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Quem diria que o mesmo homem que sonhava em ir para o céu e desbravar as estrelas passaria a se preocupar com a remoção do lixo espacial para continuar suas aventuras para o infinito e além. O espaço sempre foi um lugar misterioso e interessante para o ser humano, que primeiro olhava para cima e criava constelações e depois passou a construir foguetes, satélites, naves e estações espaciais. No entanto, um dos principais problemas de sua conquista do espaço se tornou a geração e o descarte de detritos na órbita terrestre.
Essas colisões seguirão acontecendo – e cada vez mais, já que a quantidade de detritos espaciais só aumenta -, a não ser que o homem passe a não apenas discutir a remoção do lixo espacial, mas comece a adotar medidas efetivas que removam esses objetos da órbita terrestre.
O que é o lixo espacial?
O conceito de detrito ou lixo espacial abrange todos os objetos não mais funcionais, projetados pelo ser humano, que permanecem no espaço orbitando a Terra. Isso inclui as partes dos foguetes e espaçonaves que se soltam durante sua subida, satélites que deixaram de funcionar ou foram abandonados, fragmentos de colisões entre esses objetos, entre outros detritos deixados pelo homem no espaço.
Segundo a European Space Agency (ESA), existem cerca de 6250 satélites no espaço, apenas 3300 destes ainda em funcionamento, e o número estimado de separações, explosões, colisões ou eventos anômalos, resultando em fragmentação, é superior a 550. Ainda segundo a agência, existem no espaço mais de 34 mil detritos superiores a 10 cm, 900 mil objetos entre 1 a 10 cm, e 128 milhões de objetos entre 1 mm e 1 cm.
Onde fica o lixo espacial?
A Terra possui diferentes órbitas e três delas são a órbita terrestre baixa (LEO), a órbita terrestre média (MEO) e a órbita geoestacionária (GEO). Como o nome indica, a LEO é a mais próxima de nós e também a mais populosa entre as três – inclusive, é lá que fica a Estação Espacial Internacional e é para onde empresas como a SpaceX e OneWeb estão enviando diversos novos satélites. Dessa forma, não é surpresa que a LEO também seja a região com mais detritos espaciais.
No entanto, as regiões da MEO e GEO também lidam com o problema de lixo no espaço, pois hospedam uma série de satélites cruciais, incluindo sistemas de navegação na primeira, e de comunicação essenciais baseados na segunda. Dada a altitude em que ficam a MEO (2 a 36 mil km) e a GEO (acima de 36 mil km), a solução encontrada para quando os satélites se aposentam é movê-los para órbitas não utilizadas, chamadas “órbitas cemitério” – o que continua contribuindo para o aumento de detritos espaciais acima de nós.
Quais são os problemas do lixo espacial?
Em 1978, Donald Kessler, cientista da NASA, entendeu que isso poderia significar uma catástrofe e postulou a teoria “Síndrome de Kessler“, na qual dizia que mais detritos em órbita aumentariam a probabilidade de colisões, aumentando a quantidade de lixo espacial ao ponto em que a órbita da Terra estaria tão poluída que poderia comprometer, parcialmente ou totalmente, futuras explorações.
É justamente isso que vem acontecendo. A Estação Espacial Internacional, cuja montagem em órbita começou em 1998, foi forçada a realizar manobras para evitar detritos espaciais 28 vezes desde 1999 – 3 delas apenas em 2020. Em 2009, houve a colisão entre um satélite militar russo abandonado (Kosmos-2251) com um satélite de comunicações ativo norte-americano (Iridium 33) a velocidades superiores a 41.800 km por hora. Ambos foram imediatamente despedaçados e resultaram em 1.800 grandes pedaços de lixo espacial, que permanecem em órbita até hoje e são capazes de destruir qualquer nave que cruze seu caminho.
Além do risco de colisões entre os detritos, o lixo espacial apresenta outros desafios, como a poluição luminosa que atrapalha a observação do céu à noite, mesmo para observatórios que frequentemente utilizam equipamentos que custam centenas de milhões de dólares.
Medidas existentes para a remoção do lixo espacial
Com a continuidade das explorações espaciais, que segue em ritmo acelerado (para fornecer recursos de Internet para todo o globo, a SpaceX deseja lançar até 42 mil satélites nas próximas décadas) será preciso adotar medidas efetivas para a remoção do lixo espacial — caso contrário, a órbita terrestre estará tão cheia de detritos que será impossível lançar qualquer coisa sem que haja colisão.
Atualmente, existem diretrizes e padrões internacionais para missões espaciais, de forma a evitar a quantidade de lixo no espaço. Algumas delas são a criação de foguetes e espaçonaves que minimizem a quantidade de materiais desprendidos durante o lançamento e operação, liberação de energia armazenada, remoção de objetos em desuso para fora do caminho dos satélites em funcionamento, entre outras.
Com o objetivo de ajudar na limpeza do espaço, Moriba Jah, pesquisador da Universidade de Texas em Austin, construiu um visualizador chamado AstriaGraph que exibe a posição de todos os objetos rastreados ativamente no céu. Ele também projetou um gráfico em tempo real que mostra o quão próximo esses objetos se aproximam enquanto giram em torno do planeta.
Empresas como a Rocket Lab desenvolveram foguetes que não deixam pedaços de lixo no espaço – eles são feitos para que os pedaços desorbitem e queimem na reentrada da atmosfera terrestre. Por sua vez, startups como a Astroscale e D-Orbit estão progredindo no sentido de comercializar a remoção do lixo espacial.
A NASA já possui há algum tempo (desde 1979), o Programa de Detritos Orbitais, cujo objetivo é procurar maneiras de gerar e liberar menos detritos na órbita terrestre e projetar equipamentos capazes de realizar o rastreamento e a remoção do lixo espacial. A agência também implementou uma regra que exige que assim que for concluída a missão de um satélite em órbita terrestre baixa, a parte responsável deve ter um plano de como desorbitá-lo em 25 anos.
No final de 2020, a ESA firmou um contrato de 86 milhões de euros com a startup suíça ClearSpace SA para concluir a primeira missão de remoção de lixo espacial do mundo. Uma vez lançada, a espaçonave ClearSpace-1 será implantada em uma órbita de 500 quilômetros para testes e depois elevada à órbita do objeto-alvo para encontro e captura. Em seguida, a nave será colocada em uma órbita destrutiva para queimar durante a reentrada na terra.
Fontes: Tech Crunch, National History Museum, ESA [1] [2], The Verge, NASA, Space News
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Aparentemente a humanidade está destinada a não ir para o espaço sideral, ou as empresas já teriam forçado a remoção do lixo espacial. Estando a humanidade destinada a sucumbir na Terra mesmo, talvez seja interessante haver tantos detritos em órbita, assim caso apareça alguma “coisa” querendo entrar vai encontrar alguma dificuldade para chegar, se não pode sair, não pode entrar. A série de TV “The Expanse” fala sobre uma vida após a humanidade ter conseguido “ir” para o espaço, algo que parece inalcançável enquanto houver interesses em lucrar com remédios, petróleo etc, quanto mais pessoas houver na Terra, e preferencialmente que estejam doentes, é melhor para essas empresas lucrarem, e os governantes são manipulados para que isso seja mantido.