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Com especulações em torno do que acontecerá se o TikTok for vendido e as possíveis ramificações desse processo, questões cruciais surgem sobre o impacto que uma mudança de propriedade pode ter não apenas para os usuários da plataforma, mas também para a indústria da tecnologia e a liberdade de expressão. Todo esse processo não apenas alteraria a influência da rede social como num todo, mas também poderia desencadear debates sobre a segurança dos dados dos usuários – o que foi motivo para acarretar a questão – a influência geopolítica e até implicações para a economia digital.
Com a possibilidade de até um banimento nos Estados Unidos, o destino do aplicativo ainda permanece incerto, enquanto os interesses das grandes empresas, os criadores de conteúdo e os usuários individuais estão em jogo. Ainda assim, vale a pena se perguntar sobre o que exatamente poderia mudar a partir dessa venda. Saiba mais sobre isso a seguir:
A possível venda
Com a assinatura da nova legislação nos Estados Unidos, que pressiona a ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, a vender as operações do aplicativo dentro do país ou enfrentar um banimento permanente, o cenário se torna cada vez mais tenso para a empresa chinesa e para potenciais compradores. A principal questão em jogo não é apenas a transferência da marca e conteúdo, mas também a exclusão do tão valorizado algoritmo de recomendação da plataforma.
Não é novidade que é justamente ele que provocou todo o sucesso desde a época da pandemia. Retirá-lo é basicamente danificar o sistema e remover a essência do aplicativo, o que acaba interferindo em todos os usuários como um efeito dominó. No entanto, a ênfase do presidente Joe Biden é que a legislação não busca proibir o aplicativo, mas sim assegurar sua continuidade nos Estados Unidos sob uma nova direção que precisaria ser americana.
Essa não seria a primeira vez que uma mudança relacionada ao TikTok ocorre, afinal a China não hesitou em usar seu poder para bloquear a venda do algoritmo em 2020 com seu uso na Índia. Mas atualmente, a ByteDance mantém uma postura firme, insistindo não ter intenção nenhuma de vender o aplicativo. O governo chinês expressou forte objeção à venda forçada da plataforma e possui poder legal para intervir nesse processo, se for o caso.
Fiquem tranquilos, não vamos a lugar nenhum. Estamos confiantes e continuaremos lutando por seus direitos nos tribunais. Os fatos e a Constituição estão do nosso lado.
Shou Zi Chew, CEO do TikTok
Alguns relatórios da Forbes destacam que mesmo após anos da proibição do TikTok no passado, tanto o aplicativo quanto a empresa ByteDance, ainda possuíam acesso considerável a dados confidenciais de muitos dos 150 milhões de cidadãos indianos que haviam utilizado o aplicativo pelo menos uma vez. Com isso em mente, será mesmo que os Estados Unidos podem atingir seus objetivos? Talvez algumas pressões regulatórias e geopolíticas ainda podem ajudar a fortalecer a posição dos americanos.
Verdade seja dita, apesar da pressão do país sobre questões de segurança nacional, além do histórico de tensões com a China, continua sendo bem incerto se um acordo satisfatório poderá ser alcançado por causa disso. Enquanto o TikTok argumenta que a legislação viola seus direitos constitucionais, o governo dos EUA sustenta que medidas são necessárias para proteger a soberania e os interesses nacionais.
Quem pode comprar o TikTok?
O TikTok se prepara para um embate legal que pode determinar seu futuro no país. A empresa planeja entrar com uma ação judicial buscando uma liminar preliminar para bloquear a implementação da lei, permitindo mais tempo para operar enquanto seu caso contra a constitucionalidade da legislação é analisado. Essa também não seria a primeira vez da ByteDance no contexto de resistência a proibições, uma vez que já conseguiu uma liminar preliminar obtida no estado de Montana no passado.
