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Com o pacote de atualização chamado Hitman: World of Assassination, o jogo furtivo de assassinatos, muitos deles às vezes até caricatos, perpetrados pelo enigmático (e careca a ponto de brilhar, importante frisar) Agente 47, Hitman 3 chega a um novo patamar para a franquia. E tudo isso graças à inclusão do incrivelmente divertido modo de jogo chamado Freelancer.
A ambiciosa origem de um clássico contemporâneo
Por mais maluco que pareça, em novembro deste ano, a série Hitman chega aos 23 anos de existência. Tudo começou em 2000, com Hitman: Codename 47, um jogo com problemas técnicos, mas de uma genialidade ímpar. Ambicioso demais para a tecnologia da época, o game trazia enormes mapas e uma gama — para a época — enorme de meios de ser jogado. Era o primeiro produto saído da IO Interactive, uma desenvolvedora baseada em Copenhague, na Dinamarca.
Apesar das críticas ferrenhas recebidas por suas limitações e muitos bugs, o game foi reconhecido pelo que trouxe de novo à mesa; mesmo em um estado bruto, havia diamante a ser encontrado. Depois disso, a IO Interactive se empenhou em lustrá-lo, melhorando e aperfeiçoando mecânicas. Com isso, fazendo brilhar não só ele e a cuca tatuada com o emblemático código de barras de seu protagonista, mas também toda a experiência de realizar feitos absurdamente divertidos que cada missão inédita apresentava a jogadores, mundo afora.
Desde o ano 2000, mais sete títulos Hitman chegaram às prateleiras das lojas. Seis deles, incluindo o primeiro, foram lançados sob o selo da Eidos Interactive — e depois Square Enix, após a compra da empresa pela gigante nipônica. Hitman 2, de 2018, trouxe o brasão da Warner Bros Games em sua capa, após a desistência da Square Enix em continuar com a marca e, com Hitman 3, a IO Interactive estreou não só como a desenvolvedora do jogo, mas também distribuidora.
Um novo ponto de partida para a IO Interactive
O caminho que Hitman vem trilhando desde seu reboot de 2016 é simplesmente surpreendente. Todo o conteúdo presente naquele jogo vem sendo carregado e reaproveitado no melhor sentido da palavra desde então, de game a game, até chegar ao que temos hoje: Hitman: World of Assassination. Isso significa que, ao adquirir a versão atual, você não só compra tudo que há em Hitman 3, mas também o que veio com os anteriores. Ainda atualizado com os melhoramentos atuais que a IO Interactive continua trabalhando em cima, disparando a cada mês novidades para o pacotão de jogos.
Ok, agora que sabemos como se chegou ao que temos hoje com o jogo em sua versão atual, “o que há de fato de novo nele?”, você deve estar se perguntando. Ah, meu amigo, tem muita coisa legal, mas a principal que faço questão de salientar nesta matéria é o modo Freelancer. Ele é basicamente um roguelike à moda Hitman. Roguelikes nada mais são que jogos em que há somente uma chance para chegar ao fim, e, caso você falhe, volta diretamente para o início, perdendo tudo que juntou até aquele momento.
Pode parecer bobagem ou até maluquice jogar algo assim, afinal, quem em sã consciência iria curtir algo do tipo? Parece uma tremenda perda de tempo, e sim, há diversos jogos que não batem muito comigo por causa disso. Mas para Hitman, esse approach caiu como um par de luvas de pelica nas mãos de 47.
No modo Freelancer, você recebe um esconderijo de onde você, como o assassino silencioso, inicia campanhas contra cartéis do crime de diversos tipos. As missões que você completa rolam nos mapas das fases do jogo principal, espalhadas ao redor do mundo. Cada uma das campanhas inicia-se com um grupo de três missões, duas com alvos marcados dentre todas as pessoas num determinado mapa, e ao completá-las, chega-se ao que o jogo chama de Showdown. Essa é a culminação da sequência, quando sabendo as características gerais do líder do grupo criminoso, você parte para eliminá-lo.
Freelancer é de longe o melhor jeito de se jogar Hitman
Mas calma, não é tão fácil quanto parece. Primeiro, cada campanha das possíveis escolhas possui uma lista diferente de objetivos das outras. É possível escolher uma que se adeque melhor ao seu estilo de jogar. Por exemplo, se você é do tipo que gosta de ser mais agressivo, há a opção de participar em assassinatos que pedem o uso de armas de grosso calibre, a destruição de equipamento inimigo, e até um número determinado de guardas a eliminar.
