Homem idoso caminhando no parque, sol nascendo

Paciente reverte sintomas de Alzheimer após cinco anos de tratamento

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Documentário da CNN explora as mudanças de estilo de vida de dois pacientes de Alzheimer que conseguiram retroceder no avanço da doença

Dois pacientes que sofrem de Alzheimer participaram do documentário O Último Paciente de Alzheimer, produzido pela emissora CNN. A produção registrou a mudança de hábitos e estilo de vida dos participantes a partir de um inovador ensaio clínico que reverte sintomas de Alzheimer, podendo servir de base para novos tratamentos em série. Abaixo, vamos abordar a doença, seus estágios e sintomas, além da busca por um tratamento definitivo para a cura.

O que é o Alzheimer?

Paciente reverte sintomas de alzheimer após cinco anos de tratamento. Documentário da cnn explora as mudanças de estilo de vida de dois pacientes de alzheimer que conseguiram retroceder no avanço da doença
Alois Alzheimer se dedicou à psiquiatria, à neuropatologia e ao estudo das doenças mentais. Imagem: Getty Images / BBC News Brasil

Documentada pela primeira vez em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer causa danos no cérebro provocando a demência, impactando a mobilidade e a qualidade de vida geral do paciente. A doença atinge atualmente no Brasil mais de 1,2 milhão de pessoas, segundo informações do Ministério da Saúde. Com o envelhecimento da população mundial, a preocupação dos órgãos de saúde no mundo todo crescem em torno da doença degenerativa, gerando cada vez mais pesquisas para combater os seus estágios.

O que causa o Alzheimer?

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O Alzheimer acomete principalmente os idosos. Foto: Reprodução.

Caracterizada por ser uma condição neurodegenerativa progressiva e irreversível, suas causas exatas não são completamente compreendidas, mas envolvem uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, conforme apurado por cientistas ao longo de décadas de pesquisa.

Geneticamente, o histórico familiar e genes específicos como o APOE-e4 aumentam o risco para o Alzheimer. Fatores ambientais e de estilo de vida, como idade avançada, saúde cardiovascular, lesões na cabeça e um estilo de vida sedentário, também desempenham um papel significativo. Outros processos biológicos que causam inflamação e disfunção neuronal, levando à perda de sinapses e morte celular, também são apontados para o surgimento da doença.

Doenças crônicas como o diabetes, além de condições psicológicas como a depressão e o isolamento social, também podem aumentar o risco do desenvolvimento do Alzheimer.

Estágios do Alzheimer

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O Alzheimer causa graves danos à cognição dos pacientes. Imagem: Reprodução.

É importante frisar que os casos de Alzheimer surgem em sua maioria nos indivíduos mais velhos, com idade a partir dos 60 anos. A doença é geralmente dividida em três estágios principais: leve, moderado e grave. Cada estágio é caracterizado por diferentes sintomas e graus de declínio cognitivo e funcional, afetando a vida do indivíduo.

Estágio leve ou inicial

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Sintomas sutis como dificuldade com tarefas complexas acendem o alerta para o Alzheimer (Imagem: Firefly)

No primeiro estágio de manifestação da doença, certos comportamentos podem aparecer de forma sutil — porém recorrentes — ligando o alerta para que o diagnóstico seja feito por um profissional de saúde o quanto antes para início do tratamento. Abaixo, listamos as principais características que apontam para o estágio inicial do Alzheimer.

  • Perda de Memória Recente: O indivíduo apresenta dificuldade em reter informações de eventos recentes. Exemplo: repetir perguntas por diversas vezes, não se lembrar de compromissos importantes, esquecer de conversas com conhecidos tidas recentemente.
  • Dificuldade com Tarefas Complexas: Problemas em gerenciar finanças, organizar o dia ou seguir instruções complexas, principalmente no ambiente de trabalho, quando orientações são comuns e recorrentes no dia a dia.
  • Desorientação: Dificuldade em lembrar datas, estações do ano, lugares onde se tinha familiaridade e o nome e feição de familiares, amigos e vizinhos.
  • Mudanças de Humor e Personalidade: Nesses casos, o paciente pode apresentar irritabilidade, ansiedade, apatia e depressão.
  • Problemas de Comunicação: Dificuldade em encontrar palavras ou manter uma conversa fluida enquanto participa de uma interação social.

