Combate ao racismo no facebook é ignorado por executivos. Um dos motivos, de acordo com o alto escalão do facebook, é a possível reação negativa de parceiros conservadores. Confira o caso

Combate ao racismo no Facebook é ignorado por executivos

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Um dos motivos, de acordo com o alto escalão do Facebook, é a possível reação negativa de parceiros conservadores. Confira o caso

O Facebook ainda é uma das maiores redes sociais utilizadas no mundo todo, e mesmo com tanto alcance, visibilidade e acessos, ainda assim continua sendo alvo de assuntos polêmicos. Uma recente ação para tentar impedir que houvesse racismo no Facebook foi barrada, pois os executivos da rede social expressaram receio de perder patrocínio de parceiros conservadores. Essa solução contra racismo também seria aplicada a outros discursos de ódio, entenda.

Facebook ignora discurso de ódio

A medida que seria aplicada no Facebook para tentar impedir a disseminação de racismo seria aplicada e, assim que o algoritmo reconhecesse a publicação, comentário ou qualquer manifestação que fosse de conteúdo racista, seria imediatamente apagada. Entretanto, temendo a reação negativa de parceiros conservadores, os executivos do Facebook — que agora é conhecido como Meta — recusaram a nova ferramenta.

Uma equipe interna do Facebook mostrou um documento pelo qual provava que cerca de 10 mil usuários utilizam a rede social para disseminar discursos de ódio, e mais especificamente, o racismo. Entre eles, havia uma publicação em que uma foto de um chimpanzé era associada a Michelle Obama, dentre outras publicações tão graves quanto.

Facebook nega solução contra racismo na rede social
À esquerda, o vice-presidente de Políticas Públicas Globais, Joel Kaplan e à direita, o CEO do Meta, Mark Zuckerberg. Reprodução: Christophe Morin/Bloomberg News

Não apenas combatendo conteúdos racistas, mas a ferramenta proposta por estes pesquisadores do Facebook contribuiria, também, para a retirada automática de outras manifestações preconceituosas, tais como machismo, homofobia, antissemita e etc.

Ainda sobre o posicionamento do alto-escalão do Facebook, está o vice-presidente de Políticas públicas Globais, Joel Kaplan, que se mostrou preocupado com a ação que pode ser vista como algo que beneficiaria certos grupos em relação a outros. Um documento feito pelo executivo diz que esse tipo de medida pode não agradar parceiros de direita, uma vez que, de acordo com ele, “opiniões de ódio contra pessoas trans são, na verdade, expressão de opinião”.

O projeto Worst of the Worst ajudou a nos mostrar que tipos de discurso de ódio nossa tecnologia detectava, e entendia efetivamente quais formas as pessoas acreditam ser as mais insidiosas

Andy Stone, porta-voz do Facebook sobre a ferramenta que poderia ajudar na identificação imediata de discursos de ódio

Muito disso se dá pelo posicionamento que o Facebook tenta manter sobre sua neutralidade política, mas pelo evidenciado, aparentemente a rede social está preferindo atender à agenda da direita em detrimento de discurso de ódio, independente dos alvos que são diariamente atingidos.

Projeto Worst of the Worst

Alguns grupos sobre direitos civis há muito tempo afirmam que os algoritmos e políticas do Facebook tiveram um impacto desproporcionalmente negativo sobre os grupos socialmente minoritários, especialmente aos usuários negros. Os documentos do projeto “Worst of the Worst” mostram que essas alegações eram em grande parte verdadeiras, no caso de discurso de ódio permanecer de forma reincidente na rede social.

Laura murphy, presidente da laura murphy and associates, grupo sobre direito civis americanos. Reprodução:  laura murphy and associates
Laura Murphy, presidente da Laura Murphy and Associates, grupo sobre direito civis americanos. Reprodução: Laura Murphy and Associates

Apesar deste documento em mãos e de todas as alegações feitas, o Facebook não revelou suas descobertas aos líderes dos direitos civis. Mesmo com as auditores independentes de direitos civis, que o Facebook contratou em 2018 para conduzir um grande estudo de questões raciais em sua plataforma, dizem que não foram informados dos detalhes da pesquisa de que os algoritmos da empresa prejudicam desproporcionalmente as minorias. Laura Murphy, presidente da Laura Murphy and Associates, que liderou o processo de auditoria de direitos civis, disse que o Facebook afirmou a ela que “a empresa não coleta dados sobre os grupos protegidos contra os quais o discurso de ódio foi dirigido.”

Não estou afirmando uma intenção nefasta, mas é profundamente preocupante que as métricas que mostraram o impacto desproporcional do ódio dirigido a usuários negros, judeus, muçulmanos, árabes e LGBTQIA+ não foram compartilhadas com os auditores. Claramente, eles coletaram alguns dados ao longo deste período.

Laura Murphy sobre a tentativa de cooperar como Facebook na identificação de grupos que agem reproduzindo discurso de ódio

Estatísticas de pessoas negras no Facebook

O movimento #blacklivesmatter contribui para que mais pessoas abram os olhos ao racismo dentro e fora da internet. Reprodução: the new york times combate ao racismo no facebook é ignorado por executivos
O movimento #BlackLivesMatter contribui para que mais pessoas abram os olhos ao racismo dentro e fora da internet. Reprodução: The New York Times

De acordo com um estudo acerca da adesão de pessoas negras no Facebook, houve uma queda no acesso deste grupo na rede social de Zuckerberg. A responsável pelo estudo, Frances Haugen, apontou que em fevereiro deste ano, cerca de 2,7% dos usuários negros encerraram suas atividades no Facebook durante o período de um mês, número considerado alto em comparação aos seus 17,3 milhões de pessoas adultas. Esse estudo foi devidamente enviado à justiça americana para análise dos dados e consequentes ações sobre os resultados.

Veja também:

Recentemente o Facebook anunciou que vai proibir anúncios que possuam temas sensíveis a certos grupos minoritários, confira!

Fonte: Insider.


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