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“Esse jogo tá lindo demais!”, “Vontade de ficar parado curtindo a paisagem” – essas foram algumas das mensagens que recebi ao compartilhar em minhas redes sociais que havia começado a jogar A Plague Tale: Requiem. Sim, as vistas e paisagens fantasticamente bem desenhadas, com patamar máximo em noção de escalas, são um deleite aos olhos logo nos primeiros minutos.
Porém, as avalanches de ratos, escuridão envolvente e violência iminente que tomam conta do ambiente, sempre antecedidas por um som específico – um aviso de que algo horrível está prestes a acontecer, fazem a contraposição da experiência com profundidade.
Por essas e outras, o Asobo Studio provou que é terrivelmente talentoso, conseguindo dar uma sequência quase perfeita ao premiado A Plague Tale: Innocence. Confira o review completo!
A calmaria antes do caos
Tudo começa muito tranquilo e entre brincadeiras de esconde-esconde, seis meses após os eventos de A Plague Tale: Innocence, em que Amicia e Hugo lutaram para sobreviver à caça da Inquisição em meio a uma praga que varreu a França do século XIV. Por mais que a dupla de irmãos ainda esteja a procura de uma maneira de tirar a maldição da mácula de Hugo, uma cidade segura parece ter proporcionado momentos de paz. Junto à sua mãe, Beatrice, e o alquimista em treinamento Lucas, eles encontram um lugar minúsculo e isolado para viver em tranquilidade. O que não dura muito.
A serenidade repleta de cores dá lugar a cenários sombrios, em instantes, as ondas de roedores estão de volta. Assim como seu antecessor, esse é um jogo do gênero furtivo com muita tensão e brutalidade, num mundo maior e com novas mecânicas. Assim, Amicia e Hugo continuam na luta pela sobrevivência a horrores inimagináveis, ou seja, mais perigos e traumas contínuos. O mundo e a Asobo são cruéis com os De Rune.
Para lidar com isso, literalmente levamos morte por onde passamos buscando uma cura para o pequeno Hugo, já que os ratos estão diretamente ligados à Prima Macula no sangue do menino. É possível traçar alguns paralelos entre Amicia e Ellie em The Last of Us Part 2, já que ambas percorrem um caminho obstinado em direção à violência. Vários personagens novos e antigos aparecem para acompanhar nossas viagens pelos campos e, à medida que avançamos, belas e pacíficas cidades são reduzidas a cemitérios infestados de ratos.
Desta forma, a narrativa de Requiem é um dos destaques do momento em videogames e, até mesmo, em outras mídias, com menção honrosa para performances maravilhosas dos irmãos principais Amicia e Hugo. Ao interpretar a protagonista, Charlotte McBurney entrega pura ferocidade para uma das personagens que promete ter um lugar histórico no mundo dos games. Outros nomes como Kit Connor (de Heartstopper da Netflix), Lucas e Logan Hannan como Hugo são vozes que garantem ótimas performances e criam a atmosfera do jogo.
Com 6 horas a mais que o primeiro título, totalizando por volta de 20, é uma tentativa exagerada de entregar uma experiência muito maior do que deveria ser. A necessidade de emplacar reviravoltas no final acaba gerando cenários de combate pesados que fazem toda linha de aprendizado de furtividade serem esquecidas. Entretanto, o fim dessa jornada não deixa de tirar o fôlego de quem está envolvido até o pescoço na trama.
Mais que uma história sobre o vínculo de irmãos e desemparo num mundo horrível, é um reflexo sombrio da humanidade, a qual é inerentemente cruel. Aqui, você é o rato sendo forçado a avançar, perseguir e comer desenfreadamente – mesmo que isso te machuque.
Um mundo infestado pelo mal, mas também de surpreendente belezas
Já vimos que a vida em A Plague Tale: Requiem é difícil. Enquanto todo o sofrimento e dificuldade do mundo são impostos incessavelmente à essas crianças, Requiem agracia os olhos e ouvidos do jogador. É impossível que o design de som passe despercebido, ainda mais se você estiver passando por essa arrebatadora experiência de headphones. São passos marcantes, respiração estremecida e mais todo tipo de som que pode ser emitido ao se locomover numa poça cheia de sangue, tripas e chorume.
Porém, também há beleza neste mundo! Além da qualidade visual geral, são as pequenas coisas que foram capazes de me hipnotizar – desde os tijolos de tetos até os jardins com flora diversificada, tudo é surpreendentemente bonito. Ah, e chuva! É lindo ver como uma cidade muda de acordo com as condições climáticas – torrencialmente, a água cai do jeito mais realístico possível. Multidões felizes e barulhentas também dão um ar de turismo medieval encantador antes do mal assolar a cidade.