Vale ressaltar que a União Americana pelas Liberdades Civis já levantou a preocupação de que a proibição ou venda forçada do aplicativo, estabeleceria um padrão perigoso de controle excessivo dos governos sobre as redes sociais, tanto nos Estados Unidos quanto globalmente. No entanto, o eventual interesse público em adquirir o TikTok não passou despercebido, tendo grandes empresas do ramo da tecnologia como Meta, Google e a Microsoft na lista. Veja alguns nomes que também parecem estar de olho na venda:
- Bobby Kotick – Ex-CEO da Activision Blizzard
- Kevin O’Leary – Investidor do Shark Tank
- Steve Mnuchin – Ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos
- Larry Ellison – Cofundador da Oracle em parceria com o Walmart
- Chris Pavlovski – CEO do Rumble
Durante as discussões sobre a venda do TikTok em 2020, autoridades chinesas afirmaram que qualquer acordo precisaria de sua aprovação, destacando a influência geopolítica envolvida. Wang Wenbin, então ministro das Relações Exteriores da China, criticou os Estados Unidos por adotarem medidas “hegemônicas” em vez de competir de forma justa.
A China nunca permitirá que os algoritmos que fazem do TikTok o que ele é – o aplicativo sofisticado que se tornou o mais popular do mundo em apenas dois anos – tenham um novo proprietário não-chinês, o que então anularia completamente o valor do resto. Não há mundo em que isso faça sentido do ponto de vista econômico, e ninguém vai comprar um TikTok nos EUA que não tenha o algoritmo.
Glenn Gerstell, ex-conselheiro geral da Agência de Segurança Nacional
Ainda é muito cedo para se ter uma conclusão exata, especialmente pelo fato de que a ByteDance está bem empenhada em não oficializar a venda. Segundo uma fonte que informou à Reuters, o algoritmo do TikTok é fundamental para as operações gerais e a possibilidade de vender essa informação é muito improvável. Já foi dito que a empresa prefere banir a plataforma dos Estados Unidos a vendê-la.
Efeitos para creators
E para os usuários do aplicativo? Quais seriam as consequências? Afinal, são eles os que mais movimentam a rede social e, acima de tudo, os responsáveis pelo seu sucesso.
Uma vasta base de usuários e, principalmente, criadores de conteúdo, se encontra dedicada em combater a possível proibição nos Estados Unidos, com um milhão de postagens usando hashtags como #tiktokban, #savetiktok e #keeptiktok. O movimento direciona críticas aos legisladores e ameaça retirar votos para a reeleição de Biden. Acontece que, ao mesmo tempo que todo esse caso corre solto, o presidente afirma a ajuda do aplicativo para se promover, o que está sendo devidamente apontado pelos influenciadores digitais como uma grande contradição.
Mas a verdade é que, de maneira geral, a perspectiva de uma potencial proibição ou retirada do algoritmo no aplicativo, está gerando preocupações significativas justamente por conta de vida profissional. Muitos dependem da plataforma, sejam criadores de conteúdo até proprietários de pequenos negócios. Segundo algumas declarações, a rede social tem sido uma fonte constante de novos clientes e projetos, e o seu banimento poderia ter um impacto devastador nos meios de subsistência.
Tenho medo de que proíbam o TikTok porque terei que começar do zero. É meu trabalho em tempo integral. Levei quatro anos para chegar a este nível, com o qual consigo sustentar a mim e a minha família.
Ayman Chaudhary, criadora de conteúdo
A plataforma conta com mais de 170 milhões de usuários, incluindo 7 milhões de empreendedores e proprietários de negócios que a utilizam para promover e manter suas atividades.
Efeitos para usuários
Já as consequências para os usuários de maneira geral, especialmente os mais jovens, que representam uma parte significativa da base de usuários da plataforma, vale destacar as opiniões políticas e ideológicas. Curiosamente, apesar de a rede social ser vista como uma área voltada para o lazer e produção de conteúdo, foi através dela que mudanças ocorreram no contexto social, repercutindo com informações que se disseminaram em diversos aspectos. O TikTok teve grande participação na influência de perspectivas políticas dos usuários durante as épocas de eleição, por exemplo.
O acesso à plataforma como fonte primária de notícias e informações, continua moldando as opiniões de muitas pessoas e isso vem justamente do algoritmo. Se o aplicativo for proibido, por exemplo, uma lacuna na fonte de entretenimento, informação e expressão criativa se abrirá. Isso pode levar a uma busca por outras plataformas para preencher esse vazio, mas também pode resultar na perda de acesso a uma comunidade online bastante globalizada. Isso poderá gerar tumulto pela falta de liberdade de expressão. Para muitos usuários, o TikTok não é apenas uma plataforma de mídia social, mas uma parte integral de sua vida digital e social, e sua proibição teria um impacto significativo.
Veja o Showmetech TRIO
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