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Antes de entrarmos nas polêmicas da Nickelodeon, vamos relembrar a história do canal e como ele foi importante para a televisão e a cultura pop dos anos 2000. A “Nick” fez parte da infância e da adolescência de muitas pessoas, mas a nostalgia ultimamente vem se transformando em choque e surpresa devido aos últimos acontecimentos e denúncias por parte dos próprios atores e artistas no geral que tinham algum nível de contato e participação dentro da emissora. Entenda melhor tudo o que está acontecendo.
É importante destacar que nessa matéria mencionamos agressões e situações envolvendo abuso sexual, então se você tem algum tipo de gatilho por conta desses pontos, sugiro não se aprofundar.
História da “Nick” e relevância
A Nickelodeon é um canal americano de televisão por assinatura fundado em 1977 lançado como Pinwheel. Originalmente, ele transmitia programas educacionais sem comerciais. A partir de 1979, a emissora oficialmente passou a se chamar Nickelodeon e expandiu o conceito da programação original para incluir o programa de esquetes You Can’t Do That on Television, que teve cinco temporadas. Essa série foi um marco pelo fato de ter sido a responsável pelo primeiro uso icônico e frequente do slime do canal.
Ao lado da Disney Channel, ela é considerada um dos canais mais populares que trouxe entretenimento para crianças e adolescentes em um momento com opções limitadas. Por meio de desenhos e séries como Drake & Josh, iCarly, Zoey 101, Padrinhos Mágicos e Rugrats: Os Anjinhos e artistas jovens como protagonistas, o público se identificou e o canal ficou mais famoso ainda, contribuindo para moldar a cultura pop.
No ano de 1991, a Nickelodeon passou a transmitir desenhos animados como Doug (1991-1994) e Rugrats: Os Anjinhos (1991-2003). Nessa época, meados da década de 1990, a emissora já havia se tornado o canal de televisão a cabo número um quando se tratava de espectadores diários. Já títulos que vieram em seguida como o desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada (1999-atualmente) e iCarly (2007-2012) ficaram entre os programas de maior audiência nos Estados Unidos.
Além disso, desde o ano de 1995, a Nickelodeon produz filmes infantis, incluindo adaptações e continuações de livros populares e das séries de televisão da própria Nick. Dois exemplos de sucesso foram o filme dos Rugrats, Os Anjinhos (1998), que se tornou o primeiro filme de animação fora da Disney a arrecadar mais de US$ 100 milhões, e Rango (2011) que ganhou o Oscar de Melhor Filme de Animação em 2012.
Principais séries e artistas
Assim como a Disney, a Nickelodeon também contava com um elenco de crianças e adolescentes para suas séries teens que em suas épocas se tornaram uma febre entre o público. Aqui relembramos algumas delas e seus principais atores.
The Naked Brothers Band (2007-2009)
Em The Naked Brothers Band, cada episódio apresenta uma nova canção e exibe as aventuras destes pequenos astros, dentro e fora dos sets de filmagem. A câmera segue Nat e Alex nos shows, nos ensaios e na intimidade, enquanto tentam crescer lidando com questões como rivalidade, romances, música e outros problemas. A série contou com três temporadas.
Brilhante Victória (2010-2013)
Conhecida também pelo título original Victorious, a série de quatro temporadas acompanhou a vida da adolescente Tori (Victoria Justice) e o momento em que foi convidada para fazer parte da escola de ensino médio de Hollywood especializada em artes. A partir desse momento, Tori conhece outros personagens icônicos que vão atuar como parte importante da vida dela e das desventuras que encontra no meio do caminho. Além de Justice, a série era protagonizada por Ariana Grande, Elizabeth Gillies, Avan Jogia, Leon Thomas III e Matt Bennett.
Drake & Josh (2004-2007)
Com um elenco principal forte que contava com Drake Bell, Josh Peck, Nancy Sullivan, Jonathan Goldstein e Miranda Cosgrove, Drake & Josh foi uma das séries mais populares e divertidas da Nickelodeon, rendendo quatro temporadas.
A história gira em torno da relação de dois meio-irmãos que são basicamente opostos entre si e precisam achar uma forma de conviverem em paz. Enquanto Drake (Drake Bell) era bem popular na escola e conseguia desenvolver seus talentos, Josh (Josh Peck) era um menino nerd com muitas dificuldades quando o assunto era socializar.
iCarly (2007-2012)
Definitivamente uma das séries mais famosas da Nickelodeon. Foram sete temporadas, quatro episódios especiais, um filme e um revival.
