Final fantasy xvi, square enix, rpg

REVIEW: Final Fantasy XVI é um retorno à glória para a franquia

Avatar de eduardo rebouças
Final Fantasy XVI traz grandes mudanças à tradicional franquia de RPGs, mas não deixa o charme de lado; confira a análise completa

Para fins de crítica, fazemos as mais vagas menções à trama geral do jogo, então você que quer jogar Final Fantasy XVI sem se preocupar com spoilers, pode mergulhar tranquilamente em nosso review.  

Sem mais delongas, vamos ao que interessa!

Final fantasy xvi, square enix, rpg
Final Fantasy XVI é um retorno aos tempos gloriosos da franquia. (Imagem: Yoshitaka Amano/Square Enix)

Diferente e ao mesmo tempo familiar

Final Fantasy nunca foi tão violento e cheio de palavrões quanto no seu décimo sexto volume, lançado recentemente. Final Fantasy XVI, além de ser um jogo mais intenso e de certa maneira maduro, traz uma jogabilidade que foge do normal da série, o que pode deixar alguns fãs mais conservadores um pouco incomodados. Mas mesmo assim, diferente à primeira vista, ele mantém o que caracteriza um jogo dessa série tão querida pelos gamers.

A história do jogo gira em torno de Clive, um cavaleiro de passado trágico que agora ruma por Valisthea em busca de vingança pela morte de seu irmão, morto por um Dominante, outra pessoa que, como o pequeno Joshua, tem a capacidade de evocar um dos Eikons, seres elementais poderosos. Sem um país para chamar de seu, o protagonista acaba sendo recrutado pelo Império de Sanbreque, que a todo momento se encontra em guerra com o reino de Waloed.

A vida de Clive sofre uma reviravolta durante uma batalha entre essas duas facções, onde ele fica conhecendo Cid, um idealista renegado que sonha com um mundo em que não haja fronteiras entre os homens, e que eles possam viver em harmonia. Infelizmente, para um lugar como Valisthea, onde o sangue é rotineiramente derramado nos embates em disputa pelos Cristais-Máter, a fonte de energia da magia desse mundo, que a cada dia se torna mais escassa, é um sonho que parece ser impossível.

Final fantasy xvi, square enix, rpg
Fenix, a letal Eikon que dá início à trama do jogo. (Imagem: Square Enix)

Diga adeus ao combate em turnos

Final Fantasy XVI traz uma série de mudanças à já estabelecida fórmula dos jogos Final Fantasy. Apesar de Final Fantasy XV já ter sido voltado mais para a ação, bem como o remake de Final Fantasy VII, este novo capítulo da saga traz um combate ainda mais focado neste quesito, lembrando muito a jogabilidade de Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin, desenvolvido pelo mesmo Team Ninja da trilogia Ninja Gaiden, lançado há pouco. 

Agora, além de ataques mapeados aos botões do controle, no caso ataques de espada e magia, há também a possibilidade de se usar habilidades especiais, estas que são aprendidas gastando pontos ganhos ao subir de nível. Como Stranger of Paradise, o combate gira em torno de duas barras de força dos inimigos maiores, como chefes e mini-chefes: uma é a de força vital, enquanto que a outra é a de armadura. 

O segundo medidor é dividido em dois segmentos, que conforme recebe dano, vai sendo gasta; ao esgotar metade, o inimigo começa a levar mais dano, pois sua armadura foi quebrada, e quando a barra se esvazia por completo, ele entra em um estado de atordoamento, em que é sugerido descer a lenha nele, afinal, está totalmente indefeso por alguns instantes. As batalhas rolam soltas utilizando-se dessa mecânica, combinadas a eventuais comandos rápidos como o de esquiva e de ataque repetido, como um Devil May Cry da vida.

No papel de Portador, que dentro da trama de Final Fantasy XVI é uma pessoa com capacidade de conjurar magias sem a necessidade dos cobiçados cristais, Clive é uma exceção à regra, já que a poucas horas na história do jogo, o rapaz descobre ser capaz de utilizar os poderes de mais de um Eikon, podendo trocar livremente entre eles com um toque do botão por parte do jogador. Cada um desses seres lendários confere ao herói uma gama enorme de habilidades únicas, as quais o uso inteligente durante o combate dará a Clive uma vantagem, especialmente quando está cercado de inimigos ou frente a frente com um chefe.

