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Em 2008, tive uma experiência fantástica com meu primeiro jogo de terror, Dead Space. Ambientado em uma estação espacial afetada por uma praga bizarra, o game misturou com maestria o que Resident Evil 4 havia conquistado quatro anos antes com uma completa modificação nas regras de combate com criaturas grotescas, e o título virou de fato um clássico.
Tendo duas sequências que não conquistaram tanto o público e que também foram aos poucos abandonando o terror da série, Dead Space acabou ficando dormente por muito tempo – até que a EA anunciou um remake do primeiro título, que gerou um tipo diferente de medo nos jogadores: que estragassem um título que ainda era tranquilamente funcional.
Mas é com um enorme sorriso no rosto que afirmo que isso não ocorreu, com o remake de Dead Space lançado há poucas semanas para o Xbox Series X/S, PC e PS5, ele é uma experiência fantástica e excelente. Confira nosso review:
Nunca foi tão bonito ter medo como em Dead Space Remake
Quem jogou o original estará em casa no remake de Dead Space. Mesmo que as tecnologias utilizadas no jogo tenham sido modificadas e atualizadas, e o jogo refeito do zero, o ambiente da estação espacial USG Ishimura continua familiar, mas agora detalhado de maneira impressionante, o que coopera muito com a vibe do título.
Jogando o remake no Xbox Series S – a versão com gráficos menos polidos – o impacto comparando o novo título com o original é bem absurdo, começando pelo próprio modelo do protagonista, Isaac, que conta com a icônica roupa de engenheiro espacial agora muito mais detalhada, fazendo a original parecer uma versão feita de papelão.
A iluminação também está excelente, mesmo sem o Ray Tracing disponível no console que utilizamos para testar o jogo. Eu fiquei embasbacado principalmente com uma das coisas mais simples do título: como a luz dos menus, emitida pela roupa de Isaac, serve para iluminar levemente os locais em que o personagem está. É um detalhe bobo, mas que mostra a qualidade técnica do game.
Porém, a beleza do jogo não está presente somente em lugares bons de se ver. Os Necromorphs, icônicos inimigos da série, agora são muito mais grotescos, com todas as partes dos corpos contando com detalhes como ossos furando a pele, tecido necrosado ou inflamações que tornam um olhar neles algo incômodo, cooperando com a sensação de desconforto que um bom jogo de terror deve causar.
Melhorias na jogabilidade também estão presentes
A melhoria gráfica é impressionante, de fato, mas a realidade é que ela não é a única forma na qual o remake de Dead Space melhora o original: a jogabilidade, que estava longe de ser ruim, consegue beirar a perfeição no novo.
Em geral, o chamado gunplay (termo utilizado para definir a interação do jogador com armas e contra inimigos) está semelhante ao original, com as regras do combate contra Necromorphs idênticas às originais: mire nos membros das criaturas, não na cabeça – que deve ser pisoteada quando eles estiverem imóveis – e as pequenas variações dependendo da classe do monstro, como congelar ou afins, também estão presentes.
O que mudou, e muito, é a interação do jogador com a USG Ishimura. No original, a estação espacial era extremamente linear, com os momentos em que estava mais aberta sendo os compostos pela sequência de gravidade zero, muito mais por uma limitação da mecânica em si do que pelo design da fase.
Já no remake, embora todos os lugares contem com familiaridade se comparados ao original, eles estão expandidos, permitindo maior exploração; além disso, a exploração das regiões da estação espacial não está somente limitada para a área foco do capítulo em que o jogador está, com Isaac podendo utilizar as estações de transporte para voltar a locais visitados anteriormente, algo completamente inexistente no original.
Isso cria uma certa dinâmica de pensar que, obtendo novos itens, é possível abrir novos caminhos, tal qual um metroidvania. Sinceramente, isso ocorre muito mais para segredos do jogo, com o desenvolvimento da trama seguindo praticamente 1:1 o que tínhamos no original, mas não deixa de ser uma boa adição para os fãs, eliminando necessidade de uma segunda campanha para achar colecionáveis, por exemplo.
Porém, a mudança mais importante e positiva do jogo está nas sessões de gravidade zero. Esqueça a frustrante progressão somente em linha reta do original, Isaac agora pode ser totalmente controlado durante essas sequências, eliminando insatisfação e tornando a experiência do jogo como um todo algo mais memorável, sem comentários destacando as partes que, no título de 2008, eram comentários comuns em todas as críticas como momentos horríveis.
Expansão da história
Mas as melhorias não acabam na jogabilidade: é impressionante o que o remake de Dead Space consegue fazer com a história da primeira aventura da franquia com a simples adição de fala para Isaac. Agora, o engenheiro reage aos chocantes momentos que acontecem ao seu redor, e isso é de uma ajuda extrema a vender para o jogador a tensão da exploração da USG Ishimura.
Além disso, a jornada de Isaac para encontrar sua esposa, Nicole, ganha mais destaque, com uma missão opcional totalmente focada nos experimentos e pesquisas que a cientista estava fazendo antes do surto de Necromorphs ter início na estação espacial – tornando o famoso final do jogo mais justificável, com um pano de fundo mais palpável.
Conclusão
O remake de Dead Space é o primeiro grande jogo de 2023, e ele faz por merecer esse título. É impressionante como todos os meus medos iniciais com ele foram perdidos em pouco mais de uma hora. A campanha segue o padrão de 12 horas do original, mas garanto que foram das mais divertidas que tive neste ano até agora.
Disponível para Xbox Series X/S, PS5 e PC, o novo Dead Space é uma experiência fantástica e recomendada, mesmo para quem não é fã de jogos de terror, já que a ação do título pode manter o pessoal com medo mas ainda sim engajado. Tendo oportunidade, jogue-o.
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Dead Space Remake - Xbox Series S
Dead Space Remake - Xbox Series S-
História8/10 Ótimo
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Jogabilidade10/10 Excelente
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Gráficos10/10 Excelente
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Trilha Sonora10/10 Excelente
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