Na história, Carly Shay (Miranda Cosgrove) tem sua vida radicalmente mudada quando seu programa na internet se torna um sucesso entre os jovens. Como seus pais estão viajando, Carly precisa contar com a ajuda de seu irmão e amigos para administrar sua recente fama. Além de Cosgrove, o seriado também contava com atores como Jennette McCurdy, Nathan Kress e Jerry Trainor.
Sam & Cat (2013-2014)
Com apenas uma temporada, Sam & Cat é um spin-off de iCarly e Brilhante Victória protagonizado por Sam Puckett (Jennette McCurdy) e Cat Valentine (Ariana Grande), duas personagens emblemáticas de iCarly e Brilhante Victória, respectivamente. A dupla se conhece e se tornam amigas quando Sam se muda para Los Angeles. Elas logo começam um serviço de babá, o que as leva a muitas aventuras divertidas e malucas.
Big Time Rush (2009-2013)
Com quatro temporadas, a Nick apresentou sua própria boyband com a série Big Time Rush (que eventualmente também virou uma banda). Ela conta com os quatro jogadores de hóquei James (James Maslow), Kendall (Kendall Schmidt), Logan (Logan Henderson) e Carlos (Carlos Pena Jr.), que são convidados a formar uma boy band e topam o desafio.
Kenan & Kel (1996-2000)
Por quatro temporadas, acompanhamos Kenan Rockmore (Kenan Thompson) e Kel Kimble (Kel Mitchell), uma dupla de amigos que está junto em todas as trapalhadas que enfrentam. Sendo um par imbatível, cada um tem sua personalidade e juntos deixam tudo muito mais divertido em meio às confusões.
Manual de Sobrevivência Escolar do Ned (2004-2007)
Em inglês, Ned’s Declassified School Survival Guide, a série de três temporadas acompanha a vida de Ned Bigby (Devon Werkheiser), e seus amigos Cookie (Daniel Curtis Lee) e Moze (Lindsey Shaw) enquanto tentam sobreviver às aventuras e trapalhadas na escola.
Como o título sugere, Ned utiliza um manual completo que possui dicas para sobreviver às situações clássicas que geralmente se enfrenta na escola, como os meninos que fazem bullying, os professores carrascos e a hora do intervalo.
Zoey 101 (2005-2008)
Com quatro temporadas, essa série provavelmente foi uma das mais caras da Nickelodeon. Já começa pelo fato de que a protagonista, Zoey Brooks, foi interpretada por Jamie Lynn Spears, a irmã mais nova de Britney Spears. Na série, ela vai estudar em um colégio interno e faz uma série de novos amigos. O colégio era somente para meninos, mas com a chegada das meninas, o amor paira no ar.
Relatos sombrios
Por trás de todo esse sucesso, eventualmente começaram os relatos sombrios e as polêmicas da Nickelodeon. Uma das artistas mais ativas na denúncia contra o que acontecia nos bastidores é Alexa Nikolas, que interpretava Nicole Bristow na série Zoey 101, além de outros talentos que decidiram se abrir assim que a série documental Quiet on Set começou a ser produzida.
Em entrevistas, ela chegou a enfatizar que os jovens artistas eram submetidos com certa frequência a participar de cenas sexualmente sugestivas. Pelo menos quatro profissionais do estúdio foram acusados de má conduta e abuso infantil, sendo eles o assistente Jason Handy, o ex-treinador de diálogo e atuação Brian Peck, o freelancer Ezel Channel e o comportamento extremamente abusivo e misógino de Dan Schneider, diretor de muitos dos programas veiculados.
Em uma das falas, Alexa explica que as linhas são muito tênues entre o que é inadequado e o que é apropriado. Isso porque alguém na vida real pode sinalizar o que é inadequado, enquanto nas telas, ensinam que em Hollywood é apropriado porque é uma história faz de conta, não é vida real. É um papel representado, são apenas falas. Esses produtores repetem essa lógica para que a criança, ainda que ache tudo muito estranho, compreenda o que pode vir com certa naturalidade.
Além disso, em sua entrevista com a Newsweek, Alexa Nikolas também alegou que um dos roteiristas estava presente nas provas de roupa para a gravação da série Zoey 101 quando ela tinha apenas 12 anos de idade e tirava fotos polaroid dela vestida com saias curtas, com a desculpa de ser uma ferramenta para o controle criativo.
