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Desenvolvido individualmente pelo canadense LocalThunk e lançado pela Playstack, este novo jogo traz emoção e muito vício por meio do gênero de jogo de cartas roguelike. Confira nosso review de Balatro abaixo!
A completa perdição e a açucarada glória andam de mãos dadas
Você não vai querer jogar Balatro. É isso mesmo que você leu: Balatro é um jogo extremamente perigoso, do tipo que te pega de uma maneira e não larga de jeito nenhum. Então, não pense em jogá-lo. Ele irá dominar a sua vida, passará a ser a única coisa em sua mente e gastará todo o seu tempo livre de tão viciante que é.
No entanto, se você decidir enfrentar esse desafio, tenha em mente o que faz dele algo tão perigoso. De início, Balatro pode parecer um jogo de pôquer comum, já que ele respeita as mesmas jogadas básicas do clássico de cartas. Nele, com um baralho de 52 cards, você ganha pontos ao formar pares, sequências de números (straights), entre outras, da mesma maneira que faria em uma mesa de um cassino.
É no modo que ele trata cada rodada que as coisas ficam bem diferentes: Balatro conta com uma quantidade absurda de coringas, cada um com seu efeito único, podendo ser um multiplicador de pontuação, levar em conta uma certa combinação de cartas a seu favor, ou até modificar diretamente as cartas na sua mão, facilitando as jogadas, te deixando cada vez mais próximo da vitória.
Cada rodada é dividida em três partidas: uma com um prêmio (blind) pequeno, outro maior e o chefe. Esse último traz um fator de dificuldade maior, mudando o seu jeito de jogar de maneiras aleatórias e desafiantes, como começar a primeira mão com todas as cartas viradas de costas, a invalidação de um certo naipe, um único tipo de jogada permitido, ou a que eu acho a pior, ter de resolver a partida em uma única mão. Caso você não consiga bater a meta de fichas, é game over.
Mas não se preocupe, porque há muitas maneiras de se conseguir isso e vencer, e ainda mais de perder. E não são só os coringas que mudam radicalmente a cada partida. Há também cartas de tarô, que por sua vez podem agir diretamente no seu deck, modificando as cartas e seus efeitos, ou até mesmo trocando o naipe delas. Junto delas estão as cartas dos planetas, alteradoras dos multiplicadores de cada tipo de jogada de pôquer que você faz. Essas podem ser usadas mais de uma vez dependendo da sua sorte em tirá-las, beneficiando estratégias e mudando, às vezes, de maneira violenta e sem aviso, o seu estilo de jogo.
Se vira nos 30, ou melhor, nas trincas
Por isso, ter jogo de cintura é muito importante ao se jogar Balatro, porque é praticamente impossível prever o que pode acontecer quando se começa uma partida. De início, as regras de Balatro podem parecer malucas – na real, elas são! – mas conforme você vai ganhando experiência e aprende as manhas, ele mostra o seu grau de profundidade, e quando você menos percebe, já terá jogando 10, 20, 30 horas…
Da mesma maneira que um roguelike tradicional como Dead Cells, apesar de ter de começar desde o início a cada nova partida, tudo que você encontra durante elas é salvo em seu arsenal, o que, por sua vez, serve para destravar mais modos de jogar, que são muitos. Por exemplo, há diferentes tipos de decks com uma variedade absurda de vantagens e desvantagens, como um dos primeiros, o azul, que te dá uma jogada a mais a cada partida, até o verde: com ele, além de receber um bônus por não descartar e sobrar cartas na mão, você deixa de obter mais dinheiro por jogo, entre muitos outros.
Isso porque a grana que se ganha é usada entre partidas para comprar mais coringas e outras cartas modificadoras, além dos pacotinhos com novidades para o seu deck. É também possível pular essa fase e a rodada, o que pode te dar benefícios na próxima tela, com o risco, claro, de se ferrar bonito na rodada seguinte, pois a cada vitória, o número de fichas necessárias para ganhar vai subindo. Enquanto que é bom brincar com a sorte e sair da zona de conforto pulando rodadas, nem sempre é a melhor ideia, dando a você a chance de sair por cima ou afundar de vez seu jogo.
Onde jogar e o quanto você vai pagar por este jogaço
Balatro está disponível para praticamente todos os consoles e sistemas de computador mais populares do mercado. O preço vai variar dependendo da loja virtual que optar usar, já que não há a opção de compra de mídia física do jogo.
