Olimpíadas 2024

Olimpíadas 2024: atletas do Japão usarão uniformes que bloqueiam câmeras infravermelhas. Entenda

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A Mizuno desenvolveu as roupas visando evitar a hipersexualização dos corpos dos atletas em takes capturados por câmeras que usam tecnologia de infravermelho. Veja como isso funciona

Os jogos Olímpicos são sempre carregados de surpresas e novidades, como as novas modalidades: breaking e canoagem slalom extremo, que chegam nessas Olimpíadas 2024. Mas a Mizuno, fabricante japonesa de equipamentos esportivos, decidiu ir além ao desenvolver uniformes inovadores para os atletas olímpicos do Japão. Os novos kits, destinados às equipes femininas de vôlei, atletismo e tênis de mesa, utilizam uma tecnologia avançada que impede a captação de imagens sugestivas por câmeras com infravermelho. O tecido especial, produzido em colaboração com as empresas Sumitomo Metal Mining e Kyodo Printing, possui materiais que absorvem a luz na faixa infravermelha, evitando que fotos infravermelhas revelem roupas íntimas ou o corpo das atletas.

Essa inovação busca combater a disseminação de imagens hipersexualizadas de atletas na internet. A iniciativa da Mizuno não só protege a dignidade e o bem-estar das atletas, mas também reforça o compromisso da Mizuno em estabelecer um novo padrão de privacidade e segurança no esporte, promovendo uma competição mais justa e respeitosa.

O uso deste tecido por atletas de ponta conscientize a sociedade de que o voyeurismo é inaceitável. As câmeras estão cada vez mais sofisticadas. O uso do infravermelho para fotografias revela roupas íntimas e corpos sob maiôs e shorts.

Kazuya Tajima, membro da equipe de desenvolvimento da Mizuno.

Explicando o problema

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Atletas sofrem com fotografias manipuladas e hipersexualizadas. Foto: Reprodução / Japan Times.

A hipersexualização de atletas em eventos esportivos de grande visibilidade, como os Jogos Olímpicos, é uma questão preocupante que resulta não da natureza das roupas em si, mas dos ângulos e dos takes de câmeras que são intencionalmente manipulados para esse fim. Um exemplo claro desse problema é o caso de Airi Hatakeyama, ginasta rítmica que representou o Japão nas Olimpíadas de Londres 2012 e Rio 2016. Hatakeyama relatou ter ficado chocada ao descobrir que algumas pessoas sexualizavam suas imagens enquanto ela ainda era menor de idade, destacando uma realidade desconfortável para muitos atletas.

Em resposta a esse tipo de problema, a federação de ginástica adotou medidas rigorosas desde 2004, proibindo fotos durante competições e mobilizando funcionários para identificar infratores. Durante a preparação para os Jogos de Tóquio 2021, o Comitê Olímpico Japonês intensificou seus esforços para conscientizar o público sobre esses atos desprezíveis. Naquele ano, um homem foi preso por utilizar uma câmera infravermelha para fotografar uma jogadora de vôlei e vender as imagens em um site pornográfico. Entretanto, o caso com a gisnástica ritmica do Japão não é um caso isolado, basta pesquisas rápidas na internet para encontrar sites pornográficos ou posts em redes sociais que sexualizam atletas de atletismo, natação, volêi e entre outros com seus respectivos uniformes.

Fator que impulsiona essa prática crimonosa está no uso de câmeras infravermelhas e alguns smartphones modernos com a capacidade de capturar imagens através de roupas comuns, utilizando tecnologia infravermelha. Esta tecnologia, projetada originalmente para fins científicos e de segurança, permite que a luz infravermelha penetre em materiais finos, revelando detalhes não visíveis a olho nu. Modelos de câmeras infravermelhas e aplicativos de smartphones podem ser ajustados para capturar imagens em condições de pouca luz ou até mesmo em total escuridão, expondo detalhes indesejados dos corpos dos atletas. A utilização dessa tecnologia para fins mal-intencionados representa uma grave violação da privacidade e da dignidade dos esportistas.

