A civilização moderna aprendeu há pouco tempo o que é o universo, qual é a sua relação com a vida terrena e – mais ou menos – de onde viemos. Mas, por que será que encontrar todas essas respostas gera certa angústia ao pensar na vastidão do espaço? O ser humano é naturalmente ávido por respostas. Essa é até, possivelmente, uma característica que nos ajudou a derrotar espécies concorrentes e tornar o homo sapiens dominante no planeta.
Ao mesmo tempo, encontrar parte da solução de nossas dúvidas parece não ser suficiente. E a solução pode estar em uma versão inversa do niilismo, uma espécie de niilismo positivo.
O grande lance da descoberta de parte dos segredos do universo é perceber que todos estamos intimamente ligados. Porém, não como pregam as religiões. Se antes os filósofos acreditavam que a Terra era o centro de tudo, pouco depois a ciência revelou que, na verdade, não somos tão importantes assim. Somos feitos da mesma matéria expelida por supernovas à milhões de anos-luz de distância.
Átomos que viveram muito antes da humanidade estão hoje na composição mais básica do corpo humano. Somos tão especiais no cosmos quanto a sujeira na sola do seu sapato, cujas moléculas têm provavelmente a mesma origem. Essas respostas podem gerar um impacto negativo em quem considera a vida um presente divino. Como encontrar um sentido para uma existência sem propósito? Como viver sem ser o centro das atenções do Criador?
Ao mesmo tempo, é incrível perceber que somos a única espécie na Terra – ou no universo, até onde conseguimos procurar – dotada de consciência, esse estado mental que nos faz perceber o mundo à nossa volta, mas cuja origem ainda desconhecemos. Surgidos ontem e extintos amanhã em escala planetária, o curto tempo de vida humana é valioso.
Pensar no universo dá angústia, basicamente, se você for, como boa parte dos ocidentais, um niilista negativo ou um niilista reativo. O primeiro é fortemente atrelado à ideia de Grande Plano e considera o ser humano uma criação divina com propósito definido por um Deus misterioso. O segundo nega a existência de plano, mas ainda acredita em uma força superior e coloca no ser humano a faculdade de melhorar sua própria vida.
Niilista positivo
No niilismo positivo, a negação de propósito é só um meio de aproveitar cada momento e experimentar a vida.
Essa é uma boa estratégia para quem entende a insignificância da sua existência e sabe que há muitos mistérios sem solução. O que é a vida? O que é a consciência? Um niilista positivo reconhece que as respostas podem nunca surgir. Enquanto isso, aproveita tudo o que o universo tem para dar.
Um niilista positivo é como um carpe diem consciente. Sabendo que a vida acaba em breve e que provavelmente não há um Deus, aproveita as melhores experiências da existência humana, auxilia os outros e o planeta e, quem sabe, ajuda a prolongar a presença da espécie no universo.
Mais sobre o niilismo positivo e a convivência com a dúvida você confere nesse vídeo interessante do canal Kurzgesagt no YouTube.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=MBRqu0YOH14]
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