REVIEW: Forza Motorsport foca no competitivo e esquece do casual

Existe um subgênero de jogos de corrida em que não basta ser rápido e ter carros legais, é necessário amar o automobilismo e entender toda sua história para apreciar o esforço dos desenvolvedores em criar a experiência. Forza Motorsports é um desses jogos, com uma parte do público potencialmente podendo se sentir alienado caso não esteja tão conectado ao referido mundo.

Explicamos melhor isso na nossa review. Confira:

Forza Motorsport é dedicação

Oficialmente o oitavo jogo da série principal de Forza, mas que optou por ter um nome mais simples que remete à recomeço, ao ligar, vemos, de cara, que em Forza Motorsports, na verdade, as coisas estão um pouco diferentes, embora ainda familiares.

Somos jogados para um tutorial extenso que te explica o básico do jogo: como cada corrida no modo carreira necessita de 3 voltas de treino antes de ser realmente iniciada, a forma que os carros têm níveis próprios que vão liberando mais opções de tunagem e o famoso rewind das corridas. Porém, tudo isso torna-se um pouco exaustivo para quem não tem tanta experiência com jogos de corrida e só queria algo mais casual.

É claro que as assistências de pilotagem e afins estão disponíveis, mas isso não quer dizer que o jogo parece ter perdido um pouco da característica que alguns capítulos anteriores da franquia tinham de só pegar uma corrida e jogar rapidinho no modo carreira, com tudo aqui sendo composto de campeonatos extensos e que, com a obrigatoriedade das voltas de treino, se tornam ainda mais longos.

Parece existir um esforço da Turn 10, produtora do jogo, em afastar um público mais casual do jogo – o que não é um problema por si, já que Forza Horizon existe, mas fica um tanto nítido que séries como Gran Turismo vão para um lado contrário, permitindo que tanto jogadores casuais quanto sérios possam aproveitar o mesmo jogo.

Claro que a corrida rápida ainda existe, mas mesmo nela alguns detalhes ainda são um tanto extensivos ou complexos demais. O fato de o carro precisar aumentar de nível para sua tunagem ser liberada, por exemplo, é algo que obriga o jogador a jogar com ele em uma forma inferior antes de poder ter ele em sua forma ideal, e embora compreenda o pensamento — algo provavelmente próximo de experimentar o carro antes de investir nele (test drive) —, é inegável que se torna um problema muito sério quando qualquer atividade começa a se tornar um exercício de horas.

Uma representação crível do mundo de corridas

Ao mesmo tempo, quando estamos nas pistas correndo, o que fica evidenciado é como o jogo é um primor técnico e que promete ser absurdo para amantes de corrida. O dano dos carros é realista, a física e a aerodinâmica fazem você se sentir totalmente no controle dos veículos e as competições são intensas e bem feitas, com cada ultrapassagem valendo mais a pena que a anterior e sendo por si só um desafio único e que não será repetido graças à genial IA do jogo, que permite que as corridas se tornem verdadeiras batalhas em carruagens mecânicas como nunca vi em outro jogo do tipo. 

Graficamente, Forza Motorsport é um primor também, mesmo jogando no Xbox Series S. A iluminação é linda, com raios de sol refletindo de maneira incrível no metal do carro, reflexos em água ou nos veículos rivais aparentes e as paisagens das mais diversas pistas lindas e que podem ser contempladas com excelência no modo foto.

O que fica, então, é essa curiosa dicotomia entre um jogo lindo e feito com primor para amantes de carro e o título que, na verdade, parece querer afastar jogadores casuais a todo custo. Realmente me parece que é uma tentativa de tornar as duas séries de Forza para públicos diferentes, o que pode ser um pouco problemático.

Veja, a série Horizon é divertida, mas não conta com pistas reais e regras de competição. Já Motorsports, em seu novo capítulo, parece justamente fazer o contrário, focando tanto no mundo competitivo que esquece um pouco da diversão. Até seu modo online é todo sério, contando com regras específicas e classificatórias para que a corrida em si possa ocorrer.

Conclusão

Como ter um veredito sobre um jogo que, por um lado, é tecnicamente uma das melhores coisas que já vi, mas por outro parece querer que me aprofunde tanto nele a um nível que talvez eu não seja capaz? Eu, sinceramente, fiquei matutando essa questão durante toda a semana de teste que tive com Forza Motorsport, e minha conclusão é apreciar o que ele faz bem, mas entender que talvez eu não seja seu público.

Eu adoro carros, adoro corridas, mas não tenho o tempo necessário para me dedicar para o nível que o jogo parece querer exigir de seus jogadores. Não há problema com isso, afinal, tenho certeza que muitas pessoas ficarão contentes com o título, mais do que eu até, mas talvez esperasse uma experiência mais equilibrada entre o casual e o competitivo.

Quem sabe em futuras atualizações, essa solicitação não seja atendida. Mas por ora, ficamos com essa impressão sobre Forza Motosport.

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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (3/10/23)