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Pinguim se encaminha para se tornar uma das melhores séries do ano, trazendo uma excelente construção de mundo e personagens, além de ampliar a mitologia de The Batman. Se olharmos atentamente, dá pra sentir que dava pra colocar um pouquinho de Batman nos diálogos, mesmo que ele não aparecesse, mas para sabermos que ele existe ali, agora que Oz e Sofia estão aprontando à beça em Gotham. Dito isso, temos mais um excelente episódio e em seguida vou destrinchar o que há de melhor nele e pontuar seus pontos negativos também.
Vale ressaltar mais uma vez que essa crítica pode ter SPOILERS, então vai lá assistir primeiro e depois volta para conferir, beleza?
Ascensão de Oz e a briga pela liderança do crime de Gotham
O episódio da semana passada, Boas Vindas foi uma mudança de rumos Gigante para Sofia (eu juro que o trocadilho não foi intencional). A personagem decidiu tomar a frente da família Falcone e mudar tudo, inclusive o nome, além de se juntar a Salvatore Maroni para uma aliança que promete dar um fim em Oz, o Pinguim.
Oz, por outro lado, encontrou a fonte de cogumelos que precisava para colocar a produção de Bliss em ação. O novo episódio é bem inteligente em adiantar esse processo e iniciar com tudo funcionando, nos poupando de ver como tudo isso funciona de novo. Nós já vimos no 3º episódio. A fábrica está a todo vapor, com as pessoas de Crown Point ajudando no processo, fazendo a nova droga de Oz um grande sucesso.
Ao mesmo tempo que isso ascende o protagonista no mundo do crime, leva Sofia e Sal a tomarem atitudes mais drásticas. Com isso, ela passa a matar e pendurar o corpo de quem vende a droga para todo mundo ver nas ruas, como uma mensagem de que qualquer um que vender o Bliss vai ser punido. Isso gera um problemão pra Oz. Contudo, ele tem mais uma cartada na manga.
Basicamente, ele passa a fornecer a droga de graça por toda a cidade, como forma de aumentar a oferta e o desejo das pessoas por ela. A ideia dá super certo, mas gera outro conflito, agora para Vic. O garoto está mais acostumado com o mundo do crime agora, de fato, mas ainda tem um grande caminho. Um deles era o Squid, o cara que mandou ele roubar as rodas do carro de Oz lá no primeiro episódio. Esse conflito entre os dois personagens faz com que Vic tenha de tomar uma atitude cruel e eu não tô brincando.
A situação aperta, Vic comenta com Oz sobre a situação e diz que vai resolver. Ele tenta levar a situação na conversa, mas Squid o pressiona, fazendo com que Vic atire nele e bom, o mate. Esse é um momento bem legal do episódio, mostrando o conflito interior de Vic, afinal ele matou uma pessoa. Mais pra frente no episódio, isso vira uma conversa com Oz e o mesmo o parabeniza e diz que “vai ficando mais fácil com o tempo”. Ou seja, Vic agora está imerso nesse mundo e talvez não tenha volta.
Voltando para Sofia, tivemos uma possível resposta do que Julian representa na história. Ele é um capacho de luxo da protagonista. Não tem grande relevância na história, mas serve para inflar o ego de Sofia, talvez. Por outro lado, temos um pouco mais de Sal, esse que é um pecado se não tivermos um grande momento até o fim da temporada. Esse episódio mostrou o lado mais humano do personagem, com ele cozinhando e mostrando a falta que faz sua esposa e filho, servindo de munição para se vingar de Oz.
Com a nova jogada de Oz, Sofia precisou de uma nova estratégia. Ela e Sal invadem o apartamento de Oz e ela descobre a ligação do personagem com Eve, a prostituta que ajuda Oz e lidera essa questão ali no submundo de Gotham. Embora eu não tenha destacado a personagem nas críticas de episódios passados, seu papel é importante para manter tudo em ordem na região e até mesmo uma proteção para Oz.
Sofia então vai atrás de Eve e descobrimos alguns detalhes importantes. O primeiro é como essas mulheres são unidas. A princípio temos a impressão que Roxy é uma traidora, personagem essa que até comentei que talvez tivesse mais profundidade no episódio de Vic, mas que não foi pra frente. Quando Sofia encontra Eve, descobrimos que Roxy contou onde ela estava a pedido da própria Eve e aqui temos uma das melhores cenas do episódio.
Apesar de calmo, a tensão da conversa entre as duas personagens é ótimo, além de trazer muitas informações importantes. Mais uma vez, Oz tem uma situação a seu favor em cima de mentiras, nesse caso a questão de Sofia ser o Carrasco. Isso entra em discussão entre as duas, fazendo com que Eve passe a confiar em Sofia e revelando onde Oz está.
Outro ponto que não entrei em muitos detalhes anteriormente, mas que tem muita importância aqui é sobre a mãe de Oz, a Francis. A personagem sofre de Demência com corpos de Lewy, gerando diversos problemas e situações complicadas, como tomar banho em água gelada. A situação se agrava nesse episódio e embora a personagem seja sempre muito exigente com Oz, temos um momento mãe e filho bem impactante aqui.
