Baldur's gate 3

REVIEW: Baldur’s Gate 3 é o melhor jogo dos últimos anos

Avatar de eduardo ariedo
O terceiro game da franquia tem tudo para ser lembrado por muito tempo, graças ao seu trabalho bem executado!

Após anos de expectativa, Baldur’s Gate 3 finalmente chegou para cativar os corações dos amantes de RPG. Felizmente, a espera e incerteza valeram a pena para aquele que pode ser considerado um dos melhores jogos da história. Esta obra-prima da Larian Studios é uma jornada sem precedentes e cada personagem novo seu viverá uma história única.

Seja por meio da narrativa envolvente, personagens carismáticos ou opções que realmente impactam o mundo ao seu redor, Baldur’s Gate 3 chega ao ápice do gênero ao tentar se abrir para o público mais casual, mas sem abdicar da complexidade dos CRPGS. O resultado é um jogo que deve ser degustado lentamente, explorando os mínimos detalhes de cada novo cenário em que entrar.

Tentaremos evitar spoilers ao máximo do jogo, mas o Showmetech deixa o aviso que a análise contará com imagens e uma breve citação de alguns acontecimentos para melhor contextualização. Apesar de não nos aprofundarmos em revelações importantes da trama, avance com cuidado!

Agora, caso você não queira ler uma análise do jogo em si, mas quer saber o que esperar do game, também preparamos um guia exclusivo para isso!

Baldur’s Gate 3 tem histórica épica

Baldur's gate 3
REVIEW: Baldur's Gate 3 é o melhor jogo dos últimos anos

Quando, em um de seus community updates mais recentes, a Larian Studios informou que as linhas de diálogos e cutscenes presentes no jogo eram equivalentes ao triplo do que Tolkien escreveu em Senhor dos Anéis ou o dobro da série Game of Thrones, parecia um eufemismo. Algo apenas indicado para gerar engajamento nas redes sociais e as pessoas ficarem surpresas com a imensidão da história. Entretanto, com o lançamento oficial de Baldur’s Gate 3, é possível ver que tudo isso realmente está ali e foi bem utilizado.

A trama do jogo encaixa as pontas de uma forma tão magistral que, conforme jogo, ainda me impressiono com a liberdade que tenho para decidir as minhas opções ao longo da jornada. Tudo o que faço enquanto ando pelos cenários do game parece ter consequência, seja ela a longo ou curto prazo. Se resolvo ajudar ou não um personagem, ele pode ser útil em um momento posterior da história e mudar completamente o contexto no qual estamos inseridos ou, se nego esse auxílio, posso ter eventos diferentes.

Por sorte, esses não são apenas alguns poucos momentos determinados pelos desenvolvedores do jogo, você, jogador, fica sempre com a impressão de que as coisas poderiam ser opostas caso alguma escolha sua fosse diferente ao longo do caminho. Percebo melhor esses detalhes conforme compartilho as minhas experiências com os outros jogadores que também estão nessa épica aventura por Baldur’s Gate 3, apesar de termos feito escolhas parecidas, a sucessão de acontecimentos entre nossos jogos foi completamente diferente. Alguns conheceram personagens que os outros não, enquanto o caminho de um grupo teve alguma batalha que o outro sequer sabia que existia.

Por exemplo, apenas no primeiro ato do jogo, cada um de nós chegou a uma passagem subterrânea de forma diferente, seja através de um quebra-cabeça que revelou a passagem, por um portal escondido no meio da floresta ou por túneis esquecidos em cavernas. Isso que torna Baldur’s Gate 3 um jogo maravilhoso, ele te dá a mesma sensação de liberdade que The Legend of Zelda: Tears of The Kingdom ou Breath of The Wild dão aos jogadores, mas de formas diferentes. Nos jogos da Nintendo, você sente que consegue explorar o mapa como quiser, enquanto no game da Larian Studios, tudo na narrativa parece possível.

