP Abertura ƒ/2.2 |
Alto-falantes | Alto-falantes estéreo |
Microfones | Dois microfones para chamadas e gravação de vídeo e áudio |
Redes | Todos os modelos: Wi-Fi 6 802.11ax; duas frequências simultâneas (2,4 GHz e 5 GHz); HT80 com MIMO; Bluetooth 5.0 Modelos Wi-Fi + Cellular: UMTS/HSPA/HSPA+/DC-HSDPA (850, 900, 1700/2100, 1900, 2100 MHz); GSM/EDGE (850, 900, 1800, 1900 MHz); LTE de classe Gigabit |
Sensor de autenticação | Touch ID no botão superior |
Entrada para dados/ carregamento | USB-C |
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