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Samrtphone OnePlus 8 Pro possue sensor de câmera com capacidade de capturar luz infravermelha. Foto: Reprodução / Internet.

Alguns smartphones como o CAT S61, CAT S62 Pro e o OnePlus 8 Pro possuem sensores de câmera com capacidade de capturar luz infravermelha, permitindo a visualização através de materiais finos. Além disso, a câmera térmica FLIR One, que pode ser acoplada a smartphones, e a Seek Thermal Compact são exemplos de dispositivos portáteis que utilizam tecnologia infravermelha para capturar imagens detalhadas mesmo em condições de pouca luz. Outras câmeras de consumo com capacidades infravermelhas incluem a Canon XA30 e a Sony FDR-AX700, ambas equipadas com modos de visão noturna que utilizam luz infravermelha para capturar imagens em escuridão total.

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Assim como neste exemplo usando o OnePlus 8 Pro, com câmeras com tecnologia infravermelha é possível fazer uma espécie de raixo-x de um objeto ou até mesmo uma pessoa, como nos casos de voyeurismo com atletas. Foto: Nextpit.

O OnePlus 8 Pro inclui um sensor de câmera exclusivo conhecido como filtro de cor, que pode capturar imagens com efeito infravermelho. Esta tecnologia permite que a câmera veja além do espectro de luz visível, revelando detalhes que normalmente não seriam perceptíveis a olho nu. Inicialmente projetado para aprimorar a fotografia em condições de pouca luz e criar efeitos visuais únicos, o filtro de cor infravermelho do OnePlus 8 Pro ganhou atenção por sua capacidade de ver através de certos materiais finos, como tecidos (veja foto abaixo).

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Infravermelho da câmera do OnePlus 8 Pro transparece blusa. Foto: Nextpit.

Casos recentes sublinham a seriedade dessa questão. Em 2021, a prisão de um homem por vender fotos infravermelhas de uma jogadora de vôlei e, em 2023, o processo contra outro indivíduo por filmar corredoras durante uma corrida de revezamento destacam a necessidade de medidas rigorosas para proteger os atletas. Em resposta, algumas organizações esportivas e fabricantes de equipamentos, como a Mizuno, estão desenvolvendo uniformes que bloqueiam a captação de imagens infravermelhas. Esses tecidos inovadores incorporam materiais absorventes de luz infravermelha, evitando que fotos infravermelhas revelem detalhes do corpo dos atletas.

Como funciona a tecnologia dos uniformes da Mizuno

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Como funciona o método de fotografia usando luz visível ou câmera infravermelha. Foto: Divulgação / Mizuno.

Mediante os recentes problemas de hipersexualização de atletas usando seus uniformes, a Mizuno, em parceria com a Sumitomo Metal Mining Co., Ltd. e a Kyodo Printing Co., Ltd., especialistas respectivamente em materiais funcionais e tecnologia de materiais compósitos, desenvolveu um tecido inovador projetado especificamente para proteger atletas contra fotografias ilícitas através de câmeras infravermelhas. Este projeto de pesquisa e desenvolvimento focou na criação de um material têxtil que não apenas oferece alto desempenho esportivo, mas também bloqueia eficazmente a luz na faixa infravermelha.

O tecido incorpora materiais especializados que absorvem e dispersam a luz infravermelha, tornando as áreas cobertas praticamente invisíveis para câmeras infravermelhas. Este avanço tecnológico não compromete o conforto ou a respirabilidade do tecido, mantendo-o adequado para uso durante atividades físicas intensas. Além de sua capacidade de bloqueio de infravermelho, o tecido Mizuno também mantém propriedades de absorção de luz visível, garantindo proteção abrangente contra outros tipos de fotografia indesejada.

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Comparação feita pela Mizuno comparando a opacidade de imagem de luz visível e imagens infravermelhas Foto: Divulgação / Mizuno.