Além disso, a história do jogo não perde a qualidade conforme o tempo passa. Muitos jogos costumam ficar arrastados a partir de sua segunda metade, enrolando em eventos importantes justamente para contabilizar mais horas e parecer que nossa diversão naquela jornada foi melhor. Entretanto, aqui, não há enrolação. Tudo foi amarrado com extrema maestria pelos roteiristas do game, um evento desencadeia outro de forma que faz sentido, mesmo que no meio do caminho você escolha por tomar uma decisão completamente diferente da esperada. Quer trair aquelas pessoas que confiaram em você há tempos? À vontade, a trama se moldará a isso.

Personagens memoráveis

Umbralma conversando em baldur's gate 3
Os diálogos entre os personagens são um espetáculo à parte

Desde o Acesso Antecipado, parte da comunidade dos fãs de CRPG fizeram algumas reclamações sobre a baixa variedade do elenco de personagens principais que o acompanhariam em sua jornada como membros do grupo. Essas reclamações fazem sentido, já que quando olhamos para as nossas opções, realmente tudo parece um pouco genérico, já que não existem companions anões, goblins, gnomos ou de outra raça mais exótica. Todos são tieflings, elfos ou humanos.

Entretanto, antes de emitirmos julgamentos apressados, vale a pena explorar as profundezas desses personagens aparentemente “genéricos”. A verdadeira magia de Baldur’s Gate 3 reside na complexidade das histórias que cada um carrega consigo. A despeito da falta de diversidade racial, seus passados e motivações são tecidos com um cuidado meticuloso, sendo que cada um, por mais comum que possa parecer à primeira vista, traz consigo camadas interessantes para a trama.

Suas observações sobre as ações tomadas, os cenários explorados e as interações uns com os outros ou com o protagonista não apenas acrescentam vida ao mundo do jogo, mas também evocam um sentimento de autenticidade. Cada comentário, cada reação, é como uma pincelada de personalidade que dá cor ao universo de Baldur’s Gate 3.

A Larian Studios demonstrou um compromisso notável na construção desses personagens, exalando uma paixão palpável por suas histórias e trajetórias. A diversidade não se limita às aparências físicas, mas sim à riqueza de emoções e conexões entrelaçadas na trama. Embora admitamos que a qualidade pode variar entre eles, é inegável que cada um recebeu uma dose de atenção e cuidado que os torna mais do que simples avatares digitais.

Obviamente, apesar de sempre ficar em nossa imaginação a possibilidade dos “e se tivéssemos um Draconato paladino servo de Bahamut, o Rei dos Bons Dragões?”, o jogo entrega um bom conteúdo. O maior problema, no final, é o espaço do grupo, já que apenas 4 personagens podem se aventurar pelas masmorras e você terá dificuldade de decidir qual deve ser o companheiro ideal.

Dublagem agrega à história

As vozes agregam na imersão

Apesar de não existir localização das vozes para o nosso idioma, o que é uma pena, também não podemos negar a magnitude do trabalho de dublagem em inglês que compõe os diálogos desse jogo. A Larian fez uma escolha meticulosa das vozes e a dedicação investida na representação vocal dos personagens confere uma dimensão adicional à narrativa, evocando muito bem os sentimentos e emoções que transcendem as barreiras do idioma.

A dublagem em Baldur’s Gate 3 não se trata apenas de alguém lendo o texto; o trabalho de cada profissional para transformar as linhas escritas em vida foi excelente. Quando falamos dos personagens principais, nos quais é possível observar melhor as nuances emocionais de cada um, vemos que elas estão bem expressadas. Sendo assim, essa habilidade de infundir as emoções nos diálogos contribui muito para a narrativa do game.

O peso do drama, a intensidade das emoções de cada um conforme acontece o que eles desejavam ou perdem algo importante são transmitidos com uma autenticidade incrível que apenas um trabalho de alta qualidade pode alcançar.

É, portanto, uma lástima que esse jogo maravilhoso que é Baldur’s Gate 3 não tenha sido localizado para o português, privando os muitos de nós de estarmos mais imersivos ainda na história. Então, para quem é capaz de compreender inglês bem, compreenderá que a dublagem é uma das joias acrescentadas a coroa desse jogo épico.