Nesse meio tempo, Alexa Nikolas fundou o movimento Eat Predators, grupo ativista com o intuito de protestar contra o comportamento predatório. Há anos a ex-estrela da Nickelodeon se manifesta sobre o ambiente tóxico dos bastidores da emissora e todos os abusos que ela e outros atores mirins da época sofreram enquanto trabalharam para o canal.
Ela não foi a primeira nem única a comentar sobre os casos de abuso na Nickelodeon, nem sobre os significados ambíguos de algumas esquetes do canal. Vários talentos se manifestaram para revelar o que acontecia nos bastidores e como eram obrigados a participar de cenas que incluíam piadas sexualmente sugestivas ou falas racistas.
Aliás, o próprio Drake Bell, um dos principais talentos da casa, revelou que foi vítima de abuso sexual por parte do treinador de atuação e diálogos Brian Peck que também apareceu em pequenos papéis enquanto trabalhava na Nickelodeon. Na época da acusação, Bell manteve em sigilo sua identidade, só depois de muito tempo que ele se abriu sobre o assunto.
O ator chegou a descrever como Peck agiu com ele. O abusador criou uma barreira proposital entre Drake e o pai, Joel Bell, para que conseguisse passar mais tempo com o jovem, que por sua vez tinha um papel recorrente na série O Show de Amanda antes de ter seu próprio programa como protagonista, o Drake & Josh, em 2004.
Com isso, Peck passou a levar Drake para as audições e depois o deixava dormir na casa dele, com a desculpa de que ficava tarde demais para levar o adolescente para casa. O ator disse que, em uma dessas noites, ele acordou no sofá, onde sempre dormia, e viu Peck o agredindo sexualmente. “Fiquei paralisado e em choque total, sem saber o que fazer ou como reagir. Não sabia como sair dessa situação”, revelou Bell em entrevista ao documentário Quiet on Set.
Ele recorda que Brian Peck até se desculpou, mas os abusos não pararam por aí. Ainda assim, Bell não conseguiu contar a ninguém, até que a mãe da sua então namorada da época percebeu que algo estava errado e o levou a uma terapeuta. O maior medo do ator era que, caso contasse algo, teria a carreira arruinada.
Quanto mais ele guardava essa situação, pior ficava. Até que ele finalmente “explodiu” e contou tudo para mãe, que prontamente chamou a polícia. Bell precisou contar aos detetives todos os detalhes do abuso e, em seguida, ligar para Peck para fazê-lo confessar enquanto a polícia ouvia. Deu certo e ele foi preso em 2003, sendo obrigado a se registrar como agressor sexual.
Além disso, ex-talentos da emissora relatam que as polêmicas da Nickelodeon não param por aí e possuem muito mais relatos. Alguns comentaram sobre se sentirem desconfortáveis na época sobre algumas das vestimentas que foram obrigados a usar, e também sobre várias piadas grosseiras de duplo sentido que ainda assim foram veiculadas para todos os espectadores do canal.
Por exemplo, Leo Frierson, que participou da série All That, recorda de ter que usar meia-calça e roupas íntimas da cor da pele para dar vida a um super-herói chamado “Nose Boy” que utilizava acessórios que remeteram a um pênis e testículos nos ombros. Frierson conta que em uma das cenas, o personagem precisava espirrar e uma gota atingia uma garota no rosto. Essa questão de líquidos viscosos atingirem o rosto de meninas não foi um caso isolado, era uma piada recorrente em várias séries da Nickelodeon.
Já Katrina Johnson, que também participou da série All That, conta que não atuou muito mais depois e que alguns detalhes do período em que trabalhou na Nickelodeon ainda a assombram. Ela conta que um dia, um dos produtores ligou na casa dela para falar com os pais sobre o fato da jovem estar engordando e que ela não pode engordar, já que o programa já tem uma pessoa gorda no núcleo. Logo após esse episódio, Johnson entrou na puberdade e foi substituída por versões mais jovens.
E mais escândalos da Nickelodeon pairam sobre All That, agora com Bryan Christopher Hearne que participou da sétima e oitava temporada. Seu papel foi de interpretar “o rapper mais jovem de todos os tempos”, mais um personagem com a vestimenta muito justa. O ator disse em entrevista que ouviu alguém no set de filmagens reforçar que “o tom de pele deveria ser carvão”.
Essa frase que ele ouviu quando jovem mexeu muito com seu psicológico. Mas na época, assim como os outros talentos, teve medo de contar para a mãe, Tracey Browne, que já tinha consolidado uma reputação na emissora por defender o filho de todas as formas – algo que era desaprovado dentro dos sets de gravações.
