Um filme para televisão, três temporadas de uma série e uma animação. Até a produção de “Mulher Maravilha”, filme da DC que estreia em junho desse ano, estas foram as únicas obras culturais com a personagem. Irônico, se você pensar que o Batman e o Super-Homem, dois heróis com quem Diana Prince divide os holofotes e a liderança na Liga da Justiça, ganharam dezenas de adaptações para TV, cinema e até games dos mais variados consoles.
Mas o fato de um blockbuster dessa dimensão ser produzido hoje sinaliza que a indústria está abrindo caminhos – ainda que não muitos – para protagonistas femininas fortes. Logo, pode-se especular que este filme tem potencial de ser um marco no cinema de super heróis. Confira alguns motivos:
Representatividade
Quando crianças, os meninos são estimulados a serem aventureiros e cientistas, enquanto as meninas ganham brinquedos associados aos cuidados com a casa e à maternidade. Além disso, um estudo publicado na Science mostra que, já aos 7 anos, as meninas se sentem menos propensas a se sentirem brilhantes que os meninos, mesmo que reconheçam que são mais dedicadas à escola.
Segundo a pesquisadora Lin Bian, da Universidade de Illinois e principal autora da pesquisa, “é provável que isso afete as aspirações profissionais das mulheres”. Em outras palavras, desde pequenas as mulheres já se sentem menos qualificadas para seguir carreiras consideradas complexas, como Física.
Por isso, ter uma personagem feminina forte, capaz de salvar a humanidade, é um instrumento muito relevante para quebrar, em alguma medida, os esteriótipos de gênero. É dar confiança, assim como fizeram Rey e Princesa Leia em “Star Wars”, para as meninas de que elas podem fazer o que quiserem. E mais: mostrar aos meninos que meninas não são inferiores ou mais fracas porque são meninas.
Símbolo de libertação
Os leitores mais aficionados de quadrinhos sabem que a figura da Mulher Maravilha é bastante sexualizada nas HQs. Basta olha as capas da maioria das histórias em que é protagonista, sobretudo nos primeiros anos: ela sempre está presa ou amordaçada. Sabendo que o consultor educacional que mudou os rumos da personagem era fetichista, dá para entender o motivo.
No entanto, a heroína era a única responsável por se libertar das correntes, uma metáfora da opressão. Essa ideia foi parcialmente inspirada nas campanhas abolicionistas do início do século, assim como o movimento sufragista feminino.
Tendo em vista o uniforme da atriz Gal Gadot, a questão da sexualização ainda deve estar presente na produção de 2017. Porém, certamente a personagem será mais uma vez um símbolo de libertação.
Esperança
A Mulher Maravilha é uma personagem autoconfiante, tolerante e que tem compaixão. Ela veio de uma terra distante para defender e proteger os valores da humanidade, porque reconhece que há algo de bom para salvar. É um exemplo de postura, principalmente se levarmos em conta as turbulências políticas, econômicas e sociais ao redor do mundo. É, portanto, uma esperança.
https://youtu.be/WUY6nazJawY