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O Food and Drug Administration (FDA), órgão regulatório dos Estados Unidos equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou para uso emergencial, nesta quarta-feira (22), a pílula contra COVID-19 desenvolvida pela Pfizer. Inicialmente, apenas pessoas de grupo de risco acima de 12 anos e com mais de 88 libras (40 kg) poderão utilizar o antiviral. O medicamento, chamado de Paxlovid, é o primeiro tratamento oral para a doença a receber aprovação regulatória no país.
Produzida pela Pfizer, o Paxlovid combina um novo medicamento antiviral denominado Nirmatrelvir e um mais antigo conhecido como Ritonavir. O tratamento com a nova pílula se dá através da ingestão de comprimidos ao longo de cinco dias, devendo a primeira dose ser administrada logo no início da doença, quando os primeiros sintomas surgirem ou o quanto antes, no intuito de obter uma melhor eficácia.
Apesar de aprovado, o uso da medicação ainda não está liberado no país estadunidense. Para o tratamento poder ser, de fato, utilizado pelos norte-americanos, ainda é preciso que a diretoria dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país também autorizem a pílula contra COVID-19 da Pfizer. A expectativa é que isso aconteça já nos próximos dias.
Segundo um comunicado divulgado pela Pfizer, a farmacêutica já está preparada para colocar os novos medicamentos nas prateleiras do país. “A Pfizer está pronta para começar a distribuição nos Estados Unidos imediatamente para ajudar a colocar o Paxlovid nas mãos dos pacientes apropriados o mais rápido possível”, afirmou o presidente e CEO da companhia, Albert Bourla, que se mostra também esperançoso com a nova “arma” contra o Covid-19.
A autorização de hoje do Paxlovid representa outro grande exemplo de como a ciência nos ajudará a derrotar esta pandemia, que, mesmo após dois anos, continua a destruir vidas em todo o mundo. Esta terapia inovadora, que pode ser administrado de dentro de casa, também demonstrou reduzir significativamente as hospitalizações e mortes, o que irá ajudar a diminuir a demanda nos sistemas de saúde do país.
Albert Bourla – CEO da Pfizer
Como o Paxlovid funciona?
Os vírus possuem enzimas que ajudam no ciclo de sua replicação. Uma delas se chama protease e é responsável pelo amadurecimento do vírus. Quando não amadurece, ele é incapaz de se multiplicar. O Paxlovid, então, promove a inibição da protease do novo coronavirus, que foi batizada de SARS-CoV-2- 3CL, impedindo que ele complete seu ciclo de vida.
Segundo a Pfizer, a pílula deve ser ingerida duas vezes ao dia, por cinco dias, a partir do terceiro dia do surgimento de sintomas de COVID-19. A farmacêutica ainda acredita que a medicação consegue ajudar no controle da transmissão da doença. No entanto, será preciso mais alguns estudos para chegar a um veredito. Caso fique provado que a quantidade de vírus presentes nas secreções das vias aéreas superiores foi reduzida durante o tratamento com o Paxlovid, potencialmente ele poderá ajudar a conter a transmissão da doença.
Promessas do novo medicamento
As informações sobre redução de casos graves e hospitalizações que o CEO da Pfizer cita mais acima vêm de um estudo divulgado pela farmacêutica no último dia 14 de dezembro. Segundo os dados apresentados, o Paxlovid reduz o risco de hospitalização ou morte pela doença em 89% se administrado em adultos dos grupos de risco poucos dias após seus primeiros sintomas.
A eficácia foi semelhante em um outro grupo, que foi submetido a outro período de teste. Administrado nos primeiros cinco dias dos sintomas, a pílula foi 88% eficaz. A pesquisa também mostrou “uma diminuição de aproximadamente 10 vezes na carga viral no quinto dia em relação ao placebo”, disse o comunicado.
O objetivo das entidades de saúde é poder eventualmente oferecer os comprimidos para as pessoas tomarem em casa antes de ficarem doentes a ponto de precisarem ir ao hospital. Dados recentes destacaram que o medicamento também mantém sua eficácia contra a variante recém-descoberta Ômicron.
Ainda que o medicamento possua eficácia, as medidas de segurança já estabelecidas — como o uso de mascaras respiratórias — e as vacinas continuam sendo válidas.
Um outro aliado na guerra contra a COVID-19
O FDA também está analisando um segundo antiviral que promete combater o coronavírus. Chamado Molnupiravir, ele é produzido pela empresa farmacêutica Merck. No caso desse segundo medicamento, ele age diretamente no organismo, atrapalhando a replicação viral. Assim como a pílula da Pfizer, o Molnupiravir é mais eficaz se tomado nos estágios iniciais da infecção, reduzindo pela metade o risco de óbito e hospitalização de pacientes com alguma probabilidade de desenvolverem quadros graves da enfermidade.
Para alcançar esse objetivo, o uso recomendado da medicação é de cinco dias, logo no início da infecção, com o tratamento sendo realizado em casa, sob prescrição médica. A substância pode ser utilizada para tratar adultos com COVID-19 que não necessitam de oxigênio suplementar, mas que apresentam risco acrescido de ter a doença na sua forma grave, como possuir idade avançada, obesidade, diabetes mellitus e doença cardíaca.
No início do mês de novembro, o Reino Unido tornou-se o primeiro país a aprovar o antiviral contra a COVID-19. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também aprovou recentemente o uso de emergência da substância. Entretanto, cada país pertencente à União Europeia terá autonomia para decidir sobre o seu uso ou não.
A empresa farmacêutica responsável espera produzir 10 milhões de cursos (período de tratamento contínuo com o uso do medicamento) até o final do ano, com mais doses chegando em 2022. A expectativa é que também sejam produzidas versões genéricas do antiviral, o que irá facilitar a entrada em países de baixa e média renda.
E no Brasil?
No Brasil, o primeiro e único medicamento aprovado para tratamento da COVID-19 é o Rendesivir, mas ao contrário dos outros dois que permitem a administração fora do hospital, o remédio produzido pelo laboratório Gilead só pode ser usado em ambiente hospitalar e em pacientes com mais de 12 anos que tenham quadro de pneumonia e necessitem de oxigênio.
Apesar de ainda não haver uma data provável para a chegada dos dois novos medicamentos ao Brasil, no início de novembro a Pfizer iniciou alguns estudos clínicos do Paxlovid no país. Por aqui, os estudos acontecem em 29 centros de investigação nas unidades federativas do Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, segundo a Pfizer.
Já no caso da Molnupiravir, a Anvisa se reuniu recentemente com representantes da companhia responsável pela produção para coletar os dados técnicos que podem encaminhar o uso emergencial do medicamento contra a COVID-19, segundo o site do Ministério da Saúde. A próxima fase é a apresentação formal do pedido, que passa a depender do laboratório e não tem uma data definida para acontecer. Depois de apresentadas todas as informações de forma oficial pelo laboratório, a Anvisa começa seu processo de avaliação para uso do medicamento.
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Enquanto os medicamentos não chegam ao Brasil, a Philips trouxe ao mercado um produto que promete combater os mais variados vírus, inclusive o responsável pela Covid-19. Confira o review que fizemos da luminária de mesa UV-C.
Fontes: CNN, The Verge, Agência Brasil.
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