Mesmo assim, havendo tais objetivos, em sua maioria eles são puramente opcionais. Há grandes vantagens em completá-los, claro, sob a forma de dinheiro. Mercers, como é chamada a moeda de World of Assassination, permite comprar novos equipamentos para auxiliar seu serviço de limpeza à base de balas, lâminas, acidentes, o que for. O Agente 47 começa o modo Freelancer do nível zero, sem praticamente nada útil para levar nas missões. Tudo precisa ser encontrado durante elas, ou comprados de vendedores localizados em pontos pré-determinados nas fases, que variam entre tentativas.
O bacana dessa dinâmica de objetivos obrigatórios ou não é que isso faz com que o modo Freelancer seja especialmente flexível às suas vontades como jogador, em determinado momento em que se senta para curtir o game. Claro, é útil cumpri-los, pois assim você enriquece como assassino, além de trazer mais desafio à sua jogatina, mas você também pode simplesmente cair matando e assim mesmo conseguir terminar as missões.
Isso, obviamente, se você sobreviver. De início, sem a experiência da repetição que chega naturalmente ao se jogar muitas vezes em todos os locais do jogo, o modo Freelancer pode ser bem difícil, e Hitman naturalmente espera que você falhe. Tanto que, ao cair em uma missão, Diana, o contato de 47, o incentiva a tentar de novo, que da próxima vez “eles não saberão o que os espera”.
Freelancer não é tão cruel, digamos, como o roguelike usual. Ao “morrer”, o carequinha perde tudo que estava em seus bolsos. Ou seja, todas as armas que levou na tentativa atual, além de todos os itens considerados consumíveis guardados na base, como os venenos, explosivos, esse tipo de coisa. As armas coletadas até então, que não foram levadas contigo, e são expostas no HQ, por sua vez, são salvas. Ufa. Ah, mas você também perde metade da sua grana acumulada. Oh, não.
Tá, tudo parece um mar de flores, diz meu caro leitor, mas e aí? Como se desenvolve essa campanha do Showdown para frente? Vamos por passos, meu amigo! Nas missões Showdown, você recebe pistas de quem possivelmente é o vilão a ser eliminado dentre um seleto grupo de personagens, que percorrem determinadas rotas pelos mapas. Como, onde e mais importante, quem matar, cabe a você descobrir e pôr em prática.
Uma constante dança com o fracasso
Dentre todas as missões desse modo de jogo, as do clímax são as mais emocionantes, de longe. Ainda mais depois que você já terminou mais de uma campanha e as apostas estão lá nas alturas, com muito a perder financeiramente. Perder nesses momentos já me fez querer desistir do jogo por completo, mas o sentimento pouco durou, e voltei logo em seguida. É tão divertido assim, acredite.
Ao completar sua primeira quádrupla campanha, quatro séries consecutivas de missões, eliminando esse mesmo número de cartéis, Freelancer considera que você o zerou. Nesse momento, você pode continuar em outra série, zerando-o novamente, e assim por diante. A grande graça, portanto, é completar todo o seu arsenal, alcançar todos os objetivos listados pelo jogo um certo número de vezes, o que o dá mais apetrechos para decorar sua modesta residência.
Há níveis de personagem a se alcançar também. Mais ou menos a cada 5 deles, novos locais da casa são destravados, ou ainda armas especiais são dadas como comemoração de marcos especiais, do tipo chegar ao nível 50. Nada dado pelo jogo o torna necessariamente mais fácil ou difícil, ele simplesmente o recompensa com mais opções para se divertir, o que, nos pontos que você chegar, serão mais uma cereja no topo do bolo. Afinal, quando menos perceber, ao dar uma conferida no contador de horas, terá logado um monte delas sem ter se ligado nisso.
Freelancer ainda traz mais uma carta em sua manga. Ela é o modo especial Hardcore. É aí que o bicho pega. Ao ativá-lo, você, logo de cara, perde TUDO que você coletou até aquele momento, começando desde o princípio, e, mais dolorosamente, sua coleção é sempre apagada a cada morte. É verdade, sempre que você falha, nada sobra de equipamento na base de operações, necas de pitibiriba. Essa possibilidade de facada no bucho faz com que cada tentativa seja a sua possível última missão e ponto final. Tenso, eu sei. E admito: nunca entrei nessa brincadeira, ela é demais para mim. Mas admiro quem faz isso, pode levar meu chapéu se você for parte desse seleto grupo.