Diversos testes rigorosos foram realizados para verificar a eficácia do tecido bloqueador de infravermelho. Resultados demonstraram que o tecido é altamente opaco sob luz visível e infravermelha, oferecendo um alto nível de privacidade e segurança para os atletas em ambientes competitivos. Essa validação técnica reforça a capacidade do produto de atender às demandas específicas do mercado esportivo contemporâneo, onde a proteção contra invasões de privacidade se tornou uma preocupação crescente.

Ao lançar este tecido inovador, a Mizuno não apenas reforça seu compromisso com a inovação tecnológica no esporte, mas também demonstra um compromisso sólido com a ética e a integridade no ambiente esportivo. Proteger os atletas contra fotografias ilícitas não autorizadas não apenas promove um ambiente mais seguro e respeitoso, mas também fortalece a confiança e o bem-estar dos esportistas em suas competições. Esta iniciativa reflete os valores fundamentais da Mizuno de aprimorar mente, corpo e técnica através do esporte, garantindo que seus produtos não apenas melhorem o desempenho atlético, mas também protejam a dignidade pessoal dos atletas.

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A ASICS é a responsável pela fabricação e fornecimento das roupas esportivas oficiais para a equipe japonesa nos Jogos Olímpicos, diferentemente da Mizuno que desenvolveu uniformes específicos para algumas modalidades da equipe japonesa, como vôlei, atletismo e tênis de mesa. Foto: ASICS.

Apesar da Mizuno estar desenvolvendo uniformes específicos para algumas modalidades da equipe japonesa, como vôlei, atletismo e tênis de mesa, a ASICS será a responsável pela fabricação e fornecimento das roupas esportivas oficiais para a equipe japonesa nos Jogos Olímpicos. A ASICS, em parceria com o Comitê Olímpico Japonês (JOC) e a Associação Japonesa de Esportes Paralímpicos e o Comitê Paralímpico Japonês (JPC), fornecerá roupas, calçados, bolsas e outros itens essenciais para a delegação japonesa. Esta colaboração destaca a confiança do JOC e do JPC na qualidade e no desempenho dos produtos da ASICS para representar o Japão nas competições.

A ASICS tem uma longa história de apoio ao esporte japonês e é conhecida por sua tecnologia avançada e design inovador, que proporcionam conforto e desempenho aos atletas. Ao fabricar e fornecer os itens oficiais da equipe japonesa, a ASICS garante que os atletas estejam equipados com o melhor em termos de funcionalidade e estilo. Esta parceria é fundamental para a preparação dos atletas, proporcionando-lhes a confiança e a comodidade necessárias para competir no mais alto nível durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Conclusão

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O tecido bloqueador de infravermelho desenvolvido pela Mizuno representa um marco significativo na proteção e privacidade dos atletas contra invasões de privacidade através de tecnologias de câmera avançadas. Foto: Ben Curtis / AP.

À medida que avançamos para eventos esportivos de escala global, como as Olimpíadas, a necessidade de proteger a privacidade dos atletas contra tecnologias invasivas de imagem se torna crucial. Inovações como o tecido bloqueador de infravermelho da Mizuno representam um passo significativo nessa direção, oferecendo uma camada adicional de segurança em um ambiente onde a integridade pessoal e o foco na competição são primordiais. Essas iniciativas não apenas abordam preocupações reais de segurança e privacidade, mas também definem novos padrões para a proteção dos direitos individuais em eventos esportivos de grande porte.

A luta contra a hipersexualização de atletas e a violação de sua privacidade exige uma abordagem multifacetada, incluindo a conscientização pública, a inovação tecnológica e a aplicação rigorosa das leis. É essencial que todas as partes envolvidas – organizações esportivas, fabricantes de equipamentos, e a sociedade em geral – trabalhem juntas para criar um ambiente mais seguro e respeitoso para os competidores, permitindo que se concentrem em seu desempenho sem medo de assédio ou exposição indesejada.

Veja também:

Fontes: The Verge, Mizuno e Japan Times.

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