Mas não era segredo nenhum o racismo que circulava nos bastidores. Era perceptível que Hearne só era chamado para papéis que reforçavam estereótipos negros. Como por exemplo o personagem que vendia biscoitos como escoteiro em um tom como se estivesse vendendo drogas.
Seu colega de elenco, Kyle Sullivan, apesar de ter criticado Dan Schneider e admitir que achava estranho o tom das piadas, comentou em entrevista que no geral tinha um bom relacionamento com Schneider. Mas Hearne contrapõe dizendo que o diretor tinha uma relação agradável com garotos brancos, na verdade.
E para tentar combater as polêmicas da Nickelodeon – uma das – envolvendo seu nome, o porta-voz de Schneider contestou essa fala dizendo que existia uma participação proeminente de atores negros em seus programas de televisão.
Só que não foram só as crianças e adolescentes da época que se recordam do escândalo da Nickelodeon e como a emissora se revelou ser um local de trabalho tóxico, principalmente nas séries dirigidas por Schneider. A roteirista Jenny Kilgen disse em entrevista ao Quiet on Set que quando ela e a roteirista e produtora Christy Stratton foram contratadas para O Show de Amanda, pediram para que elas dividissem o salário – sendo que o total era o que geralmente um roteirista sozinho deveria ganhar.
Só que como Kilgen queria muito o emprego, ela aceitou. Na verdade, ela e Stratton aceitaram muitas coisas, inclusive Dan Schneider as chamando de “as garotas” em vez de se referir a elas pelos nomes. Para completar, a dupla comentou que Schneider fazia comentários misóginos afirmando que as mulheres não são engraçadas, além de pregar peças humilhantes.
Mais para frente vamos falar um pouco mais sobre Dan Schneider, o principal acusado. Mas aqui, relembramos também outro momento quando o diretor criou a personagem Penelope Taynt para Amanda Bynes interpretar no O Show de Amanda. A dupla de roteiristas foi instruída a não falar para os executivos da Nickelodeon que o nome tinha um duplo sentido intencional de cunho sexual, então elas acabaram seguindo as instruções por medo do que poderia acontecer com o emprego delas.
Quando Jenny Kilgen procurou seus direitos e descobriu que a divisão de salário como estava sendo feita era contra as regras do sindicato, prontamente ela sinalizou essa situação. Após isso, ela conta que Schneider a ameaçou, falando que caso descobrisse que foi ela quem o denunciou, nunca mais trabalharia no canal ou em qualquer outra empresa da Viacom.
Com relação aos vários posicionamentos levantados no documentário Quiet on Set, a Nickelodeon se pronunciou na NBC News com um comunicado oficial:
Embora não possamos corroborar ou negar alegações de comportamentos de produções de décadas atrás, a Nickelodeon, por uma questão de política, investiga todas as reclamações formais como parte de nosso compromisso de promover um ambiente de trabalho seguro e profissional, livre de assédio ou outros tipos de conduta inadequada. Nossas maiores prioridades são o bem-estar e os melhores interesses não apenas de nossos funcionários, elenco e equipe, mas de todas as crianças, e adotamos várias medidas de proteção ao longo dos anos para ajudar a garantir que estamos cumprindo nossos próprios padrões elevados e as expectativas de nosso público.
Comunicado oficial
Acusações contra Dan Schneider (e respostas)
Antes de adentrar aos casos de abuso na Nickelodeon por parte de Dan Schneider, vamos começar do começo. Quem é o diretor?
Definido como o prodígio da Nickelodeon, Dan Schneider foi o responsável por criar as séries mais bem sucedidas do canal. Algumas fontes próximas da emissora falam que seu sucesso iminente o possibilitou ser uma pessoa abusiva nos bastidores.
Sua carreira na Nickelodeon começou na década de 1990 quando assinou como escritor e produtor de alguns programas. Ele criou O Show de Amanda, Drake & Josh, Zoey 101 e iCarly. Já em 2018, ele foi afastado do canal após ser acusado de ser abusivo no ambiente de trabalho.
Assim que Jennette McCurdy, uma das estrelas principais de iCarly, lançou seu livro de memórias Estou Feliz que Minha mãe Morreu, começaram as especulações entre os leitores sobre alguns relatos serem em relação a Dan Schneider. No ligo, ela relata situações em que um executivo a pressionava a ingerir álcool, fazia massagens indesejadas e gastava o tempo colocando os jovens atores uns contra os outros.