Final fantasy xvi, square enix, rpg
Velhos inimigos fazem uma ponta no novo jogo, como o Malboro. Não confundir com o cigarro. (Imagem: Square Enix)

Um Final Fantasy para qualquer tipo de jogador

Clive é um guerreiro exímio e graças ao seu treinamento, é capaz de feitos incríveis para se desviar dos ataques inimigos, tanto que quando uma esquiva é feita no momento certo, quase no contato da porrada inimiga com o personagem, há um bônus de dano e de pontos, o que faz com que valha muito a pena deixar para o último segundo possível para se desvencilhar das investidas alheias. E caso você não se sinta capaz de realizar tais feitos, é aí que entra um sistema bastante intuitivo dentro de Final Fantasy XVI para controlar seu grau de dificuldade.

Em seu cerne, é bastante simples: conforme você vai jogando, ganha certos itens especiais que podem ser equipados do mesmo modo que faria com pendentes ou medalhões; mas, no caso desses apetrechos, há benefícios atrelados à jogabilidade, como por exemplo, a execução automática das esquivas, ou até do uso de poções restauradoras de pontos de vida.

Mas esses auxílios não param por aí, existem alguns que pairam entre deixar o jogo mais fácil ou mantê-lo na dificuldade normal, apenas dando mais chance para você conseguir se virar melhor caso esteja encontrando problemas de timing, como no do desvio de ataques. Esse auxílio, quando habilitado, causa uma espécie de lentidão na hora exata em que ele deve ocorrer, aumentando as chances de um contra-ataque perfeito. 

Final fantasy xvi, square enix, rpg
A história de Clive tem doses generosas de drama, ação e muita emoção. (Imagem: Square Enix)

Uma trama envolvente, mas linear

Outra parte do novo jogo que pode desagradar fãs mais antigos, pelo menos de início, é a linearidade dos ambientes de Final Fantasy XVI. Não há um mundo aberto a ser explorado, por assim dizer. Ao invés disso, você joga fases em locais diferentes do mapa-mundi que podem ser repetidas o quanto você quiser logo que tiver acesso ao esconderijo de Cid, sem contar as muitas missões secundárias que são destravadas conforme a história do jogo avança. 

Isso significa que sim, não há muito o que se fuçar no mundo do jogo como um todo, mas em benefício de Final Fantasy XVI, pode-se dizer que a escolha pela linearidade é pelo puro benefício da história. Isso porque há muitos acontecimentos pré-determinados no decorrer dessas fases, fora que dentro desses ambientes planejados, há muitas possibilidades para a história se desenvolver, o que de fato acontece. 

E nisso, diga-se de passagem, a Square Enix caprichou e demais: Final Fantasy XVI conta com uma das histórias mais empolgantes desde o décimo segundo título da franquia. Há tempos que Final Fantasy vem tendo dificuldades em dosar a complexidade e diversão dentro de suas tramas, e como pudermos ver com Final Fantasy XIII e XV, quanto mais elementos os escritores tentam colocar na história para torná-la envolvente, mais a complicam, conseguindo o efeito contrário.

É algo que não ocorre em Final Fantasy XVI. A causa de Clive é simples no princípio e vai aos poucos desenrolando não só os acontecimentos envolvendo a jornada de vingança do protagonista, mas também o vasto pano de fundo de todo o conflito político do mundo do jogo, onde diversos grupos lutam para obter o controle da Tormenta, a área sob influência dos valiosos cristais.

Há uma clara influência das obras de George R.R. Martin no modo como Final Fantasy XVI trata de cenas e momentos da trama mais explícitos, sendo este o Final Fantasy em que mais sangue é visto em tela e expletivos são casualmente pronunciados por todos os habitantes de Valisthea. 

Final fantasy xvi, square enix, rpg
Dentre as muitas missões secundárias estão as caças a monstros especiais, uma tradição nos jogos Final Fantasy que não podia faltar no novo capítulo da série. (Imagem: Square Enix)

As semelhanças param por aqui

Apesar dessa semelhança em termos da história do jogo com a briga pelo trono de Westeros dos livros e da série da HBO, em entrevista, o diretor do jogo, Naoki Yoshida, apontou a principal influência para a história do novo Final Fantasy: nada mais nada menos que outro título da Square Enix, o clássico Dragon Quest V.