Como a doença está em estágio inicial, por muitas vezes, o indivíduo ainda consegue lidar com esses problemas, levando uma vida normal, porém, encontra dificuldades, necessitando de ajuda de terceiros para algumas atividades diárias.

Estágio moderado

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Neste estágio podem surgir dificuldades em executar atividades cotidianas (Imagem: Firefly)

O estágio moderado é caracterizado pela maior intensidade dos sintomas já relatados, ou do surgimento de novas condições, que afetam diretamente a qualidade de vida de quem sofre de Alzheimer.

  • Aumento da perda de memória: sintoma presente desde o estágio inicial, na fase moderada da doença, acontece a intensificação da perda de memória, dificultando a recordação de eventos passados, além de familiares e amigos próximos.
  • Confusão e desorientação: o enfermo apresenta desorientação no tempo e espaço, podendo se perder com facilidade mesmo em locais que costuma frequentar.
  • Dificuldade em realizar atividades cotidianas: maior dependência para tarefas básicas como vestir-se, tomar banho e preparar refeições.
  • Problemas de linguagem e comunicação: características presentes no estágio inicial, os problemas de comunicação se agravam, aumentando a dificuldade para falar, escrever e entender.
  • Comportamento Inadequado: nesses casos, o paciente pode apresentar agressividade, alucinações, delírios, e outros comportamentos incomuns ou perturbadores.

Na fase moderada do Alzheimer, o impacto na vida do paciente já é tido como preocupante. Pode se fazer necessário o auxílio de cuidadores profissionais para observação e cuidado do indivíduo enfermo.

Estágio grave ou avançado

Paciente reverte sintomas de alzheimer após cinco anos de tratamento. Documentário da cnn explora as mudanças de estilo de vida de dois pacientes de alzheimer que conseguiram retroceder no avanço da doença
No estágio avançado, o paciente pode nem mesmo reconhecer-se no espelho (Imagem: Firefly)

Esse estágio é o pior cenário possível no avanço do Alzheimer contra a saúde do paciente, comprometendo severamente sua capacidade mental e cognitiva. Os sintomas acabam atingindo também a mobilidade e a parte física dos pacientes.

  • Severa perda de memória: o paciente apresenta incapacidade de reconhecer parentes próximos, amigos e até mesmo o próprio reflexo no espelho.
  • Dependência total: o indivíduo se torna incapaz de realizar qualquer atividade diária sem ajuda. Se torna dependente total de cuidados de terceiros para alimentação, higiene, mobilidade e demais afazeres.
  • Mobilidade comprometida: dificuldade em caminhar, sentar-se, manusear objetos, permanecer de pé, engolir e realizar outras atividades manuais.
  • Perda de habilidades de comunicação: pouca ou nenhuma capacidade de falar, compreender ou responder aos outros.
  • Alterações Físicas: perda de peso, incontinência urinária e fecal, aumento da vulnerabilidade a infecções e outras graves condições de saúde.

Neste estágio, o estilo de vida está completamente comprometido. O paciente necessita de total auxílio de cuidados profissionais para alimentação, higiene e outras necessidades básicas.

Mudanças no estilo de vida revertem sintomas da doença

@cnnee

El corresponsal médico jefe de CNN sigue a Cici Zerbe, una paciente con Alzheimer que afirma que sus síntomas se han revertido tras participar en el ensayo clínico del Dr. Dean Ornish sobre los efectos de los cambios intensivos en el estilo de vida en la progresión del deterioro cognitivo leve o la demencia precoz debida a la enfermedad de Alzheimer. #cnnenespañol

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Vídeo: TikTok/ CNN

Felizmente, o estilo de vida saudável parece ser a chave no combate ao avanço do Alzheimer, como retratado no documentário da CNN intitulado O Último Paciente de Alzheimer, que acompanhou o tratamento de duas pessoas, sendo um homem com histórico de casos de Alzheimer na família, e uma mulher que convivia com a doença há cerca de cinco anos. Ambos conseguiram reverter sintomas de Alzheimer a partir de mudanças no estilo de vida.