E de fato, McCurdy e Ariana Grande (ambas atuaram juntas em Sam & Cat), apresentaram algumas queixas contra um dos produtores da série da Nickelodeon. Uma investigação iniciada em 2013 acabou descobrindo um comportamento inadequado nesse set. A partir disso, concluiu-se que Schneider teria contribuído para que o ambiente de trabalho fosse extremamente tóxico.
Já entre 2017 e 2018, a dona da Nick, Viacom CBS, abriu mais uma investigação sobre os supostos casos de abuso na Nickelodeon por parte de Schneider. Ainda que na época não tivessem encontrado nenhuma evidência de conduta inapropriada, foi constatado que ele era verbalmente abusivo.
O ex-presidente de conteúdo e produção da Nickelodeon, Russell Hicks, se pronunciou pontuando que uma equipe encarregada da função de normas e práticas lia todos os roteiros das séries de Schneider. Ele alega também que os executivos de programação assistiam a todos os episódios e os pais ou responsáveis das crianças e dos adolescentes sempre estavam presentes no set.
Porém, Alexa Nikolas volta a dar algumas declarações. Ela afirma ter visto Schneider convidar um talento menor de idade do elenco para ir até sua casa sem a presença dos pais e também ter visto ele enviar mensagens para algumas crianças fora do trabalho.
De acordo com a investigação do Business Insider, o diretor de fato tinha o hábito de levar os jovens atores para jantares, convidá-los para sua casa em festas de fim de ano e até mesmo atrasar seu trabalho na escrita dos roteiros para poder socializar com eles no set de gravação.
A atriz e ativista também alegou que dentre as polêmicas da Nickelodeon envolvendo o Dan Schneider também está o fato de que ele pedia fotos dos pés dos atores menores de idade e pagava um valor, caso aceitassem. Em entrevista à Newsweek, ela complementou: “Minha mãe não me deixava fazer isso, então nunca tirei fotos de meus pés. Mas outros membros do elenco faziam e ele andava por aí com notas de dólar e lhes dava essas notas para tirar uma foto de seus pés“. Por serem crianças e jovens, eles provavelmente não viam o cunho sexual nesse pedido e só achavam tudo muito engraçado.
Em meio a esse escândalo da Nickelodeon, em uma entrevista de 2021 ao The New York Times, mais uma vez Schneider disse que nunca foi inadequado com a equipe nos bastidores. “Eu não poderia, e não teria as amizades de longo prazo e a lealdade contínua de tantas pessoas respeitáveis se tivesse maltratado meus atores de qualquer idade, especialmente menores”, disse Schneider ao jornal.
Em outra entrevista ao Business Insider, a atriz Lori Beth revelou que o diretor, que foi redator-chefe da série All That durante todas as temporadas, mostrou-lhe vídeos de pornografia no computador do escritório, iniciou sexo por telefone com ela em uma ocasião e cometeu outros atos de má conduta quando ela ainda era adolescente.
Em outra declaração, Dan Schneider respondeu às alegações de Lori Beth falando que “são extremamente exageradas e, na maioria dos casos, falsas”. Ainda complementou: “Se eu fiz isso com relação a Lori Beth, peço desculpas sinceras a ela. Mas não posso me desculpar por coisas que não fiz.”
Os atores até hoje não acreditam nos pedidos de desculpas de Dan, principalmente pelo fato de ele negar a maioria das acusações.
Quiet on Set: documentário denuncia os abusos
A série documental Quiet on Set: O Lado Sombrio da TV Infantil, de cinco episódios, que teve sua estreia em abril de 2024 na Max revela a cultura tóxica por trás de alguns dos programas infantis mais icônicos dos anos 1990 e 2000 e principalmente o império construído pelo produtor e diretor Dan Schneider, que é responsável por séries como Drake & Josh, iCarly, Zoey 101, O Show de Amanda, entre outros.
A partir desse documentário, o público teve acesso aos bastidores e casos de abuso na Nickelodeon que antes eram muito abafados ou distorcidos para que ninguém voltasse a atenção para os escândalos da emissora.
Em resposta, Schneider publicou um vídeo após a estreia da série. “Assistir à série nas últimas noites foi muito difícil”, disse ele. “Eu estou enfrentando meus comportamentos passados, alguns dos quais são embaraçosos e dos quais me arrependo… e definitivamente devo a algumas pessoas um forte pedido de desculpas.”
O diretor ainda disse que todas as cenas consideradas inapropriadas ou que estivessem incomodando alguém, poderiam ser editadas, e ainda reforçou que os roteiros e séries da Nickelodeon foram previamente aprovados pelos executivos do canal.
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Fontes: Vanity Fair, Vogue e Buzzfeed
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
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