Ela reconhece a situação da sua doença e implora para Oz que, caso a doença piore a níveis onde ela se torne apenas um “vegetal”, ela quer que ele a ajude a morrer e não fique sofrendo pelo mundo. Apesar de relutar sobre isso, Oz promete isso a sua mãe. Cabe destacar a excelente atuação de Deirdre O’Donnel aqui, nos fazendo crer da situação horrível que ela vive.
Isso leva o episódio a alguns extremos ótimos. O primeiro, por parte de Oz, é ir atrás de um dos caras d prefeitura a fim de trazer a energia de Crown Point de volta. Como ele faz isso, para variar é muito criativa e doída. Ele ameaça o cara com um alicate em seu nariz e bom, teve resultado. Não só isso, mas Oz também consegue convocar as outras famílias de Gotham, com alguns personagens como Feng Zhao, Billie Peña, Vasily Kosov, Donny Boy e Able Crown.
Ele junta essa galera para mostrar que os políticos de Gotham, por mais que se odeiem, estão sempre reunidos e jantando juntos para se beneficiarem e que deveriam fazer o mesmo, no mundo do crime. Apesar de Zhao ir contra a ideia a princípio, Oz consegue convencer todos eles, o que gera alta expectativa em nós espectadores. Afinal de contas, agora são essas famílias com Oz contra Sofia e Sal.
Contudo, é curioso tudo isso acontecendo e o medo do Batman sequer ser mencionado. Eu entendo a proposta da série e isso não tira seu valor, mas para pra pensar. No filme, ele falava que os bandidos tinham medo do escuro por causa dele. Oz e companhia estão fazendo a festa em todos esses episódios e em momento algum, não passou nem um pinguinho de medo do Batman aparecer e acabar com tudo.
Por fim, o episódio se encerra com a energia em Crown Point voltando e Francis dançando toda feliz com Vic. Contudo, temos uma visão de Sofia invadindo a casa com um pé de cabra, sugerindo que ela pode acabar com aquilo que Oz mais ama no mundo, sua mãe. Se isso vai acontecer ou não, temos de esperar a semana que vem.
Atuações
O que já falei anteriormente ainda vale aqui. Colin Farrel e Cristin Milioti são ótimos nos seus personagens e funcionam cada um a sua maneira mais uma vez. Dá para ver claramente a mudança de atitudes da Sofia de dois episódios atrás para a Sofia atual, da mesma forma que é possível ver a persona de Pinguim rei do crime se criando aqui também.
Rhenzy Feliz também faz um ótimo trabalho em entregar um rosto inocente se metendo no crime, entregando um conflito muito evidente no seu rosto. Ele faz o que precisa fazer, mas não necessariamente porque gosta daquilo, uma dualidade importante para a construção dele.
Clancy Brown entrega um Sal em luto e com muito ódio também. A entrega do ator famoso por fazer vilões é ótima, mas sinto que tá faltando aquela cena para ele na série. Talvez estejam guardando algo para o último episódio.
E por fim temos Deirdre O’Donnel como Francis que, pra mim, roubou o episódio nesse ponto. Sua personagem parece difícil de interpretar e ela entrega tudo. Seja nos momentos de mau-humor e xingamentos, nas danças, em tudo, parece alguém sofrendo real com aquilo e que não aguenta mais. E como já falei, seu pedido para Oz é o ápice, entregando drama na medida certa.
Aspectos técnicos
Aqui já é chover no molhado, mas vale comentar o figurino de Sofia, agora ainda mais elegante que anteriormente. Gotham continua parecendo Gotham e as coisas se conectam de forma contínua. Um detalhe que notei na cena da cozinha foi que Sofia pega a taça com a mão por baixo e no corte sua mão está segurando de outra forma. Passaria super despercebido se não houvesse um corte seco e não atrapalha em nada, mas é engraçado.
Trilha sonora
Michael Giachinno está mais uma vez por trás da trilha da série e sem reclamações, mas nesse episódio, não me recordo de nenhum momento onde a trilha foi super impactante também. Ela ainda faz bem seu papel nos momentos de tensão, mas sem surpresas como em episódios anteriores.
Conclusão
Não acho que esse seja o melhor episódio até aqui, mas ele mantém muito bem o nível. Consegue criar uma excelente expectativa para o que devemos esperar dos dois últimos, além de terminar de desenvolver alguns traços importantes dos nossos protagonistas.
É uma produção muito bem estruturada e até agora, exceto o esquecimento da existência do morcego em Gotham, tudo beira a perfeição, seja em design, narrativa ou qualquer outro aspecto. Vale a pena conferir.
Onde assistir
Se você se interessou, você pode assistir à Pinguim no canal pago HBO, ou então pelo serviço de streaming MAX. Restam dois episódios para o fim da minissérie, programados para os dias 2 e 9 de novembro.
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Texto revisado por Alexandre Marques em 28/10/2024.
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