Quando a RED, uma conhecida fabricante de câmeras cinematográficas, afirmou que iria produzir um smartphone ‘holográfico’, ninguém entendeu muito bem como isso ocorreria. Ainda assim, na mesma data o anúncio, a empresa decidiu lançar a pré-compra do Hydrogen One por módicos US$ 1.195 – na época, o smartphone sequer tinha um protótipo.
As vendas não foram um sucesso, mas quem conhece a ótima qualidade das câmeras RED, e decidiu investir no produto, não deve sair com as mãos abanando: a empresa aproveitou esta semana para explicar um pouco mais sobre a tela holográfica do seu futuro smartphone. Veja só:
Assim como mostra o vídeo logo acima, a ideia é que o Hydrogen One tenha uma tela holográfica de verdade, sem nenhuma pegadinha. Por mais que pareça muito com o 3D, que usa certos truques para fazer com que duas imagens diferentes cheguem aos nossos olhos, a holografia da RED utilizará nano-partículas responsáveis por difratar a luz do próprio LCD.
A difração de uma onda eletromagnética como a luz significa passá-la por uma pequena fenda e, aproveitando as propriedades físicas de todas as ondas, fazer com que a mesma se distorça. Ao usar deste princípio, a tela da RED fará com que as nanoestruturas, posicionadas logo acima do LCD, sejam iluminadas e causem a sensação de profundidade.
É como ver partículas de fumaça interagindo com um laser, por exemplo.
Por causa de todas as peculiaridades físicas dessa tecnologia, é impossível mostrá-la com qualidade num vídeo – sendo assim, para sabermos se tudo realmente funciona, temos de acreditar nas palavras dos poucos que testaram o Hydrogen One.
Entre os que passaram um tempinho com os protótipos, o yotuber norte-americano Marques Brownlee, do canal MKBHD, afirmou que estava ‘muito impressionado’, mas que a tecnologia ‘definitivamente não era perfeita’. O astro de cinema, Brad Pitt, e o diretor David Fincher, responsável por filmes como ‘Clube da Luta’, também ficaram surpresos com o potencial das telas.
Holografia ou
Projeção 3D?
A holografia se diferencia do 3D tradicional porque, enquanto temos apenas uma ilusão ótica nas imagens tridimensionais, os hologramas são verdadeiras recriações visuais (mas sem materialidade) daquilo que está sendo observado.
Contudo, devido às limitações das tecnologias atuais, quase nenhuma holografia é, de fato, uma holografia. Pois o conceito de holograma não admite que sejam usados suportes para a projeção de uma imagem. Nestes casos, o termo correto seria ‘projeção tridimensional‘, já que a imagem não é projetada literalmente no ar.
A tela da RED, por exemplo, utiliza as já citadas nanoestruturas para que a imagem seja criada num plano 3D. Outro exemplo bastante conhecido de ‘holograma’ são os shows da cantora virtual, Hatsune Miku – que, por utilizarem um painel transparente para a visualização das imagens, também são meras projeções tridimensionais.
Mas tudo bem, vamos considerar o uso da palavra ‘holograma‘ por questões de marketing; afinal, segundo a RED, esta camada de nanoestruturas não afetará a qualidade ou a responsividade do display em si, significando que ela deve ser quase ou totalmente imperceptível.
Será que vinga?
Entre os demais mistérios de como funcionará a tela holográfica do Hydrogen One, a real utilidade deste tipo de tecnologia é um dos mais difíceis de se entender: segundo a RED, uma tela holográfica permitira que num aplicativo de mapas, por exemplo, o usuário pudesse interagir com os prédios ali representados e até vê-los saltando da tela.
Embora isto pareça bem legal, fica difícil imaginar como a fabricante fará algo parecido com filmes, jogos, aplicativos e outros conteúdos – principalmente porque, se pensarmos bem, a reconstrução 3D de um determinado objeto exige que todo ele seja renderizado, mas nenhum filme, seja ele exibido em 2D ou 3D, capta todas os ângulos do que está em cena.
Por fim, uma boa alternativa para o uso da tela holográfica da RED seria com os recursos de realidade aumentada (AR) do próprio sistema Android, já que, desde a versão 8.0 Oreo, o robozinho dispõe de todo um aparato de software para imagens e físicas tridimensionais.
O problema é que não sabemos praticamente nada sobre o Hydrogen One: desde o início, a RED só revelou o visual, por meio de protótipos não funcionais, e o preço indicado para o aparelho, que tem versões custando entre US$ 1.150 e US$ 1.600.
A versão final do smartphone só deve ser lançada em meados de 2018.
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