O momento da finalização, ou melhor, a conclusão
Hitman 3 já era extremamente legal graças ao agregado de missões e atualizações trazidas dos jogos anteriores, desde a apertada no botão de reiniciar para a franquia há alguns anos. Agora, a nova versão World of Assassination é aquele abração que se recebe quando se reencontra um velho amigo de data. Não só você se relembra de tudo que você gosta dessa pessoa, mas também fica a par das novidades da vida dela, e leva consigo novas e deliciosas lembranças desse reencontro.
É isso que sinto quando jogo Hitman: World of Assassination. Há décadas me divirto com os títulos da série, com as situações absurdas em que ele me coloca e as soluções ainda mais malucas que acabo bolando para me safar. De missão a missão, seja uma escapulida numa pista de corrida em Miami a um ombro-a-ombro por uma rua lotada de Mumbai, ou infiltrando campos de drogas de um barão maluco na selva em busca de um alvo… Não há um momento dessa aventura toda que é em vão quando se trata dessa nova versão do verdadeiro clássico da IO Interactive.
Hitman: World of Assassination está disponível no Game Pass para Xbox One, Xbox Series S e X, e PC. Ele inclui todo o conteúdo dos jogos lançados desde 2016. Para donos de Hitman 3, ele faz parte de uma atualização gratuita, que atualiza seu jogo com todo esse conteúdo anterior, sem pagar. Isso inclui as versões do jogo do PlayStation 4 e PlayStation 5.
Em todas as plataformas, há também a opção da compra de um pacote premium do jogo, que inclui itens cosméticos e algumas armas especiais para todos os modos de jogo, mais especialmente o Freelancer. Há também algumas compras adicionais à parte, as quais são agregadas de missões especiais temáticas com história própria, lançados entre as estreias de Hitman 2 e Hitman 3. Essas missões são jogadas fora do ambiente de jogo do modo Freelancer e somente o influenciam ao se destravar trajes para o Agente 47 conforme vai se jogando, podendo ser vestidas no novo modo de jogo.
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Fonte: Wikipedia.
Revisão do texto feita por: Iris Xavier (21/05/2023).
O veredito de Hitman: World of Assassination
O veredito de Hitman: World of Assassination-
Jogabilidade10/10 ExcelenteHitman possui uma gama enorme de possibilidades de jogo e todas elas podem ser extremamente bem conduzidas por meio de controles precisos e intuitivos, sem necessidade de se aprender combinações complexas.
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Gráficos10/10 ExcelenteOs visuais de Hitman são muito bem feitos, e com HDR habilitado, o jogo fica ainda mais bonito.
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Trilha Sonora10/10 ExcelenteSente-se a falta de Jesper Kydd na trilha sonora do novo Hitman em termos de grandiosidade, mas o que tem em seu lugar dá conta do recado suficientemente.
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Diversão10/10 ExcelenteO modo Freelancer traz ao jogo possibilidades quase infinitas de jogo, a diversão é garantida.
O que agradou
- Grau altíssimo de variedade de jogo
- Mapas detalhados e vivos, em constante movimento
- Jogo sempre mantido atualizado pela produtora
O que desagradou
- Não ter horas suficientes em um dia para poder jogar mais
- A careca do 47 é brilhante demais, a ponto de cegar o jogador
- A falta de poder jogar o modo Freelancer nas fases tutoriais
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O Jogo em si é ótimo, uma pena o 3 não ter legenda em pt-br.
Esse modo de visitar a casa do 47 e ver as armas na parede tinha na franquia antiga e era muito legal e satisfatório olhar pra parede repleta de metralhadoras e rifles …
Sim, verdade! As legendas fazem falta mesmo, no 1 tinha, né? E concordo, de início, decorar a casa do 47 parecia bem bobo, mas acabei ficando vidrado nisso.
Parabéns pela análise.. o último que joguei foi o Absolution.. e achei muito, mais muito legal.
Muito obrigado, Alexandre! O Absolution realmente é sensacional, foi nele que a IOI deu início a esse formato mais aberto de jogo que vemos no World of Assassination. Apesar das críticas mornas que ele recebeu no lançamento, eu gosto muito do Absolution também. =]