Do mesmo modo que a aventura de Clive, o quinto Dragon Quest também mostra a vida completa de seu protagonista, desde sua infância, passando pelos anos como adulto e casado, bem como seus filhos. Temos a oportunidade de ver um jovem e destemido guerreiro nos primórdios da história de Final Fantasy XVI e graças a isso, acabamos testemunhando seu desenvolvimento de personalidade em primeira mão, passando de um garoto aristocrata, porém corajoso, até se transformar no que vemos pelo resto do jogo. 

Seria muito fácil categorizar este novo Final Fantasy meramente como um experimento da Square Enix para trazer a série aos moldes atuais de RPGs de ação, mas isso seria um desfeito com o que foi entregue; dentre toda a roupagem mais séria, sombria e intensa, há o espírito de Final Fantasy que todo fã simplesmente pira em ver. Praticamente todas as classes de personagens fazem uma ponta no jogo, por exemplo, como é visto nos momentos iniciais, em que há uma luta com um dragoon, ou como o rei de Waloed é um dark knight digno de fazer frente a Kain, de Final Fantasy IV

Final fantasy xvi, square enix, rpg
A aparição de Ifrit e seu conflito com Fênix são o estopim para o mais puro caos em Valisthea. (Imagem: Square Enix)

Enfim, o veredito

Há um gostinho de elementos que caracterizam a franquia em todo o canto do jogo, mas não se engane: não dizemos isso só pela presença de chocobos ou moogles, ou até mesmo os Eikons, a interpretação de Final Fantasy XVI para os summons dos títulos anteriores. Tudo o que faz um Final Fantasy está lá, desde a impecável direção de arte e trilha sonora de peso até os personagens completos, com motivações e defeitos, incluindo o próprio Clive. Vale ressaltar que todos eles possuem falas lidas por atores, e as interpretações são excelentes, com destaque a Cid e sua voz barítona e pronunciada.

Final Fantasy XVI possui localização para o português brasileiro, mas infelizmente não conta com dublagem em nossa língua. Em compensação, o texto está muito bem adaptado ao idioma e consegue lidar muito bem com as diversas terminologias utilizadas pelo roteiro original sem recorrer a modismos ou simplificando-as exageradamente, como muitas localizações ao nosso idioma tendem a fazer. Há tempos que o nível das traduções vem subindo em qualidade, e nos impressionamos com o que vimos neste jogo, tanto nas legendas quanto no texto corrido dos incontáveis itens e manuscritos espalhados pelo game.

Em praticamente todos os departamentos, ficou claro que a Square Enix voltou com tudo e realmente colocou seu melhor no desenvolvimento de Final Fantasy XVI. O resultado final é uma emocionante e envolvente aventura digna de ser apreciada não só por fãs devotos da série, mas também aqueles que nunca sequer tocaram em um Final Fantasy. Graças à sua sutil implementação de ferramentas que dão ao jogador meios de controlar o quão fácil ou difícil sua experiência de jogo será, aliada ao altíssimo nível de qualidade do jogo em si, donos de PlayStation 5 com qualquer nível de habilidade serão capazes de curtir este mais novo capítulo de uma das mais longínquas e populares franquias dos videogames. 

Valeu e muito a espera por ele, sem sombra de dúvidas.  

Embarque nesta e em muitas outras aventuras navegando no Showmetech!

Fonte: IGN Nordic

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (26/06/23)

Final Fantasy XVI

Final Fantasy XVI
95 100 0 1
95/100
Total Score
  • Gráficos
    100/100 Excelente
  • Trilha sonora
    90/100 Incrível
  • História
    100/100 Excelente
  • Jogabilidade
    90/100 Incrível

Descubra mais sobre Showmetech

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

2 comentários
  1. HUM???

    “o texto está muito bem adaptado ao idioma e consegue lidar muito bem com as diversas terminologias utilizadas pelo roteiro original sem recorrer a modismos ou simplificando-as exageradamente, como muitas localizações ao nosso idioma tendem a fazer. Há tempos que o nível das traduções vem subindo em qualidade, e nos impressionamos com o que vimos neste jogo, tanto nas legendas quanto no texto corrido dos incontáveis itens e manuscritos espalhados pelo game.”

    A tradução de Chocobo claramente é Galgo. Tem razão em relação a itens e essas coisa, agora as personagem. Senhor quase morri umas vezes so de ler os nomes.

    1. Poxa, sério isso? Eu achei acima da média a localização. Vou conferir essas partes que você citou! Obrigado por ler o review! =]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados