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Procurando oferecer uma opção acessível e que servisse para ter uma namorada via inteligência artificial (IA ou AI, sigla para artificial intelligence), o programador e engenheiro dos Estados Unidos, Enias Cailliau criou um sistema semelhante ao ChatGPT da OpenAI, que simula um parceiro romântico — o “amor” AI dele se chama Sacha_GPT. No projeto GirlFriendGPT, o desenvolvedor produziu uma IA em código aberto para criar um modelo de linguagem generativo que tivesse uso amplo.
Assim, Cailliau elaborou o projeto para que outros usuários fossem capazes de criar seu próprio par amoroso, abrindo mais espaço para que outros programadores também se aventurem a produzir tecnologias semelhantes. A seguir, você vai entender o que está por trás dessa “companheira virtual” e ver mais outros detalhes sobre a ela.
Como a namorada Sacha_GPT foi criada? Conheça as tecnologias utilizadas
A reportagem feita pela Vice com Cailliau mostra que o programador se aproveitou de diversos recursos já criados com IA — bem diferente das crianças que tentam criar uma namorada virtual em Mulher Nota 1000 (Weird Science, 1985), cujo trailer você vê logo depois do tuíte do desenvolvedor. Dessa forma, o sonho do engenheiro dos EUA dá um novo passo no plano do nerd Wyatt Donelly (interpretado por Ilan Mitchell-Smith), no longa dirigido por John Huges.
Além do próprio modelo que serviu de base para a IA da OpenAI, ele aprimorou a Sacha inspirado no sistema Bard do Google, no projeto de geração de vozes via IA da ElevenLabs e no gerador de imagens por texto da Stable Difusion. Mas a “musa” que acendeu a luz na mente de Cailliau foi a sua própria namorada.
Sacha Ludwig aceitou embarcar no projeto, junto ao seu parceiro. Ela relatou que seu namorado real vive falando sobre empresas de tecnologia. Logo, isso era um assunto muito familiar para eles. Entre as conversas, então, veio a ideia de criar um sistema AI, que poderia até mesmo falar, como você vê em outro tuíte do desenvolvedor, a seguir.
“Eu achei legal que ele queria tentar me ‘clonar’, em vez de recriar alguma influenciadora da internet aleatória.”
Sacha Ludwig
O fio no Twitter do programador mostra o caminho realizado para que a Sacha_GPT pudesse encantar corações. A linguagem usada em partes do código que ele publicou é o JavaScript, com uso de funções para respostas com reações próximas a de um ser humano. Já o Bard serviu para que o programa AI tivesse uma comunicação mais suave, romântica mesmo; para as imagens, Cailliau preferiu dar um aspecto de selfie a sua IA, usando o sistema do Stable Difusion.
Por que o sistema AI não depende de consentimento de usuários?
Antes de chegar a por em prática o projeto com a Sacha_GPT, o programador conseguiu a permissão de Ludwig para criar o sistema generativo amoroso. Mas, mesmo assim, a questão do consentimento não estava, por si só, resolvida. Apesar de ter conhecimento sobre programação, Cailliau deveria também considerar a ideia de que o GirlFriendGPT poderia servir de base para “clonar” diferentes tipos de pessoas — de crushes de adolescentes a celebridades.
Essas criações usando o código dele poderiam vir à tona, justamente pelo caráter aberto do sistema que ele inventou. Por isso, a criação de Cailliau coloca mais uma questão no conjunto de problemas que a sociedade ainda vai ter que lidar com serviços AI generativos. Porém, o que pode amenizar os riscos é que a voz emitida pelo projeto do programador ainda é um tanto precário (ficando muito próximo do que já conhecemos da Siri, da Apple). Outro revés acontece com as imagens: elas são muito assustadoras para poderem encantar alguém, por hora.
Outros projetos que criam IAs para relacionamentos amorosos
Antes de Cailliau, outros sistemas já tentaram levar o amor para tecnologia. Os chineses, inclusive, já estão de olho em namoros via IA, com bastante afeição, como consta em um documentário feito pelo New York Times, feito pela cineasta Chowa Liang. Relatos ouvidos pela realizadora do filme dizem que as IAs fizeram as pessaos se sentirem especiais, enquanto algumas pessoas chegam a afirmar que querem “aprender coisas novas” com os pares amorosos dos sistemas.
No mês de maio, também surgiu outro sistema que simulava conversas como um par romântico, mas bem lucrativo. Uma usuária do Snapchat, Caryn Marjorie, converteu sua personalidade em uma plataforma generativa, que também foi lançado no Telegram. Porém, o caminho escolhido por ela foi diferente do realizado pelo programador do código aberto: as conversas trocadas com a IA dela eram pagas e isso fez ela gerar US$ 70 mil (cerca de R$ 350 mil) na primeira semana em que lançou o chat AI.
Você teria coragem de namorar um bot feito com IA? O que acha desses projetos? Fala pra gente nos comentários do Showmetech!
Veja também:
Fonte: Futurism (Sacha_GPT) | Futurism (parceiros amorosos de IA) | Vice | Thread no Twitter de Cailliau
Revisado por Glauco Vital em 1/6/23.
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