Os gráficos dos relatórios de ganhos da Amazon no último ano sofreram tantos altos e baixos que não é de se espantar que quem os acompanhou de perto tenha ficado confuso com os indicadores. Acontece que o lucro da empresa, que é considerada um “peso pesado” do comércio eletrônico, sofreu uma certa queda no segundo e no terceiro trimestres de 2019, logo depois de vir de um ótimo período de lucros e ganhos recordes.
Mas logo após essa queda, quando os números pareciam querer continuar caindo, veio a surpresa com o quarto semestre e um aumento espetacular nas vendas. O resultado foi tão bom que ficou só um pouco abaixo do recorde trimestral de todos os tempos da empresa.
A volta por cima
Foi no final do ano, quando ocorrem os principais feriados e é a maior época de compras, que as ações da Amazon deram um salto, ultrapassando até mesmo as expectativas do período. Esse resultado foi anunciado na última quinta-feira, onde a empresa afirmou que as ações subiram 11% nas negociações.
Dentre os anúncios da empresa, a Amazon também revelou que já tem mais de 150 milhões de membros pagos no Prime em todo o mundo, um aumento considerável em relação aos 100 milhões que foram anunciados em abril de 2018.
O ótimo quarto trimestre da Amazon e seus resultados satisfatórios são bem vindos, uma vez que Wall Street continua a focar no crescimento da receita da empresa para medir seu sucesso no mercado. Embora este tipo de métrica tenha sido bem favorável para a Amazon durante muito tempo, seu peso começa a ser sentido, pois com o tamanho que a companhia atingiu fica cada vez mais difícil manter altos ganhos percentuais. A empresa aposta na diversificação do negócio para alavancar as receitas, englobando novos campos como cuidado com a saúde, robótica, compras e produção de filmes.
O crescimento das vendas nos anos de 2017 e 2018 estava acima de 30%, o que significa muito para uma empresa tão grande. Para 2019, a Amazon anunciou que suas vendas tiveram um crescimento de 20%, o que é pouco comparado com os anos passados, porém ainda muito se for levar em consideração os ganhos de outras grandes empresas no mesmo período.
As apostas da Amazon
Uma das formas de aumentar esse ganho percentual foi a decisão de gastar bilhões de dólares mudando o programa de entregas da Amazon Prime de dois dias para apenas um dia nos Estados Unidos. Mesmo que tenha custado caro, o esforço compensou e ajudou a empresa a garantir o melhor crescimento de vendas do ano, de 24%, no terceiro trimestre.
Brian Olsavsky, chefe de finanças da Amazon, disse em uma entrevista por telefone com os repórteres que os custos de investimento para o serviço de entrega de um dia foram um pouco menores do que os US$1,5 bilhões esperados no quarto trimestre.
Brian também previu que estes custos chegariam a US$1 bilhão no primeiro trimestre de 2020, mas não deu muitos detalhes de como seria para o resto do ano. Disse apenas que os investimentos devem continuar e que eles estão ficando cada vez mais eficientes à medida que seguem com a ideia do novo serviço.
O relatório do quarto trimestre da Amazon mostra uma receita de US$3,3 bilhões, ou US$6,47 por ação. O número ultrapassa com folga as expectativas de US$4,03 por ação que foram previstas pelo Yahoo Finances. Isso significa um aumento de 8% em comparação com o ano passado. O ganho principal da empresa veio do negócio de computação em nuvem da Amazon Web Services, que é a principal fonte de lucro da empresa.
Patrick Moorhead, fundador da empresa de análises Moor Insights and Strategy, afirmou que:
“As vendas da AWS cresceram mais de US $ 2,5 bilhões no trimestre, o que é maior que o ganho anual da receita da maioria das empresas de nuvem.”
As vendas em geral tiveram um crescimento de 21% para US$8,74 bilhões, ultrapassando até mesmo as estimativas de Wall Street e da própria empresa. A Amazon disse inclusive que espera uma receita de US$69 a US$73 bilhões no primeiro trimestre de 2020, enquanto as previsões de analistas falam em US$71,6 bilhões.
Problemas no caminho
Mas nem tudo são flores. Apesar dos números altos e das previsões positivas para o futuro da empresa, a Amazon também vem sofrendo pressões de vários lados. Alguns grupos ativistas vêm lançando críticas para a empresa, que também enfrenta julgamentos de uma nova organização recém-formada chamada Athena, que está pressionando por mais esforços sobre as mudanças climáticas e uma melhoria de condições de trabalho nos armazéns da empresa.
Além disso, o CEO Jeff Bezos está mais uma vez envolvido em um episódio de hackers por telefone, dessa vez envolvendo também o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammad bin Salman. E por fim, a Amazon ainda está sendo investigada por funcionários do governo por possíveis práticas monopolísticas.
Não há dúvidas que esses tipos de problemas vem causando certas manchas na reputação da empresa, mas ao mesmo tempo não parecem ter nenhum impacto direto com suas vendas, que é o que interessa para Wall Street.
Fonte: CNET
Descubra mais sobre Showmetech
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.