A voz da Narradora

Nos últimos dias, Amelia Tyler compartilhou um pouco do processo de dublabem do jogo

Em um gênero no qual a narrativa é um dos pilares fundamentais dos jogos, a presença de uma voz narradora não é novidade. No entanto, o que diferencia Baldur’s Gate 3 é a forma habilidosa como essa ferramenta é empregada, conferindo à experiência um toque de autenticidade e profundidade que nos faz sentir como heróis de um épico mágico. Amelia Tyler, com sua voz versátil e envolvente, age como um elo invisível entre o jogador e o mundo virtual, uma narradora onipresente que guia e mergulha você nas emoções e aventuras como um mestre de RPG de mesa.

É como se a própria essência do gênero de RPG de mesa tivesse sido destilada e infundida em Baldur’s Gate 3, graças à intervenção mágica de Tyler. Sua narrativa habilmente construída nos transporta para a própria trama, nos fazendo sentir como personagens essenciais em uma epopeia lendária. Quando ela emerge no meio da história, é como se o véu entre o jogador e o protagonista digital se dissolvesse momentaneamente, lembrando-nos de que estamos, de fato, controlando as rédeas da aventura.

A voz de Amelia Tyler é como um feitiço encantado, atraindo nossa atenção e nos guiando pelo labirinto de decisões e desafios que Baldur’s Gate 3 oferece. Ela molda a atmosfera, ilumina cada cenário com descrições vívidas e injeta um senso palpável de urgência nas batalhas e encontros. A forma como ela surge, muitas vezes aparecendo nos momentos mais oportunos, cria uma experiência semelhante a um RPG de mesa, no qual um mestre habilidoso interage com os jogadores, tecendo o enredo com toques de mestria.

Não é surpresa que Amelia Tyler tenha sido a escolha perfeita para dar vida a essa “personagem” narradora. Sua experiência no gênero de CRPG, especialmente em jogos de Pathfinder, a posiciona como uma voz familiar para os fãs desse estilo. Sua capacidade de emprestar profundidade emocional a cada linha de diálogo e fazer com que até mesmo as descrições mais mundanas se tornem memoráveis contribui significativamente para a imersão e o impacto emocional do jogo.

Tradução com alguns problemas

Funestus em baldur's gate 3
Um erro de tradução fez muitos jogadores acreditarem ser possível alterar a aparência!

Entendemos que Baldur’s Gate 3 é um jogo colossal em escopo, com milhões de linhas de diálogo para serem descobertas pelos usuários. Entretanto, durante as minhas aventuras, apesar de louvar o trabalho da equipe de tradução, não dá para ficar sem reparar em alguns pequenos problemas dela – como diálogos ainda em inglês que surgem do nada ou erros ortográficos.

Jogabilidade moderna

Gale interagindo com o personagem
Excelente para os veteranos e convidativa para os novatos, assim é a jogabilidade de Baldur’s Gate 3

Para os fãs que se aventuraram pelos dois primeiros Baldur’s Gate, a jornada no terceiro jogo da série pode parecer um pouco estranha no começo. A jogabilidade passou por grandes mudanças e ela parece mais com Divinity: Original Sin 2, outro jogo da Larian Studios, que com o que os clássicos. Entretanto, isso não significa que esteja horrível.

Os desenvolvedores conseguiram adaptar muito bem o sistema que já conheciam para que ele fosse adequado às regras de Dungeons & Dragons e o resultado disso tudo é uma jogabilidade fluída. Apesar de ela ser um pouco mais simples em relação ao último projeto da empresa, ao mesmo tempo, está mais convidativa para os jogadores que nunca tiveram contato com um cRPG na vida; isso foi um ponto fundamental para que Baldur’s Gate 3 conseguisse furar a bolha de seu nicho.

Entretanto, ainda conseguimos observar que alguns costumes da Larian Studios continuam no jogo. Por exemplo, dialogar com animais ou mortos-vivos é uma mecânica que está presente em diversos momentos da sua jornada e a depender da sua composição do grupo ou até mesmo do personagem principal. Então, caso você não tenha acesso as essas magias ou itens que te concedam essa habilidade, é um conteúdo que pode perder por completo – incluindo alguns itens e missões secundárias.