A beleza gráfica não está somente nos campos ensolarados e horizontes montanhasos, mas também nas ruínas. Sejam cenários profundamente perturbadores ou extremamente ricos em detalhes, é muito bom explorar e aproveitar cada detalhe do que Requiem tem a oferecer. Ainda existem colecionáveis para descobrir, baús secretos e pequenos Souvenirs. O jogo faz tudo valer a pena!
Ok, agora vamos falar um pouquinho dos terríveis ratos. Em Innocence para PS4, já era impressionante ter 5 mil roedores sedentos por carne na tela. A experiência se tornou mais sufocadora e angustiante em Requiem, pois são 300 mil ratos ao mesmo tempo no PS5, fluindo como tsunamis por ruas estreitas. Observamos muita dedicação à narrativa, detalhes históricos e fidelidade visual – mas como nada é perfeito, alguns defeitos se espreitam à nossa frente.
Experiência furtiva e violenta
Os desenvolvedores aumentaram o arsenal de Amicia e, consequentemente, sua capacidade de matar. É neste ponto em que mêcanicas adicionais dialogam com a moral da nossa protagonista: o que acontece se você abraça a violência? Em muitos momentos, Lucas pede repetitivamente para que você apenas seja furtivo, não deixe rastros de morte por onde passar. Bom, confesso que eu devolvia suas súplicas com “cara chato, deixa eu matar em paz esse bando de imbecil”.
E é também neste ponto que o game falha um pouco em criar relação entre o que o jogador está fazendo e como a obra quer que você se sinta. Ao meu ver, o objetivo é que o jogador se sinta mal com toda a violência que Amicia escolhe, mas seguir o caminho mais agressivo é mais rápido e fácil, excluindo os trechos em que você deve ser furtivo quase que obrigatoriamente. E eu sei que no final das contas, o caminho que eu “escolhi” não afeta diretamente o destino da jovem. Por aqui, sem arrependimentos!
Ao ver como o mundo machuca Amicia, fica fácil entender sua determinação em machucá-lo de volta. É por isso que, para o bem ou para o mal, o repertório de armas agora tem facas e bestas.
O sistema de nivelamento que aumenta as habilidades de Amicia com base em como o jogador lida com as “adversidades” (soldados prontos para te matar) é um baita acerto, pois é com ele que o jogo consegue recompensar quem escolhe o caminho furtivo. Comigo, por exemplo, aconteceu de ganhar bastante XP em Agressividade, aumentando o dano e tempo de artodoamento do estilingue. Já se você optar pela furtividade, é a Prudência que vai crescer, trazendo passos mais silenciosos.
A luz continua sendo uma das melhores amigas do jogador. Além da clássica tocha, que não está à disposição facilmente, receitas alquímicas junto a outros itens que amplificam as chamas nos ajudam a manter o mal afastado. Falando em alquimia, também tem receita para momentos um tanto quanto sádicos – serve para apagar a tocha de um soldado inimigo e entregá-lo à escuridão (em outras palavras, virar lanchinho de rato).
A Plague Tale: Requiem vale a pena?
A Plague Tale: Requiem é um jogo excelente, em que a história, os gráficos e a jogabilidade proporcionam uma experiência incrível, sendo seu maior pecado a extensão desnecessária. Mesmo assim, a jornada de Amicia e Hugo, em meio a traumas constantes, deve ser motivo de orgulho para a Asobo, que construiu algo cativante e deprimente ao mesmo tempo.
A narrativa ressoa emocionalmente e o fluxo, que alterna entre furtividade, horror e exploração, mantém o jogador envolvido. Essa é uma grande sequência, maior e melhor, para Innocence.
A Plague Tale: Requiem está disponível para PlayStation 5, Xbox Series S/X (Gamepass) e PC via Steam.
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História10/10 ExcelenteA narrativa desse jogo pode mudar vidas, pontos de vista ou até mesmo ser uma experiência catártica para pessoas que perderam alguém importante. Esse é o nível desenvolvimento e estrutura que grandes épicos desejam atingir. As performances dos dubladores também ajudam a construir a atmosfera ideal para um game que toca em assuntos como morte, sacrifício e horror.
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Direção de Arte10/10 ExcelenteSejam cenários repletos de cores e natureza ou sangue e morte, os gráficos entregam visuais fluídos e extremamente detalhados. Na minha opnião, é o jogo mais bonito de PS5 até o momento. O som também é de arrepiar, já que conseguimos ouvir até mesmo a respiração temerosa de Amicia.
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Jogabilidade8/10 ÓtimoEm questões de jogabilidade, Requiem traz novas armas para Amicia, mas seu sistema furtivo é ainda bastante requisitado, se tornando repetitivo por algumas vezes. Já o sistema de nivelamento é um baita acerto.
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