Em entrevista exclusiva, o coordenador de Games e eSports da Prefeitura do Rio de Janeiro, Chandy Teixeira, diz que “atrair eventos de grande porte para o Rio é um dos pilares da coordenadoria” e que a Prefeitura do Rio já iniciou “conversas com as principais desenvolvedoras globais de competições (de eSports)”.
Eventos de eSports e o turismo
Responsável por desenvolver e também por organizar a principal competição de eSports de um dos games mais populares em todo o mundo, o League of Legends, a Riot Games foi procurada pela reportagem e afirmou ter conversas com a Prefeitura do Rio: “A Riot Games confirma o contato com a Secretaria de Games e eSports da prefeitura do Rio de Janeiro”.
Para além das conversas com a empresa desenvolvedora do LoL, outro game que já trouxe frutos para a cidade, através dos seus campeonatos de eSports, foi o CS:GO. Isso porque em 2022 a cidade recebeu o maior campeonato de eSports do game, o IEM Rio Major 2022, organizado pela ESL e realizado no Riocentro e na Jeunesse Arena.
Para além do impacto para o jogo, segundo dados da Nielsen, o evento gerou 40 milhões de dólares (cerca de R$ 197 milhões) para a economia local. Muito graças aos fãs e turistas que, de acordo com o levantamento, gastaram cerca de R$ 27 milhões em lazer e entretenimento e R$ 54 milhões em hospedagem.
O sucesso foi tanto que o Intel Extreme Masters (IEM) voltou ao Rio com mais uma competição em abril de 2023, novamente realizado na Jeunesse Arena, em Jacarepaguá. Para o coordenador de Games e eSports da Prefeitura do Rio de Janeiro, o potencial turístico proporcionado pelos grandes campeonatos de eSports é alto.
Assim como grandes eventos de música, entretenimento e esportivos, os eventos de eSports são grandes catalisadores econômicos. Eles são responsáveis por trazer milhares de turistas ao Rio. E até mesmo turistas com interesses diferentes do que estamos acostumados a receber.
Chandy Teixeira
O potencial econômico do mercado gamer no Brasil tem se mostrado cada vez mais relevante. Segundo a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia da PwC Brasil, a receita total de videogames e eSports no Brasil, em 2021, foi de 1,4 bilhão de dólares e deve chegar a mais de 2,8 bilhões de dólares em 2026.
Para além do ponto de vista mercadológico, o coordenador de Games e eSports da Prefeitura do Rio também destacou o lado social proposto pela coordenação do cenário gamer na cidade, através da parceria com projetos e no desenvolvimento de empreendimentos sociais que envolvam games e tecnologia, como a Nave do Conhecimento do Engenhão.
O Rio tem diversos projetos sociais com foco na democratização dos jogos e inclusão digital. O AfroGames é um exemplo lindíssimo nesse sentido. Entendemos que a Arena Gamer vai ser um incrível aparelho que estará disponível a toda população carioca, principalmente os projetos sociais que já têm os jogos em seu DNA.
Chandy Teixeira
Procurado pela reportagem, Rennan Costa, coordenador de eSports na AfroGames, também falou sobre o projeto.
A gente tem o objetivo de captar jogadores de favelas diferentes do Rio de Janeiro, onde a gente quer oportunizar que eles apareçam no cenário nacional (de games) […] O Governo do Estado e a Prefeitura do Rio estão desde o início do projeto, porque o projeto é viabilizado pela lei do incentivo fiscal, então eles estão desde o início atuando como patrocinadores do projeto.
Rennan Costa
Entrevista com Chandy Teixeira
Confira na íntegra a entrevista com o coordenador de Games e eSports da Prefeitura do Rio, Chandy Teixeira.
– A Coordenação de Games e eSports da Prefeitura do Rio de Janeiro é o primeiro órgão voltado para os games no Brasil. Para atrair os grandes campeonatos, a coordenação tem desenvolvido relações de interesse mútuo com as grandes empresas do ramo? Até que ponto a secretaria de Turismo também tem posto esforços para a chegada desses eventos?
R: Atrair eventos de grande porte para o Rio é um dos pilares da coordenadoria. Para alcançar esse objetivo, iniciamos conversas com as principais desenvolvedoras globais de competições. E os primeiros contatos têm sido excelentes, afinal o Rio já tem tradição de grandes eventos esportivos e culturais.