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Cici Zerbe reverte sintomas de Alzheimer a partir de vida saudável. Imagem: CNN/ Reprodução

Cici Zerbe e Simon Nicholls aceitaram participar do documentário, registrando a adaptação de seus estilos de vida a partir do ensaio clínico do Dr. Dean Ornish, sobre os efeitos de mudanças intensivas no estilo de vida na progressão de comprometimento cognitivo leve ou demência precoce devido à doença de Alzheimer.

Todo o tratamento resultou na mudança para uma dieta baseada em vegetais, realização de exercícios regulares, apoio em grupo, ioga e meditação, supervisionados pelo correspondente da CNN, o neurologista Sanjay Gupta.

Em entrevista, Cici atribui a melhora de seu quadro clínico aos exercícios físicos, a caminhada regular pela manhã e a dieta saudável.

Com Nicholls, os temidos fatores hereditários preocupavam o participante do documentário. Ele afirmou que a família inteira teve “ataques cardíacos intermináveis”, resultando na morte do avô materno por volta dos 50 anos; e a mãe que teve três ataques cardíacos, após os 50 anos, antes de desenvolver demência.

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Simon Nicholls atingiu resultados impressionantes após se submeter ao tratamento de combate ao Alzheimer. Imagem: CNN/ Reprodução

Infelizmente, minha mãe faleceu do que pensamos ser Alzheimer aos 70 anos. Nos últimos 10 anos de sua vida, ela apenas ficou sentada em uma cadeira, balançando-se, enquanto tomava cerca de 14 medicamentos. Prefiro ter uma vida mais longa e depois ir rápido.

Simon Nicholls

Supervisionado pelo neurologista Richard Isaacson, Nicholls seguiu um regime rigoroso que incluiu o uso da tirzepatida para controlar o apetite e o açúcar no sangue, aumento da atividade física com caminhadas diárias e treinos de força, e uma dieta baseada em vegetais, eliminando açúcar, adoçantes artificiais, álcool e alimentos ultraprocessados.

Além disso, incorporou práticas de bem-estar como sauna, mergulhos em água fria e rotinas de sono. Em apenas 14 meses, ele perdeu 21 quilos e ganhou massa muscular, enquanto biomarcadores de Alzheimer desapareceram, causando a reversão da doença, surpreendendo os especialistas.

Este caso destaca o impacto significativo que mudanças no estilo de vida podem ter na saúde cognitiva e física, sugerindo um potencial caminho para retardar o avanço do Alzheimer até que uma cura seja encontrada.

A publicação do estudo está prevista para junho de 2024 na revista Alzheimer’s Research & Therapy. Já o documentário foi lançado no dia 19 de maio pelo canal da CNN americano, com previsão de estar disponível na plataforma de streaming MAX, a partir do dia 18 de junho.

Existe cura para o Alzheimer?

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Imagem: OPAS/ Reprodução

Apesar do estudo promissor retratado no documentário, a ciência ainda não possui o tratamento ideal ou eficaz com relação à cura do Alzheimer. Entretanto, os cientistas obtiveram avanços ao longo de décadas de pesquisa, o que leva a crer que num futuro não muito distante, a cura pode ser encontrada.

Atualmente os tratamentos envolvem o uso de medicamentos, com compostos químicos que comprovadamente retardam o avanço da doença. Esses tratamentos incluem inibidores da colinesterase (donepezila, rivastigmina, galantamina) e memantina, que podem ajudar a melhorar temporariamente a função cognitiva e a qualidade de vida dos pacientes.

Segundo Paul E. Schulz, professor de neurologia na McGovern Medical School, a vacinação parece ter um efeito geral no sistema imunológico, diminuindo a disfunção das células cerebrais. Pacientes vacinados com Tdap ou Td têm 30% menos probabilidade de desenvolver Alzheimer após os 65 anos, comparados a não vacinados (7,2% versus 10,2%). A imunização contra HZ está associada a uma redução de 25% no risco (8,1% versus 10,7%), enquanto a vacina pneumocócica reduz o risco em 27% (7,92% versus 10,9%).

Os recentes avanços tendem a indicar que em um breve futuro, será possível encontrar, enfim, a cura para o Alzheimer.

Saiba mais sobre essa e outras notícias no Showmetech TRIO:

Fontes: CNN, OGlobo, Agência Brasil, FioCruz, Biblioteca Virtual em Saúde.

Veja também:

Revisado por Glauco Vital em 27/5/24.


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