Combate por turnos é o charme

Combate em baldur's gate 3
O combate em turnos combina muito bem com a gameplay!

Logo em seus primeiros minutos na jornada por Baldur’s Gate 3, uma das características que mais saltam aos olhos é o sistema de combate em turnos, que oferece aos jogadores uma experiência profundamente estratégica e envolvente. Quando enfrentamos os inimigos, é como se jogássemos um jogo de xadrez, em que cada movimento precisa ser cuidadosamente pensado. Nessa abordagem, somos recompensados com a capacidade de analisar todas as opções disponíveis, tomar decisões calculadas e, mais importante, interagir com o ambiente de maneira excepcionalmente complexa.

Cada ação, seja um ataque furtivo ou um feitiço poderoso, deve ser pensada cuidadosamente antes de ser executada, caso contrário, um movimento em falso e isso pode ocasionar em derrota num combate já ganho. Essa abordagem estratégica não apenas adiciona uma camada legal e complexa à jogabilidade, mas também se assemelha à experiência de estar sentado numa mesa com seus amigos durante Dungeons & Dragons. A sensação de estar imerso em um universo de fantasia, repleto de possibilidades, é acentuada pelo ritmo cadenciado do combate em turnos, lembrando os momentos de suspensão enquanto se rola um dado para determinar o destino dos personagens.

Pathfinder kingmaker
Apesar do seu charme, o combate em tempo real com pausas não combinaria para BG3! Imagem: Reprodução/The Scientific Gamer

Uma das maravilhas do sistema de combate em Baldur’s Gate 3 é a capacidade de aproveitar o cenário e as mecânicas de jogo de maneiras criativas e gratificantes. Em muitos casos, é simplesmente satisfatório permitir que um vilão solte seu monólogo decorado sobre o plano, apenas para escolher um personagem diferente e empurrá-lo abruptamente de um penhasco, mergulhando-o no abismo sem piedade. Você pode perder um item raro que ele estava usando? Sim! Entretanto, essa liberdade de interação com o ambiente, combinada com a habilidade de criar emboscadas elaboradas, surpreendendo os oponentes, oferece um senso de liberdade excelente.

No entanto, mesmo que o combate de Baldur’s Gate 3 seja incrível, é inevitável questionar como o game poderia ter funcionado com sua jogabilidade tradicional, o aclamado combate em tempo real com pausas. Enquanto seria legal imaginar umas batalhas sendo travadas de forma frenética, a verdade é que o jogo foi meticulosamente projetado para esta abordagem específica.

A complexidade das mecânicas, a riqueza dos detalhes e a interação intensiva com o ambiente simplesmente não se encaixariam de maneira coesa em um sistema de batalhas em tempo real. As escolhas dos desenvolvedores demonstram não apenas uma compreensão profunda do universo de Baldur’s Gate, mas também uma apreciação pela narrativa e pela estratégia intricada que só podem ser totalmente apreciadas através do combate em turnos. Para os novatos, podem ficar felizes, já que apesar dessa enorme gama de opções, o jogo ainda é menos complexo que Divinity: Original Sin 2.

Exploração em mapas enormes

Mapa de baldur's gate 3
Os mapas são colossais em Baldur’s Gate!

A exploração é um dos aspectos mais importantes de qualquer grande RPG em mundo aberto do mercado. Dessa forma, a maneira como os desenvolvedores constroem seus mundos para permitir que o jogador visite diversos cenários é bem interessante, algo que a Larian Studios fez com louvor em Baldur’s Gate 3, respeitando os clássicos. É algo também semelhante ao The Witcher 3, da CD Projekt Red, game mais recente do mercado que também aborda essa mecânica de exploração em um universo aberto, mas ao mesmo tempo fragmentado.