– A inauguração da Arena Gamer, prevista para julho, na sede da Nave do Conhecimento do Engenhão nasce com o objetivo de impulsionar cursos para que jovens possam aprender a desenvolver jogos? Ou o projeto é voltado para uma democratização de entretenimento, com o espaço funcionando como uma Lan House para gamers?
R: A Arena Gamer, na Nave do Conhecimento do Engenhão, é um aparelho que terá diversas funcionalidades. Muito mais que um espaço para a prática de eSports, é uma janela para a economia criativa. Ali, podemos democratizar o acesso aos jogos eletrônicos, fomentar novos talentos e criar oportunidades múltiplas que aparecem ao redor de competições e times esportivos. E aqui são infinitas novas possibilidades, no audiovisual, no administrativo, no criativo e, claro, no esportivo.
Junto com o projeto da Arena Gamer, a Nave do Conhecimento do Engenhão terá junto um espaço de incubação de startups no ramo de jogos eletrônicos, onde pretendemos incentivar toda a cadeia produtiva que o setor oferece atualmente.
– Como a coordenação tem se movimentado para criar parcerias entre a prefeitura e projetos sociais para disseminar o acesso a games e, especialmente, a tecnologia em áreas de maior necessidade do município?
R: O Rio tem diversos projetos sociais com foco na democratização dos jogos e inclusão digital. O AfroGames é um exemplo lindíssimo nesse sentido. Entendemos que a Arena Gamer vai ser um incrível aparelho que estará disponível a toda população carioca, principalmente os projetos sociais que já têm os jogos em seu DNA.
– Em comparação, como a prefeitura enxerga hoje que um grande evento de eSports pode render frutos (econômicos e sociais) semelhantes a grandes eventos esportivos na cidade?
R: Assim como grandes eventos de música, entretenimento, esportivos, os eventos de eSports são grandes catalisadores econômicos. Eles são responsáveis por trazer milhares de turistas ao Rio. E até mesmo turistas com interesses diferentes do que estamos acostumados a receber. Além disso, o Rio é uma cidade única que permite ao gamer estar perto de sua paixão e também desfrutar das belezas conhecidas em todo o mundo.
– Ainda no começo do ano, antes que fosse nomeado como coordenador de Games e eSports, a ministra de esportes do governo federal, Ana Moser, disse que eSports não são considerados como esportes. Qual é o posicionamento da coordenação dentro desse debate?
R: O prefeito Eduardo Paes sempre se posicionou favorável ao eSport. E o Rio de Janeiro entende que é uma prática esportiva como qualquer outra. A criação da coordenadoria é um indicativo claro da importância que a Prefeitura do Rio oferece ao setor.
– O prefeito Eduardo Paes já demonstrou seu desejo em tornar o Rio de Janeiro a capital da inovação e tecnologia da América Latina. Qual é o papel da Coordenação de Games e eSports da Prefeitura nesse processo?
R: O setor de games e eSports movimenta bilhões de dólares em todo o mundo. Pesquisas recentes mostram que é um mercado bastante rentável. Estes dados consolidam o setor como um pilar estratégico de toda a cidade que deseja se posicionar como hub tecnológico. Se posicionar nesta área coloca a cidade em linha com a estratégia colocada pelo prefeito Eduardo Paes.
Quando anunciada sua criação, em maio de 2022, a Coordenação de Games e e-Sports mostrou, em nota, que dentre seus objetivos estavam “buscar retornos para o Município em diversas áreas como turismo, arrecadação, desenvolvimento social, educação, entretenimento, novas carreiras e oportunidades no mercado de trabalho, bem como estimular toda a indústria de games e o ecossistema”.
Desde que a Coordenação de Games e e-Sports foi criada, a unidade administrativa da Prefeitura do Rio foi responsável pelo lançamento da primeira Arena Gamer pública do Brasil, na Nave do Conhecimento do Engenhão, com capacidade para 100 pessoas. Além de investimentos como esse, voltados para o desenvolvimento criativo e social ligado aos games, a Coordenadoria tem ainda a missão de fomentar ainda mais o turismo da cidade com eventos de eSports e com a atração da indústria gamer.
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (23/08/23)
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