O preço mais baixo é o praticado pela eShop do Nintendo Switch e o Steam: neles, Balatro sai pela atrativa etiqueta de R$44,99. No Xbox, o preço sobe um pouquinho, para R$54,95, enquanto que no PlayStation ele chega a custar quase o dobro do portátil híbrido da casa do Super Mario, batendo R$74,50
Mas então… Balatro vale a pena?
Sabendo de tudo isso, vendo que Balatro é um jogo com conceito simples mas com muita, muita complexidade que se revela quanto mais se joga, você pode ainda vir me perguntar se deve jogá-lo. Brincadeiras à parte com o título e abertura do review, sim, Balatro é um jogaço que lhe renderá muitas horas de diversão e tanto quanto ou mais de pura agonia. É do tipo de jogo que você debaterá deletar de seu computador ou console, para então colocá-lo no pedestal de melhor do ano ainda em março, tudo em uma questão de minutos.
Esse é o poder dessa brilhante criação vinda de um único desenvolvedor, alguém que foi capaz de pegar as melhores partes de um gênero que, francamente, há muito tempo já deu o que tinha que dar, e combinar com o milenar pôquer, uma combinação diabólica e explosiva com potencial de te deixar perdidamente apaixonado por ele e viciado de uma maneira que jogos até pouco tempo proibidos no país são capazes de fazer.
Balatro é inteligente e repleto de momentos que lhe farão parecer um gênio absoluto, enquanto que em outros, você achará que é uma anta completa. É assim que um jogo sugador de horas age na mente do jogador, não só porque é algo que incentiva com a doce recompensa do sucesso, mas também com o sabor amargo da derrota, da humilhação, daquela faísca de vitória que é apagada aos pisões pelos desafios cada vez maiores desse jogo.
Sinceramente, este jogo é do tipo de coisa que traz a ambivalência da relação que todos nós fazemos do tempo gasto com o aproveitamento em uma atividade, e como a gente gostaria de que ter um prêmio depois das horas passadas realizando algo, uma expectativa nem um pouco realista, dura lição aprendida por muitos que almejam serem bons em alguma coisa. É o mesmo com Balatro. Sim, quanto mais se joga, mais você o entende, mas a vitória não vem com o tempo se você não agir.
Perdeu? Não continue batendo sua cabeça contra a parede, passe a agir de maneira diferente e TALVEZ consiga ganhar. Não há garantias em um jogo como Balatro e é exatamente por isso que é uma experiência única e imperdível. Para cada sopapo que você leva, há sempre a chance de cair nos braços da vitória, doce e gloriosa. Não é uma questão de tempo e sim de esperteza.
Por isso, não, você não deve jogá-lo…
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Balatro
Balatro-
Apresentação85/100 IncrívelBalatro não é um jogo que irá balançar as estruturas com seus gráficos nem com nada sonoro, mas não chega a ser feio. Há uma enorme quantidade de cartas de coringa, algumas com temas bastante engraçados. A música do fundo não é exatamente uma obra-prima, mas também não incomoda.
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Jogabilidade100/100 ExcelenteÉ aqui que o jogo brilha. Balatro é simples de entender mas traz muitas camadas e mecânicas incríveis de jogo que você irá aos poucos desvendar conforme vai jogando. É incrível o fato de ter sido criado por um desenvolvedor solo.
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Diversão95/100 ExcelenteOs 5 pontos deduzidos desta pontuação são para os jogadores que vão se frustrar logo de cara, querendo jogar seu videogame contra a parede por causa de Balatro. Para os que não continuarão tentando e se divertindo no processo, dedico esses pontinhos.
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Longevidade100/100 ExcelenteEi, coordenador, dá para dar mais de 100 pontos em uma categoria? Não? Ah, então fique com os 100, Balatro. Sim, este é daqueles jogos que você não vai querer apagar, ou talvez o exato contrário. Zoeira de lado, é fácil me imaginar jogando por mais uma ou dez centenas de horas, ainda mais se houver DLC…
Prós
- + Quanto mais você joga, mais encontra mecânicas e estratégias novas;
- + É sempre fácil recomeçar e tentar de novo;
- + Muito para destravar e jogar de modo diferente;
Contra
- - As horas que você vai gastar jogando que poderia ter lavado a louça, levado o cachorro para passear, aprendido uma nova língua…
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