Em 89 anos de história, a indústria cinematográfica americana nunca tinha presenciado uma gafe tão grande quanto o anúncio final do Oscar 2017. Como você deve se lembrar, por um problema da organização da cerimônia, houve uma troca de envelopes que culminou na momentânea vitória de “La La Land” como o Melhor Filme do ano.
Warren Beatty, um dos apresentadores da categoria, acabou saindo como vilão da história. Mas e se você recebesse um cartão diagramado dessa forma, como vemos abaixo? Não ficaria nem um pouco confuso? Mesmo se estivesse falando para milhões de pessoas do mundo todo ao vivo?
Repare na organização das informações. O que recebe o maior destaque na página é o logo da cerimônia, o dado menos relevante. Em seguida, lê-se o nome do filme com a mesma tipografia que os produtores, dando a impressão que os dois dados têm o mesmo peso. E, por fim, em letras miúdas, a categoria em questão.
Com tão pouco tempo entre a leitura e o anúncio, não é de se espantar que o ator tenha ficado um pouco desorientado.
“É como dirigir ao lado de uma estrada. Você literalmente tem alguns segundos para ler todas as placas e ter certeza de que entendeu todas as informações. Senão, você vai pegar a saída errada”, disse Benjamin Bannister, designer que propôs uma tipografia mais adequada para o cartão dos vencedores.
Se o nome da categoria fosse a primeira informação no topo da página em letras grandes, talvez Faye Dunaway, que acompanhava Beatty no palco, não teria anunciado “La La Land”.
Note também que, nessa nova proposta, o nome do vencedor está maior do que as informações secundárias que o acompanham. Assim, fica mais fácil do leitor compreender tudo rapidamente. E a referência ao Oscar, por ser menos relevante, fica ao final de tudo.
Não aconteceu só no Oscar
O Oscar foi apenas o evento mais notório entre todas as confusões que uma escolha tipográfica mal feita pode causar. Isso pode se tornar até uma questão de saúde. Afinal, muitas pessoas tomam, sem querer, o medicamento errado por causa disso.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os medicamentos prescritos vem naquelas icônicas embalagens redondas e laranjas. Pela imagem, dá para perceber que eles não são lá muito fáceis de ler. Primeiro pela própria forma do frasco, que te obriga a ficar virando para entender tudo. Segundo, porque o nome do paciente e da substância, assim como as instruções e às vezes o código de identificação, estão todos com o mesmo tamanho de fonte. Quando se tem vários frascos em casa, todos acabam parecendo iguais.
Uma designer chamada Deborah Adler criou uma alternativa depois que sua avó tomou o medicamento de seu avô. Chamado de Clear Rx, o frasco tem uma forma que por si só já facilita a leitura. Mas, repare: ela deu mais importância ao nome da substância e posicionou o nome do paciente no topo para não gerar dúvidas.
A tipografia nada mais é que uma técnica para rearranjar as letras de modo a tornar as palavras mais legíveis e chamativas. Parece que é só um detalhe, mas ele faz muita diferença. É um jeito simples de facilitar a nossa vida, por que então não damos mais atenção a ele?
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