Ao traçar um paralelo entre esses dois jogos, fica evidente que ambos compartilham a visão que a qualidade supera a quantidade quando se trata da construção do mundo. Em vez de se apegar à tendência de criar vastos territórios abertos da indústria, repletos de espaços vazios, ambas as equipes optaram por dividir seus universos em várias áreas menores, cada uma dotada de um grau notável de complexidade e profundidade.

Baldur’s Gate 3 adota essa abordagem de maneira magistral. Cada enclave, floresta e cidade que compõe seu mapa cativante é um microcosmo por si só, repleto de possibilidades intrigantes. A liberdade de interação é um dos principais pilares aqui, onde os jogadores são incentivados a abordar desafios e enigmas de maneiras distintas, resultando em uma sensação de domínio e controle sobre o ambiente.

Umbraeterna em baldur's gate 3
Um exemplo da liberdade é que existem diversas possibilidades para chegar nesse mapa

Volta ao ponto que falei acima na narrativa, onde suas decisões podem levar a caminhos diferentes, o cenário também contribui para isso. Nos primeiros minutos se aventurando por terra firme, os caminhos indicam que devemos visitar um Santuário de Druida, mas essa é uma das possibilidades apenas. O local não está ali bloqueando sua passagem, você tem a chance de simplesmente ignorá-lo para ver o que mais é possível fazer pela região e só depois voltar ali, algo que se reproduz ao longo de todo o game.

A exploração muitas vezes leva a masmorras elaboradas, cada uma melhor que a outra. Os ambientes são complexos, com quebra-cabeças e armadilhas posicionados por vários lugares dão um charme a mais e mostra que a Larian Studios respeitou as heranças que herdou de D&D. Todos os mapas são complexos, bem planejados e mostram ainda mais o carinho da empresa sobre o jogo.

Câmera estranha

Câmera em baldur's gate 3
Às vezes ela entra em ângulos desfavoráveis

Talvez o maior problema que encontrei em minha jornada pela Costa da Espada residiu na qualidade da câmera. Mesmo tendo jogado o Acesso Antecipado por muito tempo, ainda fico um pouco decepcionado como em Baldur’s Gate 3 ela consegue ser um grande problema. Muitas vezes assume ângulos desfavoráveis, dificultando visualizar corretamente o entorno. Além disso, em momentos críticos, a visão é frequentemente obstruída por objetos, prejudicando a jogabilidade.

Várias vezes, principalmente durante os combates, a parte mais crucial do game, me encontrei com dificuldades em clicar no inimigo que realmente queria acertar ou até mesmo encontrá-lo, já que ele estava numa posição do mapa muito desfavorável. Não que a câmera seja ruim ou arruinará sua experiência completamente, mas dentre todas as imensas qualidades presentes em Baldur’s Gate 3, ela é uma que está contra a maré.

Ótima customização de personagem

Halfling bárbaro em baldur's gate 3
A fúria dos pequenos pode ser desencadeada graças aos novos atributos!

Até o começo da quinta edição de Dungeons & Dragons, uma das principais marcas registradas da série residia no fato da raça escolhida para a personagem no RPG de mesa tinha um grande impacto em diversas mecânicas do game. Por exemplo, ao escolher um elfo, algumas classes se tornavam mais acessíveis, enquanto outras deixavam de ser uma opção por conta dos atributos recebidos e perdidos.

Essa foi uma abordagem que, durante seu período de acesso antecipado, Baldur’s Gate 3 também teve. Nunca foi ruim, até certo ponto dava mais peso para suas escolhas durante a criação do personagem, mas assim como D&D modificou essa regra, o jogo da Larian Studios também passou por alterações e incluiu isso como padrão. Apesar de ser controverso para os jogadores antigos, acho que essa foi uma decisão acertada, principalmente quando falamos de um universo repleto de possibilidades.

Tanto em D&D quanto no Acesso Antecipado de Baldur’s Gate 3, não poderíamos levar nossa criatividade ao auge devido a esse mecanismo limitante, mas agora, qualquer ideia maluca que se passe por nossa cabeça, por mais estranha que seja, está liberada. Isso torna qualquer personagem viável, sem passar a impressão de que estamos fracos em relação aos outros inimigos, então, você é livre para construir seu anão feiticeiro ou um elfo bárbaro sem se preocupar com esses detalhes.

Gráficos excelentes para um CRPG

Pendor das sombras em baldur's gate 3
Os gráficos estão maravilhosos, de forma geral

Se comparado a alguns dos gigantes modernos da indústria, Baldur’s Gate 3 pode parecer levemente ofuscado em termos puramente gráficos, mas quando colocamos lupa sobre o universo dos cRPGs clássicos e modernos, a beleza investida nesse título da Larian Sutidos brilham com intensidade. O trabalho dos criadores da empresa durante esse tempo, o cuidado deles em cada parte do ambiente e outros detalhes é admirável.

Acima de tudo, uma das conquistas mais notáveis de Baldur’s Gate 3 reside na maneira como ele traz os NPCs à vida. Pela primeira vez em um cRPG, eu pude realmente olhar para meus personagens favoritos e ter a impressão de que eles não são mais meras ilustrações ao lado de caixas de diálogo; mas sim seres palpáveis, com olhares que transmitem uma gama impressionante de sentimentos, aprofundando a conexão entre mim, o jogador, com a narrativa e aquele universo sensacionalmente.

A interação com os personagens é elevada a um novo patamar de realismo. O leve franzir de sobrancelhas de um aliado em dúvida ou o sorriso cúmplice de um parceiro em um momento de triunfo nos envolve de maneira que vai além das palavras faladas. Cada linha de diálogo é aprimorada pelo sutil movimento dos lábios, pela mudança na postura corporal, e isso não apenas nos mantém engajados na história, mas também reforça o sentimento de que estamos participando ativamente de um mundo ricamente construído. Talvez o único problema seja alguns sorrisos safados dados pelos personagens em diversos momentos.

Astarion em baldur's gate 3
É uma interação jamais vista em outros jogos do gênero!

Felizmente, essa qualidade não está apenas limitada aos personagens em si. À medida que avançamos pelos capítulos e locais da jornada, somos surpreendidos pela transição perfeita entre ambientes luminosos e sombrios. Seja explorando áreas ensolaradas e exuberantes ou mergulhando em regiões nas profundezas da Costa da Espada, o jogo nos conduz por alterações surpreendentemente. Em um momento, você pode estar numa margem bonita de praias e, pouco tempo depois, se sentir dentro das páginas dos livros de terror psicológico.

Então, nesse universo de cRPGs Baldur’s Gate 3 não é apenas um mero concorrente; é um farol de realização artística e tecnológica. Embora possa não brilhar tão intensamente quanto os gigantes contemporâneos, seu poder reside na riqueza dos detalhes. Os desenvolvedores realmente se dedicaram pela criação de um mundo visualmente deslumbrante e imersivo, onde cada cenário conta sua história.

Desempenho e bugs

Cenário de baldur's gate 3
Existem poucos bugs pelo jogo

Baldur’s Gate 3 é um dos melhores jogos do ano, isso não há dúvidas, entretanto, nem mesmo todo o trabalho realizado pela Larian Studios livrou o jogo de alguns bugs. Felizmente, eles são poucos, ocasionalmente relacionados a algumas raras missões que não são engatilhadas na hora certa e resta a você, jogador, dar reload ou arrumar uma forma de dar continuidade aos diálogos – como, por mais estranho que seja, atacar o NPC com quem você precisa conversar.

Na maior parte do tempo, o FPS que o jogo consegue atingir é estável, com algumas quedas ocasionais em momentos de lutas grandiosas, onde os inimigos estão amontoados em um mesmo lugar; resolvi aproveitar a oportunidade para combinar um pouco de pólvora com uma bola de fogo. A explosão que deu como resultado de tudo isso foi o suficiente para que a taxa de quadros caísse para algo bem abaixo dos 30 por segundo.

Requisitos para jogar Baldur’s Gate 3

MÍNIMORECOMENDADO
Sistema Operacional: Windows 10 64-bitSistema Operacional: Windows 10 64-bit
Processador: Intel I5 4690 / AMD FX 8350Processador: Intel i7 8700K / AMD r5 3600
Memória: 8 GB de RAMMemória: 16 GB de RAM
Placa de vídeo: Nvidia GTX 970 / RX 480 (4GB+ of VRAM)Placa de vídeo: Nvidia 2060 Super / RX 5700 XT (8GB+ of VRAM)
DirectX: Versão 11DirectX: Versão 11
Armazenamento: 150 GB de espaço disponível (SSD)Armazenamento: 150 GB de espaço disponível (SSD)

Preço e disponibilidade

O jogo já está disponível para computadores e pode ser adquirido na Steam por R$ 199,99. Entretanto, caso você queira jogar Baldur’s Gate no console, a versão de PS5 do game sai no dia 6 de setembro para a plataforma, sendo que já é possível fazer a sua encomenda na PlayStation Store por R$ 299,99!

Por fim, a versão dos consoles da Microsoft ainda não recebeu data oficial de lançamento.

Conclusão

Thorm em baldur's gate 3
A análise de Baldur’s Gate 3 mostra que ele tem de tudo para estar entre os favoritos do The Game Awards

Em um ano que tivemos o lançamento de The Legend of Zelda: Tears of The Kingdom, eu não me imaginava tão apaixonado assim por outro título. Vale a pena jogar Baldur’s Gate 3 se você é uma pessoa interessada em viver uma história realmente épica, repleta de nuances em sua narrativa e principalmente se sentir parte de um mundo onde suas decisões podem influenciar tudo, a curto ou longo prazo.

O trabalho da Larian Studios, desde que o game entrou em Acesso Antecipado lá em 2020, foi louvável. Escutou a comunidade como ninguém, entendeu o que incomodava os jogadores e adaptou-se da melhor forma. É possível notar isso com mudanças importantes na trama de alguns personagens que acompanham o grupo, sendo essas histórias completamente diferentes de quando finalizei o que poderia se fazer durante o primeiro ato do game.

Então, por mais que parte da comunidade de desenvolvimento de games do mercado diga que Baldur’s Gate 3 deve ser considerado uma grande anomalia pelo nível técnico que conseguiu atingir, eu discordo em partes dessa informação. Para uma indústria dos jogos AAA, que movimenta milhões todos os anos, lançar um game que pode ser aproveitado do início ao fim sem problemas imensos com desempenho ou bugs, deveria ser o verdadeiro padrão.

Por outro lado, entendo que para o gênero em si de cRPGs, o game da Larian conseguiu um feito incrível, que foi o de quebrar a bolha de seu nicho e engajar com um público muito maior do esperado. É um feito realmente incrível, então, para essa indústria em específico, não acho que BG3 deva ser considerado um padrão, já que os investimentos são altos e atingir o mesmo nível de sucesso desse jogo pode ser uma tarefa impossível.

Enfim, qualquer seja o seu estilo de jogo, esse game deve ser uma opção obrigatória. Não estou falando que você deve gostar do resultado, mas sim dar uma chance para conhecer melhor um pouco mais desse universo e o trabalho realizado pelos desenvolvedores. Em um paralelo com o RPG de Mesa, Baldur’s Gate 3 atingiu um patamar de qualidade tão alto que é como se cada aspecto do jogo tivesse rolado um 20 no dado!

VEJA MAIS

O sucesso de Baldur’s Gate 3 não para e ele é o mais bem avaliado do ano!

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (10/08/23)

Vale a pena jogar Baldur's Gate 3?

Vale a pena jogar Baldur's Gate 3?
10 10 0 1
10/10
Total Score
  • História
    10/10 Excelente
  • Gráficos
    10/10 Excelente
  • Jogabilidade
    10/10 Excelente
  • Desempenho
    10/10 Excelente

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28 comentários
  1. a proposta do game é interessante demais mas o que mais me interessou foi a criatividade artística, bem bonita!
    boa análise, parabéns!

  2. Cara, eu jurava que era uma espécie de Diablo com outro nome, percebo que estava totalmente enganado, tem a mesma origem, porém é executado diferente, vale a pena dar uma olhada pra jogar

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